Com a proximidade do término do governo Lula e a chegada das eleições, o momento é favorável para fazer um balanço dos programas adotados pela atual gestão. Na área da Cultura, talvez a discussão que mais mereça atenção seja do programa Cultura Viva, que visivelmente influenciou outras políticas públicas do setor (como a reforma da Lei Rouanet) e tem mudado a relação entre agentes culturais e o governo federal.

Em seu recém-lançado Ponto de Cultura – O Brasil de Baixo Para Cima, o ex-Secretário de Cidadania Cultural Célio Turino afirma que o projeto nasceu como contraponto a uma idéia defendida pelo presidente Lula no início do governo. Quando convidado pelo então secretário-executivo do Ministério da Cultura (MinC), Juca Ferreira, para comandar um programa intitulado Bases de Ação Cultural (BACs), Turino afirma não ter gostado da proposta. Tratava-se da implantação de espaços físicos em áreas de vulnerabilidade social das metrópoles. A partir da construção destas bases, a comunidade as ocuparia com atividades diversas de inclusão cultural.

Turino tem razão quando aponta falhas conceituais na idéia original. É um contrassenso imaginar que a cultura seria incentivada em comunidades carentes a partir da construção de edifícios estranhos à realidade local, exigindo das pessoas que se adéqüem a um projeto pensado em outra instância. A partir da reunião com gestores do MinC e ativistas do software livre, ganhou forma uma nova idéia em resposta ao propósito inicial. Inspirado em projetos executados no final da década de 80 em Campinas (SP), formulou-se o programa Cultura Viva, que teria como eixo central a implantação dos Pontos de Cultura.

Estes pontos teriam formato diversificado e seriam selecionados pelo governo a partir de projetos já em execução nas comunidades. Os agentes que trabalham nas mais diversas áreas da cultura seriam reconhecidos pelo governo e passariam a receber recursos para ampliar as atividades de acordo com suas conveniências: recuperar espaços físicos, contratar oficineiros, criar informativos.  Não haveria uma proposta de linguagem: o que uniria as iniciativas seria a diversidade cultural. Eles estruturariam uma rede, em que trocariam experiências e fortaleceriam o programa de governo. A única obrigação seria a compra de equipamentos multimídia para produção cultural em software livre.

Apoiado pelo então ministro Gilberto Gil e pelo presidente Lula, a nova proposta saiu do papel no primeiro edital, em 2004. A transposição do mundo imaginário para o real teve seus preços, e o principal deles foi, sem sombra de dúvida, o da burocracia. Conseguir colocar para funcionar uma estrutura enxuta como a do MinC, com servidores não muito acostumados a lidar com editais voltados aos quatro cantos do País, causou desconforto e indignação para muita gente.

Desconforto porque, mesmo aprovados em edital e com planos de trabalho a cumprir, as verbas nunca chegavam. As comunidades começaram a cobrar e olhar desconfiadas para as associações. Depois da novela das transferências dos recursos, vinha outra: a da prestação de contas. E aí vem a parte da indignação. Os procedimentos são burocráticos e acabam emperrando por causa de detalhes que poderiam ser resolvidos muito mais rápido se houvesse boa vontade. O exemplo clássico é o do Ponto de Cultura que trabalhava com aulas de dança e teve a compra de um relógio de parede de R$ 20 negada na prestação de contas, pois foi feita sob a rubrica “material didático”. A entidade alegou que o relógio era necessário para evitar perda de tempo entre as aulas, mas o imbróglio durou meses para ser resolvido e consumiu na tramitação dos documentos muito mais do que os polêmicos R$ 20.

Por outro lado, a aprovação no edital trouxe vantagens às entidades. Elas passaram a participar de uma série de eventos que estimulam a formação de redes, como as Teias – que tiveram quatro edições durante a gestão Lula. Nestes encontros, além da parte enfadonha dos fóruns intermináveis com discussões sobre a morte da bezerra, há muita possibilidade de diálogo e troca de experiências, visando futuros intercâmbios culturais e profissionais.
Outra questão que dá ânimo às entidades que aprovam projetos são os editais específicos para os Pontos de Cultura. Atualmente, existem nove: Cultura e Saúde, Pontinhos de Cultura, Pontões de Cultura, Mídias Livres, Organização de Eventos (Areté), Articulação em Rede (Tuxáua), Histórias de Vida (Pontos de Valor), Pontos de Memória e Cultura Digital. Estas seleções garantem mais recursos para ampliação das atividades e estimulam o contato entre trabalhos semelhantes pelas diversas regiões do Brasil.

Ao mesmo tempo, porém, que as facilidades propiciam a inclusão de vários agentes culturais, sobretudo aqueles em regiões pouco atendidas por mecanismos como a Lei Rouanet, as Teias e os Editais públicos são também excludentes. Mesmo sendo iniciativas louváveis, elas consideram os pontos de cultura como representantes legitimados da cultura brasileira e deixam de fora os diversos agentes que, por não terem sido selecionados em edital, acabam se tornando “menos legítimos” perante o MinC.

Descentralização

Após a reeleição de Lula em 2006 e o início da segunda gestão, o Cultura Viva entrou em expansão e passou para as rédeas do Mais Cultura, um programa mais abrangente que tem, entre as premissas, a criação do Sistema Nacional de Cultura, a reforma da lei federal de incentivo à cultura e a descentralização das atividades culturais. E foi justamente este último ponto que levou o governo a adotar a estratégia de lançar editais regionalizados, a partir de parcerias com governos municipais e estaduais.

Como exemplo, em Minas Gerais, houve duas iniciativas de regionalização, envolvendo a Prefeitura de Contagem, na região metropolitana da capital, e o Governo de Minas, que lançou edital em dezembro de 2008. O que era para facilitar o processo de conveniamento e prestação de contas acabou gerando novos entraves burocráticos, pois as instâncias locais do poder público não estavam preparadas para atender à demanda, até por que os editais foram ampliados: quarenta selecionados em Goiás, oitenta em Pernambuco, cem em Minas Gerais, trezentos em São Paulo.

Os mesmos problemas enfrentados no início da gestão federal foram sentidos nos processos estaduais. Como em Minas, onde uma barbeiragem da Secretaria de Estado da Cultura (que não ficou sabendo de uma resolução publicada em julho de 2009 impedindo o repasse dos recursos em 2010) adiou o depósito do dinheiro para 2011.  Cada um dos cem projetos aprovados tomará um chá de cadeira de dezenove meses entre a aprovação e o início dos trabalhos.

Esta observação é importante, ainda mais se levarmos em conta a discussão em torno da Lei Rouanet, que foi encaminhada para o Congresso com a proposta de substituir o grosso do mecenato pelos fundos perdidos, eliminando o processo de captação e descentralizando a distribuição dos recursos.  Na Viraminas, enviamos em março de 2009 o projeto do Museu da Oralidade para o edital de Pontos de Cultura. Nos treze meses em que estamos aguardando o repasse do edital, aprovamos e captamos três projetos no mecenato: dois pela Lei Municipal de Divinópolis e um pela Lei Estadual de Minas Gerais.

Os projetos envolvem temas considerado s “incompatíveis” com o padrão do mercado privado: são sobre memória e patrimônio. São ainda voltados para o interior, o que, em tese, complica mais o processo de captação de patrocínio. No entanto, as empresas são mais ágeis e não são afeitas à burocracia. Elas não são santas, mas, em compensação, dão respostas mais precisas e evitam conversar demais para agir de menos.

Não existe dúvida sobre os méritos do ministro Juca Ferreira em sua defesa da mudança na Lei Rouanet. A concentração absurda dos recursos do mecenato vai contra a diversidade cultural brasileira, além do que não faz muito sentido as empresas estamparem suas marcas em projetos que foram patrocinados com 100% de dinheiro público. A discussão colocou o tema do financiamento cultural nas páginas das editorias de cultura dos jornais, uma antiga reivindicação de gestores, já que elas traziam apenas notícias da indústria cultural.

Por outro lado, também é certo que, da maneira como se encontra o MinC, a reforma do incentivo federal à cultura vai corrigir um problema para criar outro à altura. Não dá para conceber esta reforma sem que se pense numa reestruturação da pasta, incluindo-se a PEC 150 (que prevê destinação de 2% do orçamento federal à Cultura), a realização de concursos públicos e a melhoria da relação com os gestores privados. De nada adiantará trocar um mecenato concentrador por fundos burocratizantes que funcionam a passos de tartaruga.

Aos Pontos de Cultura, legítimos ou “ilegítimos”, selecionados ou não em editais públicos, fica a obrigação de cobrar dos candidatos à Presidência um posicionamento em relação ao programa. O que Serra, Dilma e Marina pensam a respeito? Esta será uma resposta tão necessária quanto esclarecimentos sobre a continuidade de outros carros-chefe deste governo, como o Bolsa-Família e a ampliação das Universidades Federais.


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Jornalista e fundador da Viraminas Associação Cultural, em Três Corações (MG).

21Comentários

  • Fred Furtado, 29 de abril de 2010 @ 14:54 Reply

    Enfim, uma matéria que sintetiza e dá visibilidade ao grosso do programa MAIS CULTURA. Apresentado de forma ampla o artigo dá insumos suficientes para tecer reflexões a partir do momento em que chegamos. Distribuição através de Fundos específicos para áreas culturais, evitando o intermediário que segura em suas mãos o financiamento público de mercado. O programa que criou os Pontos de Cultura instaurou algo inédito para a cultura brasileira, devemos reconhecer este mérito. As confusões burocráticas foram imensas, mas acredito que fortalecerão a estrutura do MinC e criarão pressão para aprovação da PEC 150 e sedimentação do Sistema Nacional de Cultura. Cada vez mais a cultura tem que fazer interface com outras áreas sociais e políticas, como já iniciou com os Pontos de Cultura e Saúde, o Escola Viva. A cultura soma e azeita a vida social, estabelece e instrumentaliza a reflexão, a fruição, o entretenimento, relação saudável com meio ambiente. Diminui a sensação de opressão econômica do sistema vigente. Vivemos no melhor dos mundos? Não. Estamos sempre buscando o melhor dos mundos, que vive em nosso imaginário, cada vez numa esquina mais presente, mais próxima. Continuemos. Trabalhemos. Batalhemos. Viver e trabalhar é guerra e festa, sem parar.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 29 de abril de 2010 @ 20:55 Reply

    Serra não tem cacoete para tocar esses projetos. No fundo, Serra acha que, se aproximar do povo, pegará sarna. Ele não gosta do cheiro do povo. Odeia debates e campos abertos. É um homem de cúpula que ultimamente tem se mostrado cada vez mais clandestino. Arrota investimento em educação e manda a sua polícia descer o pau nos professores. tentou Entupir as artérias da II CNC e da Confecom. É um sujeito de cera moldado para servir de espantalho da mídia e os mais ferrenhos neoliberais. Já se declarou contra o mercossul, imagina se vai querer saber de pontos de cultura e etc. Serra é a reprodução da binaridade do próprio Sayad que se comportou como um João Bufão da corte bandeirante. Para eles só existe Pinacoteca, Sala são Paulo e OSESP.

  • Paulo Morais, 29 de abril de 2010 @ 23:22 Reply

    Se tem uma coisa para a qual a burocracia serviu, é para mobilizar os gestores e expor problemas estruturais que o MinC tem para encarar projetos de âmbito nacional. Medidas importantes como zerar o número de municípios sem biblioteca pública no Brasil dependerão de uma reestruturação, que, como dissemos, parte de outras questões, como a PEC 150. Precisamos ter consciência de que a reforma cultural é tão urgente e necessária quanto a agrária, a tributária e política, senão viveremos os mesmos problemas por décadas.

  • gil lopes, 30 de abril de 2010 @ 6:40 Reply

    As marcas da empresas vem acompanhadas da chancela do governo indicando o benefício fiscal, ou seja, depois de concluir seus resultados, auferidos legitimamente, parte deles são reinvestidos em política cultural incentivada, porque não faria sentido exibir sua marca?
    E essa tal concentração absurda dos recursos do mecenato? Há uma política que promova a realização de tournês dos espetáculos? Estimula-se que os produtos culturais gerados no eixo Rio-S. Paulo, que afinal tem maior concentração de tudo no país, circulem pelos estados democratizando assim a “informação” cultural?
    E finalmente, sobretudo, que discussão cultural é essa que não contempla a competição com a presença estrangeira no ambiente? O que é mais potente no âmbito cultural brasileiro que ela? Porque manter o segredo? O que justifica a utilização dos incentivos aos produtos culturais estrangeiros? Qual é a política? Que instrumentos serão disponibilizados para o enfrentamento interno e o fomento da nossa presença cultural no exterior?
    E ainda, porque o país teria que conviver com mudanças radicais nos processos que vem sendo utilizados, porque não atuar renovando e melhorando o que tem sido vivenciado, que tentação é essa de querer reinventar tudo se isso já foi ultrapassado como meio de produção da política? Porque impingir o desgaste? Que necessidade é essa de revolução? Que bagulho é esse?

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 30 de abril de 2010 @ 17:47 Reply

    Aqui vai uma bela análise.(Carta Maior)

    O que alarma [em Serra], porém, é a absoluta falta de uma visão política, de uma mirada estratégica sobre o papel do Brasil na região e no mundo. Se algo paradoxalmente caracterizou o Brasil durante muitas décadas foi ter uma das melhores chancelarias do mundo, o Itamaraty, e a falta de uma estratégia global. Na realidade, não era um problema profissional, era político, o que faltava era um Projeto Nacional. O maior aporte que Luis Inácio “Lula” da Silva realizou não foi a luta contra a pobreza, mas inscrever essa luta num projeto nacional de desenvolvimento que tinha obrigatoriamente uma estratégia regional e internacional. E é esse olhar que falta a Serra em suas afirmações e inclusive em suas retificações…

    (Esteban Valenti, diretor agência uruguaia UyPress; leia nesta pág; 30-04)

  • Paulo Morais, 1 de maio de 2010 @ 11:30 Reply

    Olha, Gil, se a logomarca das empresas vem lado a lado com a do governo, significaria, em tese, que há ali uma parceria. Só que, no entanto, o que existe é uma parceria unilateral, pois só o governo está pagando. As empresas dão o dinheiro que não são delas, para fazerem propagandas. Se houvesse uma contrapartida, que seja de 20% do valor incentivado, seria outra história. Mas, da maneira como é colocado o benefício, eu realmente não concordo.

    Quanto ao seu questionamento sobre a necessidade de reforma cultural, acho que temos sim que debater os processos e as práticas que estão acontecendo e tentar modificá-las, sim. A Lei Rouanet vai completar 20 anos e é natural que, durante todo esse tempo, tenha havido muitas transformações no mercado. Passaram-se quatro governos (Collor, Itamar, FHC e Lula) e o mundo virou de cabeça pra baixo com a revolução da internet. Nesse contexto, não há espaços para reacionarismos.

    Temos que lutar pela PEC 150, pela dinamização da burocracia estatal, pela realização de concursos públicos para a cultura, pelo Sistema Nacional de Cultura, pela criação dos indicadores culturais. Enfim, o mundo de hoje é mais complexo que o de 20 anos e exige uma legislação à altura.

    Um abraço!

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 1 de maio de 2010 @ 14:39 Reply

    Sem duvida Paulo, a PEC 150 é nossa maior urgencia!
    Esta deve ser a grande luta do setor cultural.

  • gil lopes, 2 de maio de 2010 @ 1:54 Reply

    Beleza Paulo, vc não menciona o que julgo de maior importância, mas vamos assim…na minha observação o que as empresas transferem é resultado delas também uma vez que é uma parcela do lucro auferido, foi preciso ter lucro, ou seja, foi preciso investimento e gestão para chegar ao lucro e deste a sociedade decidiu que parte pode ser transferido para a cultura. Então como não é dinheiro das empresas? Na origem é, o governo taxa e abre mão de parte. Não me parece ilegítimo, muito pelo contrário, a marca da empresa e do governo, juntas.
    20 anos pode parecer muita coisa para os jovens, o mundo é velho, temos que dar aos jovens um país equilibrado e sem sustos, com normas antigas e bem aplicadas, é bom que seja assim, as regras no futebol são bem mais antigas e nem por isso. Pirotecnias e revoluções à parte, vamos melhorar a gestão, trabalhar sobre o que temos, vamos devagar e sempre, o país já se esgotou de planos e reformas estruturais, estamos muito bem, vamos melhorando, bolinha rente a relva. Se não há espaço para reacionarismos? Quem dera…

  • Kluk Neto, 2 de maio de 2010 @ 21:33 Reply

    Gostaria de fazer uma observação sobre um ponto que coloca no seu artigo.
    Refere-se à questão do uso do logo das empresas que como se diz , colocam indevidamente a sua marca em projetos financiados 100% com dinheiro público.
    Esse raciocínio esquece de observar que o dinheiro do Mecenato na sua essência é o dinheiro da chamada “renuncia fiscal”. Quando ocorre a renúncia fiscal, o governo permite que a riqueza que é da própria empresa deixe de ser taxada para ser direcionada para a cultura. Por esta ótica, devemos entender que o financiamento à cultura sempre é feito pelo setor privado e não pelo governo. O governo não gera riquezas, só as arrecada. Em última instância, até mesmo o dinheiro que financia os fundos diretos administrados pelo governo como o dos Pontos de Cultura origina-se na produção de riquezas que vem do setor privado. Essa discussão que no fundo é ideológica tem turvado e tornado maniqueísta a discussão acerca do Mecenato. A paranóia dos ideólogos “estatistas” é tanta, que alem do logo das empresas patrocinadoras, os produtores culturais tem que colocar o logo da lei de incentivo à cultura federal + o logo do Brasil Um Pais de Todos e até a bandeira nacional.
    Observemos que, para o artista que precisa de recursos, pode tanto fazer o logotipo que ali está. Para ele o que importa é a sua arte e o seu ganha pão. Já para a empresa, pode tanto fazer pagar imposto ou patrocinar um projeto cultural pois ela não vive disso. Enquanto se discute a “mesquinharia do logotipo”, o que se prejudica é a atividade cultural.
    Ainda mais quando o ideário estatizante dos atuais gestores federais da cultura ataca o mecenato da lei rouanet de todas as formas no projeto do Procultura, que ao contrario do que se prega, não se trata de uma boa reforma da Lei rouanet,mas a completa mutilação do sistema de financiamento federal da cultura.
    A mesma visão estatista, permeia todo o projeto e a tendência é que as dificuldades administrativas e burocráticas que vc bem expõe no seu artigo se espalhem por todo o sistema.

  • Kluk Neto, 2 de maio de 2010 @ 21:33 Reply

    Paulo,
    Seu artigo expõe pontos importantes sobre os problemas que a atual gestão do MinC tem em administrar o sistema de financiamento à cultura.
    São problemas que aparecem tanto na administração dos mecanismos que estavam a disposição antes da gestão Gil/Juca Ferreira (Lei Rouanet) quanto dos mecanismos que o próprio governo atual criou. Mais Cultura / Pontos de Cultura.
    O caso do Ponto de Cultura , que nos treze meses em que aguardava o repasse do edital federal, aprovou e captou três projetos no mecenato: dois pela Lei Municipal de Divinópolis e um pela Lei Estadual de Minas Gerais, demonstra claramente que a deficiência de gestão no Ministério da Cultura é o grande problema no sistema federal de financiamento.
    No seu artigo você diz: “De nada adiantará trocar um mecenato concentrador por fundos burocratizantes que funcionam a passos de tartaruga.”
    Não creio que devamos aceitar essa dualidade. O Mecenato e o financiamento direto dos governos não devem ser mutuamente excludentes. É desejável que o setor cultural lute por ter os dois funcionando de forma excelente.

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 3 de maio de 2010 @ 1:46 Reply

    Paulo
    Estamos nós aqui novamente tentando entender esse emaranhado de questões. Vamos primeiro aos baixos níveis técnicos do marketing cultural. É reveladora a tendência crescente de empobrecimento do vonteúdo humano nas realizações organizadas pelas típicas do marketing cultural. Uma espécie de urbanização cultural que não produz outros objetivos que não uma massa de valores equivocados sobre cultura e seus clientes ainda não se deram conta de que isso mais desvaloriza que valoriza as logomarcas.

    O capital organizacional vindo desse palavrório velocista do mercado é certamente fruto da cultura de massas que de antecipação já aparecem envelhecidos social e culturalmente. As premissas de emergência são típicas da vocação da economia de massa. A tentativa de adaptar isso a um movimento novo e permanente na economia cultural já deu com os burros n’água.

    Quanto à questão dos impostos, ele funcionam com uma integração orgânica assustadora e só se manifestam negativamente no bolso do trabalhador. Nesse intercurso tributário não há qualquer centavo colocado pelo empresariado em solidariedade ao país, muito menos à cultura. A simbologia de que empresário paga impostos é uma descarada mentira. Não há limitação para lucros, não devemos esquecer disso, Kluk. E aí, por incrível que pareça, os impostos são utilizados de forma duplicada para a fluidez potencial dos lucros, sem falarmos, lógico, na impostura ideológica que o neoliberalismo trouxe de também lucrar, através da supressão e das mais modernas técnicas de achatamento salarial, a absoluta falta de civilidade da lucraticidade. Este argumento serve somente, e há muito, para a não obediência fiscal do nosso empresariado. Aliás, é imperativo entre as grandes empresas arrecadar da sociedade os impostos e sonegar. Tudo isso acaba por se transformar em mais uma técnica de exercício de competitividade empresarial. Dizer que empresário paga impostos, Kluk, não dá nem com a força do imaginário.

    É dessas pirotecnias que tanto reclamo, do império dos tecnocratas da cultura. Parecem mesmo que têm como primeiro passo de suas operações produzir informação distorcida. O que mais estamos vendo, sobretudo nessas eleições, é a grande mídia que se defende como pode nos millenium’s da vida seu direito de deturpação para fazer de Serra o novo Collor.

  • gil lopes, 3 de maio de 2010 @ 9:36 Reply

    Prezado Kluk, verifiquei num comentário antigo que vc publicou as estatísticas de utilização da lei, o que foi saudado e motivo de intensos comentários a respeito. Seria muito interessante saber como andam as coisas à luz daqueles números. Vc poderia nos atualizar?
    Pra não perder viagem e azeitar a máquina devo discordar do Carlão que imagina um setor cultural nos grandes centros do Brasil, de maior concentração e produção de riqueza, atuando sem o apoio do Estado, no caso das leis de incentivo. Fazendo coro com a política foquista que imagina um país pelos cantos, ele vaticina para a indústria cultural nativa a solidão na competição com o que faz pelo mundo afora e que, evidente, desembarca aqui ( muitas vezes gozando de privilégios). A indústria cultural, só ela tadinha, solitária com suas flechas tentando espaço num ambiente armado até os dentes, seria a debacle ao quadrado. Se já estamos na lona, imagina…imagina onde é que podemos parar…observemos por exemplo onde foi parar a música brasileira, sua pujante produção e riqueza…francamente. Kluk, por favor, vamos retomar o tema?

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 3 de maio de 2010 @ 9:40 Reply

    “Observemos que, para o artista que precisa de recursos, pode tanto fazer o logotipo que ali está. Para ele o que importa é a sua arte e o seu ganha pão. Já para a empresa, pode tanto fazer pagar imposto ou patrocinar um projeto cultural pois ela não vive disso. Enquanto se discute a “mesquinharia do logotipo”, o que se prejudica é a atividade cultural”.(kluk Neto).

    Como você foi genérico com as suas observações, Kluk, desculpo-me com os leitores por ter que fracionar, mas farei isso todas as vezes em que a linha do debate me convocar. O contexto acima em que você coloca o artista, não só o desvaloriza ou o mercenariza, faz pior, coloca palavras na boca das pessoas. E aí, julgo-me no dever de rechaçar esta sua perigosa afirmação.

    Não é assim que a banda toca, Kluk. A imensa maioria dos meus colegas de profissão jamais partilharia desse pensamento. Você está jigando artistas na vala comum do mercenarismo, como se nós colocássemos um dinheiro no bolso, déssemos a sacudidela no ombro e acionasse o “quesefoda” no automático. Não, Kluk, eu jamais colocaria a logomarca de um banco privado em meu trabalho, com ou sem lei, ou mesmo qualquer empresa que traga malefícios à sociedade. Isso posso, pela liberdade que a democracia nos permite, individualizar-me e, por questão de foro íntimo, jamais usaria a minha arte pra servir de esteio para quem eu tenho plena consciência de produzir enormes estragos para a vida coletiva de um país. Então, modere os seus conceitos. A cultura não e um balaio de gatos ou uma arca de Noé que o bom velhinho que salva as espécies irracionais seja um banqueiro come-lucros.

    Outro detalhe, você usa uma série de clichês, paranóia dos ideólogos, bandeira nacional e ideário estatizante. Toda esta salada conservadora encontrada no vocabulário dos privatistas brasileiros, foi usada para vilipendiar o patrimônio público. Ao invés de você produzir um monte de espumas e bolinhas com um canudinho, apresente aqui exemplos em que o mercado ergueu qualquer estrutura de base industrial nas muitas atividades econômicas do país. Você trata da infrestrutura, que é a maior necessidade da cultura, como um camelódromo, um salve-se quem puder, com uma irresponsabilidade otimizada já que os recursos são públicos. Repito, o mercado de cultura me faz lembrar e muito o escravocrata, ainde tinha a crueldade docial e humana debaixo de um xicote, as sesmarias distribuidas às oligarquias e a incompetência do baronato que, com todas as vantagens, ainda quebrou. Lógico, depois de ter açoriado a terra causando um enorme impacto ambiental. É isso, Kluk, que se vê reproduzido nesse emaranhado que é a Lei Rouanet.

    Outro detalhe, a tecnicalidade é o grande guarda-chuva sofismático dos corporatocratas da cultura. Em última análise, tente pelo menos considera que o império das técnicas é apenas um conjunto de recursos totalitários, inventados em decorrência da relação compartimentada que caracteriza impunimente essa roubalheira com êxito que a técnica contemporânea de arte instituiu, acentuando a porosidade nas fronteiras e criando o sistema transgressor para realçar o papel dos “intelectuais da tecnicalidade cultural” e nos apresentar a imagem de um projeto hegemônico e limitado em qualquer dinâmica, seja na esfera político/administrativa, seja na negligência ética.

    Podemos claramente dizer que a Lei Rouanet é um tipo de tecnologia eficaz para dar cabo do dinheiro público em prol de uma produção irracional de discurso barato carregado de confetes.

    Não me venha utilizar o clichê de que, ser ético com a arte brasileira é um surto de verdeamarelismo patriótico! Sobretudo quando os limites da fronteira da captação são bem delineados, a não ser que o passaporte multinacional dos nossos plutocratas tenha validade nas receitas públicas da eterna Europa protecionista, assim como os EUA. Acho todo esse discurso que você joga, como quem assovia uma ciranda, uma perigosa irresponsabilidade.

    Kluk, entenda que, para se ter uma consciência universal, precisamos primeiro construir a local e ajudar a inseri-la, em imagem e som, no novo diálogo nas relações do poder global.

    Abraços e vamos em frente.

  • Caito Marcondes, 3 de maio de 2010 @ 11:59 Reply

    Caros amigos, devo concordar com o Paulo quando se manifesta contra a exposição do logo da empresa “patrocinadora” por uma razão muito simples:ao empregar parte dos impostos em incentivo à cultura, a empresa beneficia-se duas vezes, pois tem seu nome ligado a um produto cultural, o que é um reforço enorme à sua marca e tem ainda a mídia gratuita quando da divulgação do evento. Pois bem, o que ocorre é que todas as empresas ao analisarem propostas de artistas com aprovação na Lei Rouanet, acabam por se decidirem exatamente por aqueles que menos incentivo necessitam, por serem já famosos e que portanto gerarão muito mais mídia e terão um apelo de massa já conquistado anteriormente. Ora, se estamos falando em incentivo, entendemos que o beneficiado deve ser o artista jovem e desconhecido com trabalho ainda inedito ou o artista veterano cujo trabalho, apesar de qualidade e importancia comprovada, não tem, pela caracteristica da sua criação, um apelo de mídia grandioso, mas que é de igual importancia dentro de uma cultura plural como a nossa. Isso explica inclusive o absurdo de uma industria de entretenimento como o Cirque de Soleil, ter sido agraciado com beneficios fiscais.
    Abraços a todos.
    Caito Marcondes

  • Inayara Samuel, 3 de maio de 2010 @ 18:10 Reply

    A definição de intelectuais e do estado a cerca do que vem a ser o pensamento político do brasileiro excluí o povo brasileiro, o que sempre se considerou como consciencia social foi com base em ações e manifestações culturais a partadas de uma possivel influência e ou transformaçõa política, essas ações como parte do processo histórico do povo brasileiro, são tomadas agora pelo governo não apenas como eclosão de uma cultura pitoresca popular(num apoio patriarcal,nacionalista) mas como braço de uma ação consciente e política na administração, desenvolvimento e manteneção dessas manifestações por quem a produz, partindo do fato de que caminhamos por um sistema capitalista democratico no qual tanto o Estado quanto as empressas basean-se em um tal chamado “Capital Social” a idéia de como o proprio Turino coloca_Gestão Compartilhada, nos traz de fato novos parametros, mais realistas e possivelmente efetivos justamente para se compater o maior”inimigo” dentro do já citado sistema democratico, a burocracia.A Gestão compartilhada obiviamente pressupoe o não impedimento burocratico daquele que produz a cultura e agora é possuidor dos meios de produção e da “formação de publico”.

    Trata-se de contestar o privado da cultura, sua condição de privilégio natural de ‘bem-dotados'(…)É a noção de competências que torna possivél a imagem da comunicação e da informação como espaço de opionião publica, imagem aparentemente democratica pois ao fazer do publico espaço da opinião, essa imagem destroí a possibilidade de levar o saber a condição de coisa pública,isto é, de direito a sua produção por parte de TODOS.(Marilena Chauí)

  • Kluk Neto, 4 de maio de 2010 @ 0:22 Reply

    Caro Carlos Henrique,
    Se você diz que muitos dos seus colegas não aceitariam colocar o logo de uma empresa que na sua visão “supostamente” prejudica a sociedade, considere que há uma imensa massa de artistas que não pensa como você e está sim aceitando colocar o logo de patrocinadores. Será que a arte deles é pior do que a de vocês ?
    Será que o Grupo Corpo de dança ou o Instituto Bacarelli que mantém a Sinfônica de Heliópolis se envergonham de estampar o logo da Petrobrás ? Será que todos os artistas que se beneficiaram dos editais do Natura Musical ou os desconhecidos que participaram do programa Rumos do Itaú Cultural se envergonham de ter sua arte atrelada à um logotipo ?
    A Gerdau financiou com Lei Rouanet a construção da Sede da Fundação Iberê Camargo e o Museu do Aleijadinho em Congonhas do Campo.
    Acho que muitos artistas não concordam com você, por que não consideram que essas empresas só fazem mal à sociedade. A Petrobrás já derramou óleo no mar e com certeza alguns empregos foram perdidos quando algum empresário endividado com o banco faliu. Mas com certeza as empresas também geram riquezas, empregos e tem uma razão social. A Petrobrás fornece combustível para o transporte que usamos .O banco media a alocação de recursos, viabiliza negócios que geram empregos, e inclusive ajuda a financiar a máquina pública federal através da rolagem dos títulos do tesouro. Mas se tudo for uma representação do malfadado neoliberalismo, aí fica difícil conversar.
    Respondendo ao Gil Lopes:
    Recordando:
    Naquela ocasião, analisei os números do Mecenato da Rouanet do ano de 2007 para verificar se era verdadeira a tese de que a Rouanet só financiava musicais caros em São Paulo, peças de teatro de artistas globais , Cirque Du Soleil e afins e turnês de músicos famosos que foi o que contribuiu para minar a imagem da Lei.
    Encontrei uma realidade muito diferente desta que é o senso comum. Analisando o perfil dos projetos que captaram acima de R$ 1 milhão, e que representavam 40% do patrocínio naquele ano, descobri que a grande concentração de recursos, no sudeste em particular , se dá no sustento de grandes Centros Culturais, Museus, financiamento de Orquestras e Obras de Restauro e Construção. O tão criticado show bizz dos musicais e peças de teatro receberam menos do que festas populares como o carnaval de Salvador e Recife. É bem improvável que o cenário tenha mudado. Tento colocar a tabela novamente no final deste post (não sei se dá).
    Depois do artigo foram feitos outros estudos que procuraram demonstrar que é preciso tomar cuidado quando se analisam os números mágicos que o Minc gosta de usar como justificativa para atacar o Mecenato. Quais sejam o de que 3% dos proponentes ficam com 50% dos recursos e de que 80% dos recursos do Mecenato se concentram no Sudeste.
    O problema é que neste bolo, o Minc compara um Itaú Cultural e uma Associação Amigos da Funarte que captam milhões, com um proponente que quer fazer um livro de 70 mil reais.
    Então mistura jaca com jabuticaba. Eu tenho certeza que uma jaca mata mais a fome do que uma jabuticaba.
    Os grandes projetos nascem nos grandes centros urbanos por natureza. Paris concentra 70% da verba de Cultura da França. Então essa concentração é menos despropositada do que quer fazer crer o Ministério da Cultura. A concentração no Sudeste segue exatamente a proporção de arrecadação de imposto pessoa jurídica tributada com base no lucro real (grandes empresas) que é o duto que alimenta o mecenato da Lei rouanet. Então, para desconcentrar poderíamos pleitear que empresas menores pudessem também abater imposto para financiar produções menores e em regiões que hoje o Mecenato não alcança.
    E o pior de tudo é a tese de que os fundos do governo são a solução para a desconcentração.Não são. É só observar que de 2002 à 2007 o Rio recebeu 26% dos recursos do FNC, diretamente administrados pelo MinC. Ou seja ¼ da verba foi direcionada à apenas um estado. O Sudeste recebeu 51%. Então o problema, não é só com os diretores de marketing das empresas, mas tem origem na oferta de projetos que é menor nas outras regiões. Não acredito que essa concentração será resolvida com essa mudança que se propõe no Procultura.
    O projeto que se diz uma reforma da Lei Rouanet é cheio de armadilhas. Por exemplo, o Fundo Nacional da Cultura no projeto do Procultura passa a ser subdividido em vários fundos setoriais para dar a impressão de que todas as áreas e artes serão atendidas, como se fosse necessário mudar a legislação para atendê-las. Isso poderia ter sido feito com medidas administrativas apenas.
    Empresto um trecho de um excelente artigo da Alessandra Drumond já publicado aqui no cultura e Mercado para reforçar que também seriam com medidas administrativas que o MinC poderia corrigir a maioria das distorções que ele atribui à legislação. Muito seria feito se a gestão se pautasse em fazer com que a Cnic aprovasse os projetos “…nos termos da legislação atual, que no artigo 1º da Lei Rouanet, estabelece as finalidades do Pronac:
    I – contribuir para facilitar, a todos, os meios para o livre acesso às fontes da cultura e o pleno exercício dos direitos culturais;
    II – promover e estimular a regionalização da produção cultural e artística brasileira, com valorização de recursos humanos e conteúdos locais;
    III – apoiar, valorizar e difundir o conjunto das manifestações culturais e seus respectivos criadores;
    IV – proteger as expressões culturais dos grupos formadores da sociedade brasileira e responsáveis pelo pluralismo da cultura nacional;
    V – salvaguardar a sobrevivência e o florescimento dos modos de criar, fazer e viver da sociedade brasileira;
    VI – preservar os bens materiais e imateriais do patrimônio cultural e histórico brasileiro;
    VII – desenvolver a consciência internacional e o respeito aos valores culturais de outros povos ou nações;
    VIII – estimular a produção e difusão de bens culturais de valor universal, formadores e informadores de conhecimento, cultura e memória;
    IX – priorizar o produto cultural originário do País.
    A necessidade de se observar tais finalidades são reforçadas pelo art. 18 da Lei que, ao abrir o capítulo que regula o Mecenato, expressa: “Com o objetivo de incentivar as atividades culturais, a União facultará às pessoas físicas ou jurídicas a opção pela aplicação de parcelas do Imposto sobre a Renda, a título de doações ou patrocínios, (…) desde que os projetos atendam aos critérios estabelecidos no art. 1o desta Lei”
    Estudo feito em 2007

    ZOOM NOS PROJETOS COM CAPTAÇÃO ACIMA DE R$ 1 MILHÃO

    Categoria /Valor R$ / % do captado em 2007

    Construção /Restauro 58.105.124,02 6,40%
    Orquestra 32.859.441,29 3,60%
    Museu 31.783.007,74 3,50%
    Centro Cultural 31.382.931,50 3,40%
    Concertos Orquestra 26.629.161,91 2,90%
    Exposição 20.754.089,40 2,30%
    Exposição Itinerante 18.280.784,10 2,00%
    Manifestações Populares 15.880.879,19 1,70%
    Oficinas / Formação 15.696.435,91 1,70%
    Show Bizz Música 13.832.048,94 1,50%
    Temporada Teatro 11.843.787,43 1,30%
    Temporada Música Popular 9.110.260,00 1,00%
    Temporada Música 7.527.985,00 0,80%
    Formação de Acervo Museus 7.482.139,65 0,80%
    Casas de Cultura 5.323.232,34 0,60%
    Temporada Música Instrumental 5.172.697,48 0,60%
    Outros 5.122.934,52 0,60%
    Festival de Cinema 4.425.000,00 0,50%
    Prêmios 3.900.000,00 0,40%
    Publicação 3.830.471,00 0,40%
    Seminários 3.660.000,00 0,40%
    Exibição Cinema 3.533.930,28 0,40%
    Temporada Circo 3.390.000,00 0,40%
    Festival de Música 3.182.643,85 0,30%
    Temporada Dança 3.158.000,00 0,30%
    Exibição Itinerante Cinema 2.588.000,00 0,30%
    Festivais de Música em todo o país 2.582.480,00 0,30%
    Manutenção Companhia 2.542.250,00 0,30%
    Outros Música 2.521.640,00 0,30%
    TV Cultura 2.423.120,00 0,30%
    Temporada Música Itinerante 2.000.642,13 0,20%
    Livros para Cegos 1.328.794,55 0,10%
    Arvore de Natal Evento 1.312.800,00 0,10%
    Edição de Livro 1.165.000,00 0,10%
    Preservação/ Restauração 1.155.031,73 0,10%
    Obra Permanente Artes Plasticas 1.150.000,00 0,10%
    Documentários 1.119.996,72 0,10%
    Temporada Multi artes 1.102.605,00 0,10%
    Temporada Teatro Oficinas / Formação 1.079.900,00 0,10%
    Festival Teatro 1.032.710,27 0,10%
    Total dos projetos > R$ 1 milhão 370.971.955,95 40,80%

  • gil lopes, 4 de maio de 2010 @ 1:28 Reply

    Carlão, tá certo que vc não use banco, prefira guardar debaixo do colchão, mas querer agora demonizá-los é pior que jogar para a torcida, é clamar em vão, perdeu Carlão, pergunte ao sindicato dos bancários o que eles acham? E não se esqueça que a Caixa também é banco. Qualé Carlão, deixa de bronca inútil, não vai tocar se tiver neon de banco por perto? Então vai tocar no banheiro companheiro porq banco tem em toda esquina, amém. No colchão pega fogo, tem o ladrão, a inflação come, o banco dá o crédito para comprar a geladeira, se liga, chega dessa história de Pelourinho, tem sempre que colocar alguém lá, agora é a vez dos bancos. Outras vezes são os intermediários, os empresários, os ricos, os intelectuais, os filhinhos de papai, deixa de coisa, é tudo povo de Deus, o buraco é mais embaixo e todo mundo é um montão de gente, não tem mais essa dos coitadinhos não. É evidente que o Kluk está correto, ao artista pouco importa a logo que o patrocina, ela é sempre bem vinda. A arte quer se mostrar e pronto. Não significa que o Comando Vermelho seja um bom patrocinador, mas vamos com calma, siga o exemplo do Joatan, tem alguma coisa contra o banco, entra na justiça contra ele. Maledizer agora as empresas? Ao contrário, trazê-las pela orelha para o mercado, pelos cabelos, cadê? As empresas tem que aparecer com o dinheiro para a cultura, chega de boicote. E a seleção do que vai ser beneficiado é do Minc, ele que faça a sua parte e indique, analise e indique o que deve ser patrocinado. Um pouco mais de dirigismo e ponto. Deixa quebrar o pau. A escolha da empresas é delas, e pronto. O minc já fez o seu serviço, agora elas que escolham pelo critério que lhes aprouver. O resto o governo faz, tem os fundos para isso, fomentar o que sobrou, o que passou mas precisa ser feito. Não é tão difícil assim não, complicam pra mistificar, pra justificar a briga, que é política isso sim. E tem pouca representatividade, é muito nanico dando pitaco. Seria bom um ministro do PT, do PSDB, comprometido.
    E nada justifica no Brasil, esse gigante, incentivo para produto cultural estrangeiro. Isso sim é um escárnio, é uma vergonha.

  • Regina Barbosa, 4 de maio de 2010 @ 7:42 Reply

    NO Cultura Viva, houve idealismo, muitas imperfeições e inúmeras interações. Os Pontos de Cultura aconteceram num mar de contradições e imperfeições. Espaços e tempos de demonstração da surpreendente diversidade cultural e da enorme dificuldade da máquina estatal em lidar com a cultura do país. O grande mérito deste programa é que ousou fazer ação cultural descentralizadora. Faz-se muito necessário mudanças para ampliar estes mecanismos e também corrigir as distorções. Agora pode haver muita dor de cabeça, se tivermos que lidar com um Governo que venha jogar um balde de água fria nisso tudo.

  • Paulo Morais, 4 de maio de 2010 @ 11:41 Reply

    Olá Regina, finalmente uma mulher para entrar na discussão e colocá-la um pouco nos eixos. Acho que, além do mérito de ser uma ação descentralizadora, o Cultura Viva tem como grande acerto o conceito de rede. Muitas vezes, nos vemos de mãos atadas diante das burocracias estatais que encontramos em editais e fundos públicos, mas não conseguimos agir porque ficamos isolados. Com a rede do Cultura Viva, nos organizamos para encontrar saídas, cobrar o funcionamento da própria política cultural e ainda realizar intercâmbios e discutir estratégias para avançar em conjunto. É isso que acredito ser a principal razão de ser do Cultura Viva e o motivo pelo qual devemos questionar os presidenciáveis a respeito dos próximos quatro anos.

  • Zezito de Oliveira, 5 de maio de 2010 @ 10:04 Reply

    Paulo,
    A propósito do que você escreveu, importa saber mesmo, é como Serra, que têm cargos no executivo, trata a questão cultural, sobretudo a questão do acesso. Por isso, é bom o fato dele já ter mandato e poder, com ações, que em última análise é o que importa, mostrar como a questão cultural será tratada, caso venha a ser o vencedor das eleições. Neste sentido, gostaria que cultura e mercado convidasse especialistas em politicas públicas de cultura, para escrever sobre o que está acontecendo em São Paulo, com relação a essa questão, bem como em outros governos do PSDB, caso de MG e RS.
    Quanto a Marina, pode-se investigar a atuação dela com relação a estas questões no campo parlamentar. Também algumas prefeituras ligadas ao PV podem servir como referência.

    Outra sugestão, é que pesquisadores acadêmicos se debrucem sobre pesquisas de impacto cultural e social, referente aos Pontos de Cultura e que divulguem os resultados. Essa proposta vale para outros programas do Ministério da Cultura.

  • Paulo Morais, 6 de maio de 2010 @ 0:20 Reply

    Olá Zezito,

    Muito bem colocada sua opinião. Em Minas temos uma gestão cultural razoável, com o Fundo Estadual de Cultura sendo a principal novidade do mandato e o ICMS cultural como política para o setor público (prefeituras). O grande problema do governo do PSDB está sendo, realmente, o lamentável descaso com os pontos de cultura no processo de conveniamento.

    A prioridade dos oito anos de Aécio foi, segundo a versão oficial, a interiorização da cultura. Na prática, a entrada dos pontos de cultura poderia ser a ferramenta certa para consolidar esta opção, já que envolve 77 cidades. Só que as barbeiragens no processo de conveniamento queimaram o filme do governo e expuseram os problemas de que estamos falando no texto: falta de profissionais, servidores desqualificados, desinformação dentro da estrutura do governo, incompetência. Ficar sem saber sobre uma resolução do TSE durante nove meses é de uma incompetência impressionante! Se o PSDB depender de alguma coisa dos atuais ocupantes da Secretaria Estadual de Cultura de MG, está lascado!

    Acho importante também o pessoal de SP falar sobre a gestão da cultura no governo do Serra.

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