Criada em 1998 com o objetivo de contribuir para o intercâmbio cultural entre os povos do continente, a Capital Americana da Cultura já teve sede em 16 cidades, sendo quatro brasileiras – Maceió (2002), Curitiba (2003), Brasília (2008) e São Luís (2012). A iniciativa é membro do Bureau Internacional de Capitais Culturais e tem o respaldo da Organização dos Estados Americanos (OEA) e reconhecimento dos parlamentos latino-americano e europeu.
Em 2015, pela primeira vez a Capital estará em diversas cidades de um único país: Porto Rico. A ideia é formar uma rede. “Toda a lógica é afetar positivamente as cidades, a cultura e a economia de Porto Rico”, conta Ana Carla Fonseca Reis, consultora do projeto, que estará no Cemec dias 3 e 4 de maio para o curso Cidades Criativas, assinado por Cultura e Mercado (clique aqui para saber mais).
Conversamos por email com Carlos Soutto, diretor de Mayagüez – Porto Rico Capital Americana da Cultura. Confira abaixo:
Cultura e Mercado – Por que decidiram distribuir o projeto por mais de uma cidade?
Carlos Soutto – Porto Rico é uma ilha com grande diversidade cultural e na qual cada região apresenta singularidades muito complementares às das outras. Quando a cidade de Mayagüez foi definida como a próxima sede da Capital Americana de Cultura, pareceu-nos uma oportunidade imperdível expandir a organização do projeto para outras cidades, de modo a reforçar sua articulação em rede, favorecer o conjunto da cultura do país e oferecer uma experiência ainda mais rica aos visitantes do projeto.
CeM – Como acontece a definição dos territórios participantes?
CS – Optamos por definir três cidades culturalmente complementares, geograficamente distribuídas e irradiadoras de influência como bases do projeto: Mayagüez, Ponce e San Juan. Porém, teremos no programa vários projetos que contemplarão toda a ilha – de um portal colaborativo para a participação cidadã a atividades itinerantes.
CeM – O que acontece nos locais escolhidos e durante quanto tempo?
CS – Porto Rico sediará a Capital Americana de Cultura entre 1 de janeiro de 31 de dezembro de 2015, mas já demos início a atividades preparatórias. Dentre elas, houve a realização de um debate sobre economia criativa, em março, e organizaremos um Fórum Internacional de Economia Criativa, até setembro. O programa de 2015 está em elaboração, mas temos certeza que nossos amigos do Brasil não se decepcionarão.
CeM – É possível indicar exemplos do que de mais interessante ficou para as cidades que foram capitais da cultura?
CS – Fizemos uma vasta pesquisa abrangendo as cidades que já tiveram a oportunidade de sediar o projeto. Na nossa avaliação os resultados foram muito variáveis, sob os mais diversos critérios – qualidade de programação, capacidade de divulgar a cultura nacional para outros países, excelência do modelo de gestão e, sobretudo, o êxito em deixar um legado para o fortalecimento da cultura e das relações entre cultura, economia e turismo, na cidade e no país.
CeM – O que há de novidade para 2015, além da distribuição territorial?
CS – Porto Rico é um país muito peculiar, já que é latino-americano em sua cultura, sua história, sua língua e sua alma, ao mesmo tempo em que é um Estado Associado aos Estados Unidos. Ou seja, Porto Rico é a ponte entre a América Latina e os Estados Unidos, a conexão promotora de diálogo entre essas duas regiões, economias e territórios culturais. Esse posicionamento único de diversidade interna e respeito por outras culturas se reflete desde a gestão do processo (temos um pequeno comitê de peritos internacionais, incluindo a brasileira Ana Carla Fonseca) até a escolha da programação.