Conteúdos exclusivos para a internet com qualidade de televisão, mas com mais liberdade criativa, são tendência no mercado brasileiro, de acordo com reportagem deste domingo (28/10) do jornal Folha de S. Paulo.
E as produções, ao contrário do que muitos podem pensar, passam longe de ser caseiras. A produtora Porta dos Fundos, por exemplo, tem um canal com mais de 20 milhões de acessos no YouTube, trabalha com estrutura profissional e não pensa em migrar para a televisão.
Responsável por hits virais como o sarcástico vídeo Spoleto, com quase dois milhões de acesso, a empresa tem apenas três meses de funcionamento, mas conta com um time de peso formado pelos atores Fábio Porchat e Gregório Duvivier, além de Ian SBF, dono da produtora de vídeos Anões em Chamas – criadora da série CSI Nova Iguaçu, outro fenômeno da rede – e de Antonio Tabet, fundador do badalado site de humor Kibe Loco.
Para Erik Gustavo, criador da série Marcelinho – protagonizada por um fantoche que lê contos eróticos e vista mais de 25 milhões de vezes no YouTube -, a internet deixou de ser uma mídia de passagem. “A renda que consigo é boa e posso fazer o que quiser, quando quiser”, diz ele, que hoje é parceiro comercial do YouTube: Marcelinho foi parar em anúncios publicitários.
Para Marcelo Caetano, diretor de programação da Record, o fortalecimento de vídeos na web transcende o humor. “Temas tabus para a TV, como o beijo gay, são mais bem recebidos no on-line”, afirma.
Séries de ficção e “talk shows” também despontam nesse segmento.
Investimento – A TV aberta mantém a liderança do mercado, com uma fatia de 64,88% do bolo publicitário, segundo o Projeto Inter-Meios, de investimento em mídia de 2011. A internet representa 5,14% do total (R$ 1,45 bilhão), mas é o meio que mais cresceu em arrecadação com publicidade: 19,63% em 2011.
Mas o mercado publicitário ainda tem ressalvas. “O sucesso na internet é tão imponderável quanto o de um programa de TV, mas o anunciante [da web] ainda é conservador”, diz Daniel Chalfon, da agência Loducca.
Paulo Sanna, vice-presidente de criação da Wunderman, diz que é difícil prever o que vai fazer sucesso na internet. “A produção é muito grande e fragmentada”, completa.
Televisão – Alguns produtos de sucesso na rede acabam indo parar na televisão.
Felipe Neto, fundador da produtora Parafernalha, acredita que a “veia rebelde” da internet permite que os realizadores experimentem formatos inéditos e conteúdos mais ousados. Conhecido ao lançar no YouTube, há dois anos, a série “Não faz sentido”, o jovem acabou estrelando comerciais e ganhou um quadro na TV Globo e um programa no canal a pago Multishow. “Agora o meu momento é de consolidação daquilo que sempre tratei como prioridade, a internet. A Parafernalha quer elevar a qualidade do entretenimento brasileiro, produzir conteúdo de qualidade e levar oportunidades a quem tem talento”, fala Neto.
Já Claudia Sardinha se aventurou na internet para realizar um trabalho de conclusão do curso de Cinema da PUC-Rio. O primeiro episódio da sua websérie, “Quero ser solteira”, foi ao ar no dia dos namorados, em 2011. “A escolha da data foi muito importante para o boca a boca da série e para criar mídia espontânea. Gerou curiosidade e ajudou a divulgar”, conta a atriz e produtora. Depois de fazer sucesso na rede, o Multishow entrou em contato e a websérie virou uma série para a TV, adaptada para 24 minutos de duração e lançada no último dia 5/10.
Para Claudia, a principal diferença entre produzir uma série para a web e outra para a televisão está no tipo de espectador. “Na web, o alcance é on demand. Logo, é o público quem vai atrás do conteúdo. Mas no Multishow não. As pessoas confiam na marca do canal e esperam uma programação de qualidade”, observa.
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*Com informações dos sites do jornal Folha de S. Paulo e da Secretaria de Cultura do Estado do Rio de Janeiro