Véspera de Natal, um mês após a ocupação do Complexo do Alemão pela polícia carioca, a comunidade do local recebeu a primeira sala de projeção em uma favela do Rio de Janeiro: o CineCarioca Nova Brasília. Construída pela Secretaria Municipal de Habitação e com programação a cargo da RioFilme, a sala teve 3.766 ingressos vendidos em 10 dias e taxa de ocupação de 85%. A média das salas brasileiras é de cerca de 40%.

Um resultado inicial positivo para o investimento de R$ 3 milhões para construir e equipar o prédio, que conta com projetor 3D DCI e 93 poltronas de couro, sendo 88 regulares e cinco adaptadas para obesos e portadores de necessidades especiais. Os ingressos custam R$ 4 para moradores e estudantes e R$ 8 para os “visitantes”.

Pesquisa encomendada pela RioFilme identificou que 95% dos cerca de 160 mil moradores do Alemão nunca tinha ido ao cinema. Outra informação foi que 2/3  dos moradores consideravam o valor de R$ 4 justo para o ingresso, desde que fossem exibidos lançamentos e blockbusters. Hoje estão em cartaz no CineCarioca os filmes “Enrolados”, “De pernas pro ar” e “Desenrola”, divididos em seis sessões diárias, todas no mesmo valor.

O presidente da RioFilme, Sérgio Sá Leitão, falou em reportagem ao jornal O Globo que o valor da entrada é menor no CineCarioca devido a subsídios da prefeitura e a um acordo com os distribuidores. Segundo ele, há três pontos positivos no projeto: “O primeiro é que se trata de um incentivo à inclusão social, por levar um equipamento cultural a uma comunidade que pouco tinha acesso a cultura. O segundo é que a gente vai inserir um público novo, que não ia ao cinema, no mercado, causando impacto no setor, e é por isso que as distribuidoras toparam cobrar um preço menor. Por fim, o terceiro é participar de uma experiência de transformação social. Damos oportunidade a jovens de assistir a filmes que raramente chegariam a eles”.

A meta agora é expandir a proposta do CineCarioca para mais favelas.

*Com informações de O Globo e da Secretaria Municipal de Habitação


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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