Acompanhe alguns videos gravados durante o debate da Folha de S.Paulo, em que o Ministro Juca Ferreira compromete-se a alterar a Lei Rouanet, em vez de aboli-la, como o projeto em consulta pública. O Ministro Juca Ferreira começou o programa expondo o seu já conhecido PowerPoint com a justificativa de mudança da Lei. Foi interrompido pelo mediador depois de uma hora de explanação, para o debate, cujos principais trechos encontram-se abaixo:

João Sayad com réplica de Juca Ferreira

João Sayad – parte I

João Sayad – parte II

Juca Ferreira parte 1

Juca Ferreira parte 2

Juca Ferreira parte 3

Juca Ferreira parte 4
 

Eduardo Saron

Yacoff Sarcovas

* Agradecimento especial: Rafael Gonçalves


editor

4Comentários

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 7 de abril de 2009 @ 0:56 Reply

    Sem dúvida, neste debate João Sayad roubou a cena. Tenho certeza de que, pela competência por ele apresentada do mesmo nível de quando à frente da pasta econômica de FHC que, com certeza, após as belíssimas observações neoliberalíssimas e com um estreitamento absurdo sobre o que vem a ser um mínimo de política pública de cultura, FHC falou para ele, “você é o cara!”. Claro que falou, pois é um dos homens que virarão lenda na história da economia brasileira que, junto é lógico, com o gran-mestre FHC quebraram o país mesmo rifando os patrimônios públicos nas privatizações transparentes como o rio tietê.

    Não é deste Sayad que quero falar, mas sim do Sayad culto. Este homem de visão macro-cultural. Já falei aqui algumas coisas dele e tenho que me redimir, porque o cara é muito pior do que eu imaginava. E olha que eu já vi gente ruim falando de cultura, mas o Sayad parece que é o campeão da absoluta ignorância sobre papel da cultura para um país. Primeiro ele deveria fazer de tudo para que as pessoas do auditório esquecessem que ele foi um dos gurus da equipe econômica de FHC. E depois, melhor ainda, se ficasse quieto, calado, sem dar um pio para não levantar suspeita de que ele não entende absolutamente nada de cultura. Poderia ficar quieto e bancar somente o anfitrião que sempre concede a palavra a outros, assim, além de se escamotear de um debate que nada entende, ainda conseguiria camuflar a sua arrogância.

    Sabem o que me passou pela cabeça ao ouvir tanta besteira de Sayad? Mário de Andrade. Um paulistano que é, sem qualquer sombra de dúvida, o patrono da cultura brasileira, o homem que basicamente criou o Ministério da Cultura do Brasil, com textos sobre todo o nosso processo de desenvolvimento cultural, verdadeiras pérolas. O idealizador da Semana de Arte Moderna, e justo em São Paulo! Um homem que orientou as obras de Villa Lobos, Camargo Guarnieri, Francisco Mignone e trabalhou em comunhão com outros grandes pensadores e pesquisadores como, Câmara Cascudo. Um homem que tem, entre tantas fantásticas obras, uma, praticamente inaugural, “Missão Folclórica” em que a grande maioria dos seus registros foi feita no Norte e Nordeste, o mesmo Norte e Nordeste nitidamente desdenhado na fala do ilustre Secretário de Cultura do Estado de São Paulo.

    Para piorar ainda mais este quadro de desastrosas observações de Sayad, Mário de Andrade, que em muitas de suas cartas dirigidas a grandes pensadores deste país, confessava que estava absolutamente sem dinheiro. Essa coisa que, quando Sayad fala, seus olhos brilham, principalmente em defesa dos ricos. Mas Mário prosseguia em seus profundos estudos e, em síntese, definiu sabiamente que o “Boi” é o foco central de unificação das nossas culturas.

    Agora vai explicar isso para um cara como o Sayad! Alguém tem dúvidas que Mário de Andrade, além de ser a principal figura da cultura brasileira, era um grande médium, eu não duvido e vou mais longe, tenho certeza de que sua mediunidade era mais latente na premunição. Alguém duvida que ele já sabia em 2009 o estado de São Paulo teria um secretário de cultura como João Sayad? Vejam se Mário de Andrade não fez este poema, que ele próprio leu na Semana de 22, premunitoriamente para João Sayad!

    ODE AO BURGUÊS
    (Mário de Andrade)

    “Eu insulto o burguês! O burguês-níquel,
    o burguês-burguês!
    A digestão bem feita de São Paulo!
    O homem-curva! o homem-nádegas!
    O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,
    é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!

    Eu insulto as aristocracias cautelosas!
    os barões lampiões! os condes Joões! os duques zurros!
    que vivem dentro de muros sem pulos,
    e gemem sangues de alguns mil-réis fracos
    para dizerem que as filhas da senhora falam o francês
    e tocam os “Printemps” com as unhas!

    Eu insulto o burguês-funesto!
    O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!
    Fora os que algarismam os amanhãs!
    Olha a vida dos nossos setembros!
    Fará Sol? Choverá? Arlequinal!
    Mas à chuva dos rosais
    o êxtase fará sempre Sol!

    Morte à gordura!
    Morte às adiposidades cerebrais
    Morte ao burguês-mensal!
    ao burguês-cinema! ao burguês-tílburi!
    Padaria Suissa! Morte viva ao Adriano!
    “_ Ai, filha, que te darei pelos teus anos?
    _ Um colar… _ Conto e quinhentos!!!
    Mas nós morremos de fome!”

    Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!
    Oh! purée de batatas morais!
    Oh! cabelos nas ventas! oh! carecas!
    Ódio aos temperamentos regulares!
    Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!
    Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados!
    Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,
    sempiternamente as mesmices convencionais!
    De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!
    Dois a dois! Primeira posição! Marcha!
    Todos para a Central do meu rancor inebriante!

    Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!
    Morte ao burguês de giolhos,
    cheirando religião e que não crê em Deus!
    Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!
    Ódio fundamento, sem perdão!

    Fora! Fu! Fora o bom burguês!…

  • Fique por dentro Cultura » Blog Archive » :: CULTURA E MERCADO :: Rede de Políticas Culturais » Blog Archive …, 7 de abril de 2009 @ 9:00 Reply

    […] da cultura. Por sua repercussão na vida pública nacional iniciou uma … fique por dentro clique aqui. Fonte: […]

  • Nidiane Oliveira, 7 de abril de 2009 @ 9:08 Reply

    Muito bom poder acompanhar essa discurssão.
    Parabéns pela iniciativa!

    Nidiane

  • Beni Borja, 8 de abril de 2009 @ 14:48 Reply

    Mário de Andrade principal figura da cultura brasileira??!!!!???

    Paulicentrismo na veia !

    O Juca é modesto nas suas ambições , esse é problema.

    Não dá prá reformar o que é ruim pela raiz.

    O que é preciso é voltar a questão fundamental, e sempre esquecida, da definição do que é o interesse público na cultura.

    Só definindo claramente o que é o espaço da iniciativa privada e o que é do interesse público é que podemos escapar do mecenato, que é um equívoco essencial. O mecenato nesses vinte anos demonstrou que atrasa as iniciativas de interesse privado , por desprezar o público pagante,e submete as instituições de interesse público aos humores do mercado.

    Sem discutir os critérios para distinguir as iniciativas privadas das de interesse público , vamos sempre acabar num dirigismo seja do estado, seja dos marketeiros da vida, resultando sempre numa desconsideração dos reais interesses da atividade cultural.

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