“Os Famosos e os Duendes da Morte” (2009), longa-metragem de estreia de Esmir Filho, foi lançado, no ano passado, em dez salas de cinema do país. Foi visto, de acordo com dados da Ancine (Agência Nacional de Cinema), por 7.800 espectadores.

Elogiado pela crítica e premiado em festivais, “Os Famosos e os Duendes da Morte” faz parte daquele grupo de filmes que, a despeito de suas qualidades, sofre para conseguir cavar espaço no mercado de exibição, que é formatado para produções de outro feitio -leia-se aqueles “comerciais”.

Pois, ainda assim, essa fábula passada numa pequena cidade do Rio Grande do Sul conseguiu ser lançada na França, em Portugal e no Japão. Nos três países, chegou com relativa estatura. “Os Famosos e os Duendes da Morte” é um dos 20 filmes brasileiros que, nos últimos dois anos, receberam apoio institucional para viajar.

Criado em 2009, pelo programa Cinema do Brasil, que tem o objetivo de promover internacionalmente o cinema nacional, o projeto distribui US$ 250 mil por ano para dez filmes. Parte do dinheiro sai do programa Cinema do Brasil; parte vem da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações) e do Ministério das Relações Exteriores.

Neste ano, o programa vai apoiar o lançamento de “Tropa de Elite 2” na Polônia, de “Nosso Lar” na África do Sul, de “Trabalhar Cansa” na França, de “As Mães de Chico Xavier” no Chile, de “Diário de Uma Busca” na França e de “A Marcha da Vida” nos Estados Unidos.

O que chama a atenção é que quem recebe a verba não é o produtor nacional, e sim os distribuidores internacionais. “O que o cinema do Brasil faz é amortizar o risco dos distribuidores”, diz André Sturm, um dos idealizadores do programa.
Detalhe: para ter acesso aos US$ 25 mil dados pelo Brasil, o distribuidor compromete-se a colocar US$ 15 mil próprios.

O português Luís Apolinário é um dos que, impulsionado pelo apoio, comprou dois filmes brasileiros, “Duendes” e “Estômago”. Ele diz que, no caso de “Estômago”, a decisão de lançamento não passou diretamente pelo programa. Mas pondera: “O que foi completamente diferente foi a capacidade de marketing que o apoio nos possibilitou. Sem o apoio, seria um lançamento tímido. Porém, com esses meios, foi uma estreia com enorme repercussão midiática”.

Sara Silveira, produtora de “Duendes” e de “Trabalhar Cansa”, que acaba de ser beneficiado pelo apoio, diz que, não fosse essa verba, os filmes, mesmo que lançados, ficariam à sombra. “Com esse dinheiro, eles convidam diretores, atores, fazem um barulhão”, afirma.

Diversas cinematografias, como a francesa, a alemã e a dos países nórdicos, têm programas semelhantes. Trata-se, segundo esses governos, da única maneira de suas produções se fortalecerem um pouquinho num mercado em que os blockbusters dão as cartas.

*Com informações da Folha de S. Paulo


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