Com redução de recursos e convidados, festival exibiu durante sete dias 120 produções de 16 países em sessões gratuitas e debateu caminhos da cinematografia na América Latina.
São Paulo foi sede durante a última semana do 2º Festival de Cinema Latino-Americano. Com verba reduzida em mais de R$ 200 mil e um número de convidados bem menor em relação à primeira edição, o evento exibiu durante sete dias 120 produções de 16 países em sessões gratuitas, além de promover um ciclo de debates sobre os caminhos da cinematografia na América Latina. Um dos diretores do festival, o cineasta, curador e produtor cultural Francisco César Filho, fez um breve balanço do evento na seguinte entrevista ao 100canais.
100canais – Qual a sua avaliação desta segunda edição do Festival de Cinema Latino-Americano?
Francisco César Filho – Nossa intenção era não apenas a de nos determos na exibição, mas também promover debates para discutir caminhos da cinematografia latino-americana e, quem sabe, em breve, intervir efetivamente no sentido de aquecer a circulação de obras audiovisuais desses países. Neste sentido, acredito que fomos bem sucedidos, realizamos um ciclo de discussões e uma aula magna com o cineasta mexicano Paul Leduc, homenageado no festival. A resposta do público também foi boa, as salas estiveram cheias. Acho que mantivemos o mesmo número de visitas do ano passado, algo em torno de 20 mil pessoas.
100canais – Por que houve uma redução de recursos? Como é pago o evento?
FCF – Não utilizamos nenhuma lei de incentivo, a verba vem de órgãos do Estado. Do orçamento do Memorial da América Latina, da Secretaria de Ensino Superior, criada este ano pelo governo Serra, e da Secretaria de Estado da Cultura. Não sei dizer o porquê do corte de recursos, mas a terceira edição do festival já está garantida. Fator importante, pois já podemos começar a trabalhar.
100canais – Qual foi a pauta principal do ciclo de debates?
FCF – Nosso objetivo é agir para transformar a visibilidade e a circulação das obras latino-americanas dentro do continente e fora dele. A pauta que norteou praticamente todas as mesas foi o relacionamento do cinema da América Latina com a grande indústria cinematográfica da atualidade. Um diálogo cheio de complexidades, sem dúvida, mas temos exemplos bem sucedidos no Brasil, como Walter Salles e Fernando Meireles. Apesar do trabalho estrangeiro, como diretores contratados, procuram manter-se vinculados a projetos em seus países, conservando a identidade cultural.
100canais – Qual sua opinião sobre a interface entre o cinema e o digital?
FCF – Acho que pode ser um caminho para suprir a carência de espaços para filmes de médio porte. Precisamos de novas formas de acesso ao cinema, evidentemente que um desses caminhos é a internet. Já é possível baixar no computador em pouco tempo um longa-metragem. Tem também as mídias móveis, como os celulares, que já permitem assistir, sem muito sofrimento, filmes de três a cinco minutos. Mas com o desenvolvimento tecnológico acelerado nessas áreas não duvido que em um ano ou dois estejamos assistindo a filmes no celular e no computador em alta definição.
Carlos Minuano