2013 foi um ano muito rico em produção jornalística no Cultura e Mercado. Com uma equipe maior, três repórteres fixos (Raul Perez, Patrícia Lima e Mariana Carvalho) além da editora Mônica Herculano, a quantidade e qualidade das reportagens e entrevistas nos fez decidir dividir o ano de 2013 em mais de uma parte, trazendo na íntegra textos de destaque no período.
Em janeiro, o jornal Folha de S. Paulo apontava que o teatro brasileiro estava consolidando um “perfil de exportação” e que a lei 12.485 já demonstrava resultados positivos, enquanto a Agência Nacional do Cinema (Ancine) divulgava que 15,5 milhões de espectadores foram aos cinemas para assistir a filmes nacionais em 2012 e o Ministério da Cultura lançava linha de crédito para digitalização de salas de cinema.
A pesquisa Panorama Setorial da Cultural mostrou que a remuneração de 63% dos produtores dependia de outras atividades e reportagem do CeM informava que uma das razões para a disparidade na remuneração podia estar na falta de regularização da profissão de produtor cultural no Brasil.
Na música, empresas criavam novos modelos de negócio e o cenário para serviços de música em streaming tornava-se mais favorável no Brasil, no momento em que um estudo indicava que pirataria não afetava a venda de música digital. O mercado fonográfico mundial registrava sua primeira alta nas vendas desde 1999.
Em março, o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad) foi condenado a pagar uma multa de R$ 6,4 milhões, em processo movido pela Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA).
Os livros digitais também ganhavam força, enquanto surgia a informação de que as políticas de livro e leitura do país deixariam de ser atribuição da Fundação Biblioteca Nacional e voltariam para a estrutura do MinC. Empresas da internet investiam na produção de webséries e o consumo de vídeos online no Brasil crescia 18%.
Em maio, o Salic tornou a tramitação de projetos culturais 100% virtual e a 11ª edição da Semana Nacional dos Museus tinha a pauta da diversificação de recursos em destaque. E em junho o governo federal publicava medida provisória ampliando a adoção do Vale-Cultura, antes reservado apenas a empresas de lucro real, para companhias de lucro presumido e àquelas que integravam o Simples.
Como destaque do primeiro semestre de 2013, trazemos reportagem de Raul Perez sobre a temática da sustentabilidade ambiental em grandes eventos de música.
Grandes eventos de música apostam na sustentabilidade ambiental
Por Raul Perez
Publicado originalmente em 05/03/2013
Grandes shows e festivais de música no Brasil estão adotando ações de sustentabilidade ambiental para reduzir o impacto causado pelo grande deslocamento de pessoas e produção de lixo que esses eventos ocasionam. A apresentação do cantor britânico Elton John, em São Paulo, na terça-feira (26/2) é um dos exemplos do que parece ser uma tendência para os próximos eventos.
A produção montou uma estratégia pensada para compensar ou neutralizar as emissões de carbono provenientes do uso de combustíveis, consumo de energia, resíduos gerados, viagens aéreas e terrestres. Entre as iniciativas mais inovadoras, estavam os banheiros que funcionavam à energia solar e lâmpadas LED.
Segundo a XYZ LIVE e a Eccaplan Consultoria em Sustentabilidade, responsáveis pelas ações, a apresentação aconteceu baseada nas diretrizes do Programa Evento Neutro e da norma ABNT ISO 20.121 – Gestão Sustentável de Eventos. A ISO estabelece parâmetros para a promoção de um evento sustentável, que vão desde conceitos como acessibilidade, inclusão e ética, até questões como saneamento e redução e compensação das emissões.
O lançamento foi feito em junho do ano passado, de modo a coincidir com as Olimpíadas de Londres, primeiro evento a obedecer oficialmente os requisitos descritos na norma. A intenção é que os próximos megaeventos esportivos, ambos sediados no Brasil, também sigam a ISO. Por isso, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), que participou da produção do documento, lançou em agosto a norma em âmbito nacional.
Ao contrário do que pode parecer, no entanto, os parâmetros são consultivos, ou seja, foram criados para orientar as empresas interessadas em criar um evento baseado no conceito, mas não exigem que elas cumpram as regras para que um evento do gênero ocorra. Enquanto 2014 e a Copa do Mundo não chegam, eventos de outros estilos, muitos deles ligados à música, tentam aliar a arte ao ideal de sustentabilidade.
Apesar de o conceito ultrapassar questões ambientais – como explicou Erich Burguer ao site do Cemec -, é nesta área que os maiores festivais de música que aconteceram nos últimos dois anos concentraram seus esforços.
O Rock In Rio, por exemplo, contabiliza a emissão carbônica causada pelo deslocamento de pessoas no final do evento. Na soma, o festival inclui também o consumo de energia, da gestão de resíduos do transporte de mercadoria e de pessoas pela organização e pelos fornecedores e marcas. O resultado gera um valor que o festival busca neutralizar investindo em projetos de reflorestamento e de melhoria tecnológica de indústrias. Até 2016, segundo estimativas da empresa organizadora, terão sido plantadas mais de 120 mil árvores no projeto de compensação.
Em abril de 2012, o Lollapalooza, evento internacional de música, ganhou sua primeira edição no Brasil. Segundo dados divulgados pela organização do festival, 90% das 135 mil pessoas presentes nos dois dias de evento vieram de fora da cidade de São Paulo. Marcelo Frazão, diretor executivo de Entretenimento da Geo Eventos, responsável pelo festival, explica que as ações de sustentabilidade foram realizadas antes, durante e após o evento, para diminuir os impactos. “[Foi feita a] gestão de todo lixo reciclável gerado durante o evento, incentivo ao uso de transporte público para redução do impacto de emissão de CO2 no ambiente, estudo da área do festival para consumo de água e energia consciente, neutralização de carbono e comunicação sustentável”, explica.
Começa com você – Desenvolvido pelo Grupo Totalcom, do empresário Eduardo Fischer, o Starts With You (SWU), surgiu em 2010 como um movimento de conscientização em prol da sustentabilidade. São diversas ações, entre elas um fórum de discussão, gincana universitária, debates e pocket shows em faculdades, oficinas e ações em parceria com ONGs.
A maior vitrine, no entanto, é o SWU Music and Arts Festival, com duas edições realizadas no interior de São Paulo. De acordo com Luciana Peluso, responsável pela Comunicação Corporativa do evento, o festival de música foi o primeiro na América do Sul a produzir relatório de sustentabilidade com metodologia GRI (global reporting initiative), que estabelece parâmetros para esse tipo de documento, tido como referência por empresas do mundo inteiro. Nele estão descritas as medidas adotadas pela produção para reduzir e compensar os impactos ambientais gerados pelo festival.
“Quase a totalidade da energia consumida no evento foi fornecida por geradores movidos a biodiesel, e uma pequena parcela veio de fontes solares e eólicas. Para a economia da água foram instalados temporizadores nas duchas dos banheiros e a água usada nos chuveiros foi armazenada, tratada e reutilizada. Na montagem dos cenários, materiais de baixo impacto como lâmpadas LED, tinta à base de água, madeira certificada, contêineres reaproveitados, entre outros”, explica Luciana.
Além disso, reciclagem do lixo é feita de forma aberta durante o festival. Só na última edição foram recolhidas 30 toneladas de resíduos, que geraram 513 novos turnos de trabalho e receita de R$ 24.448,24 para duas cooperativas de catadores da região de Itu, segundo informações da organização. “A comunicação do movimento visa justamente conscientizar as pessoas da importância de começar a fazer algo pela sustentabilidade, com dicas de pequenas atitudes que podem ser adotadas no cotidiano”, explica Luciana.
Novas edições do Lollapalooza e do Rock In Rio irão acontecer neste ano, fora uma agenda de megashows internacionais já confirmados, que devem acatar às novas exigências do mercado de entretenimento.
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