Fot: André Honna
A proposta de reeditar a valiosa contribuição do Estado para a cultura brasileira vem produzindo uma série de críticas comprometidas com o mercado, sobretudo o financeiro, mais do que propriamente com o mercado da arte, porque neste contesto de Lei Rouanet, a arte não é a vitrine prioritária, é apenas um cano de descarga tributária.

Seria impossível entender uma cultura, ou mesmo um projeto de nação sem ter como principal personagem gestora uma política simultânea de cultura do Estado brasileiro.

O colapso na organização da nova e decisiva referência da arte brasileira depende de uma dedicação sistematizada que somente o Estado pode promover. A prevalência da memória cultural não pode se sujeitar à formatação do mercado que, por natureza, não tem compromisso com referências, estudos, promoção cuidadosa do indivíduo social, do homem brasileiro portador e transmissor do nosso patrimônio cultural.

O mercado quer fazer mercado e ponto, é esta a sua natureza. Não se pode integrar numa estratégia de política pública de cultura um pensamento material, aonde os elementos a serem alcançados não sejam a arte insubmissa, a criação comprometida com o melhor de nossa terra.

Uma política de cultura de Estado não é feita para dar resultados em capital, sua contribuição científica atua em outra esfera da economia, na produção orgânica da sociedade, durante muitas gerações, como é, por exemplo, a grande obra de Mário de Andrade.

Teorizar a ampliação e distribuição da cultura sob a ótica do lucro, é imprimir uma imediata e cruel censura à qualidade, a profundidade, aos traços evidentes de nossa cultura, as nossas convicções, indispensáveis na transplantação de um projeto de país.

Identidade não é um fenômeno isolado, fenômeno isolado é o que chamamos de “mercado cultural”, que pode ou não existir.

O mercado, não tem a prerrogativa de imprimir ritos na dinâmica criativa e, portanto, não pode ser objeto utilizado como contraposição ao Estado ou a sociedade, sem apresentar uma agenda de espírito público, apenas um processo de possibilidades individuais que não se integram a um grande projeto nacional. Isso é pensar a cultura dentro das linhas reduzidas do mercado diante da árvore genealógica da cultura de uma nação.Por isso, dizer, por exemplo, que a Funarte (Fundação Nacional da Arte), com toda a sua representação como um grande órgão federal, concorre com a especulação comercial de cultura, é criar uma versão pública com um título de atração encomendada pelos agentes do mercado sem o mínimo de fundamento.

A composição de uma política de cultura tem outra responsabilidade, não a de ser uma dublagem do mercado, mas a de participar e introduzir, não um ciclo hibrido e artificial como é da regras do mercado, mas uma visão contemporânea de futuro, aonde a arte e o artista sejam protegidos desta natureza de especulação que é a alma dos negócios do mercado.

O Estado tem a responsabilidade de difundir, dentro e fora do país, não a pluralidade seletiva que o mercado pinça para servir ao novo mundo do entretenimento e publicidade. O Estado é, em sua organicidade, um elemento singular e tem que refletir em suas políticas, um espelho que contemple a sociedade como um todo, e a legitime na massa de seus valores, com a mesma singularidade.

A tarefa jamais será cumprida pelas práticas calculistas do mercado, pois a comunicação subjetiva entre Estado e sociedade não interessa ao plano imediatista do mercado.

A potencialidade na temática de um Brasil global que está nascendo foi tecida pela massa de valores que funde o homem dentro de sua natureza, exercido em território brasileiro como um todo, o mesmo que forma a estrutura do Estado.

O Estado brasileiro é a nossa maior conquista democrática. Construído dentro das regras e compreensão de justiça que nossa cultura criou, por isso é simplesmente contraditório descredenciar as políticas diretas do Estado em beneficio de um pensamento miúdo de negócios como é o mercado cultural que insiste em proibir o Ministério da Cultura de positivamente estimular o mérito do desenvolvimento que as artes podem, através de suas expressões criticas, contribuir de forma decisiva com o Brasil em todos os outros processos de sua vida econômica.

A distância gigantesca entre Estado e mercado que depende da própria trajetória da história política do Brasil é que tem que ser considerada.

Por isso a exposição negativa fabricada pelos interesses financeiros contra o Ministério da Cultura, revela duas imediatas infelicidades. A primeira, a falta de compreensão dos agentes do mercado cultural com o tamanho da responsabilidade com a cultura brasileira e consequentemente com a nação. E a segunda, o quanto este revestimento geométrico que o mercado criou é ausente de inspiração intelectual e por isso não atinge um mérito de grandeza em sua opinião crítica.

A Cultura do Brasil não pode estar dentro de uma planilha como elemento de composição tradicional de mercado, “custo x benefício”, isso é pueril. Os instrumentos de valor agregado, dos quais as artes têm sido vítimas como âncora de um produto maior na relação de venda, é um papel diminutivo, free-lance para a arte, é o enfeite da vitrine da principal mercadoria que pode ser desde um sabonete até uma contemplação ao novo figurino da moda. Isso não assimila processos de desenvolvimento artístico, ao contrário, é um atestado cruel de desintegração da cultura filha da terra e acaba por não justificar o título soberano de arte, mas de um ingrediente da receita de miolo comercial.

O que é mais “cabresto dirigista” que isso? Como alcançar o ambicioso objetivo de atingir o “público alvo” do mercado sem a medida certa para dirigir suas campanhas institucionais em uma determinada geografia social e, consequentemente comercial? Este marketing cultural é um apelido mercantil, uma charlatanice e não uma proposta de direção que honra as artes brasileiras.

Qualquer que seja a critica as políticas de Estado, utilizando o mercado como contraposição, estará, sem a menor sombra de dúvida, misericordiosamente errada. Falta ao espetáculo do mercado um cenário de alternativas orgânicas, um prato fundo do manuscrito incontestável que distingue imediatamente a função da arte com linhas que transpareçam de maneira inequívoca a ara que o soco vazio do mercado não pode nos oferecer.

Não há consistência nessa ausência de responsabilidades que o mercado quer propor, onde o Estado se transforma num transferidor de recursos extraídos da sociedade e se ausenta da própria condição de Estado nas políticas públicas de cultura. Isso é raciocinar uma esculhambação pré-figurada sem qualquer contribuição na bagagem. E a duração desta mentira (Lei Rouanet) chega aos dezenove anos sem uma conclusão, a não ser para um grupo etnológico, um tipo individual de pensamento seletivo, uma síntese da classe dominante.

Resumir a importância do Estado para um projeto de nação na área da cultura sem conflito intelectual, apenas um brado-de-alerta ou picardia contida nesta artificial chocadeira de queda de braços entre Estado x mercado, é reduzir todo o pensamento de cultura no Brasil a um jubileu de massa falida que berram os degradados do antigo império da soberba neoliberal.

Que fique bem claro que o sentido contrário às nossas demandas, numa trajetória de queda na qualidade na produção artística, está diretamente ligado ao amarra-boi que o mercado de produtos financeiros criou dentro do ambiente cultural brasileiro.

Podemos observar que a diminuição da atividade cultural está em cadeia com os que utilizaram outro ciclo de desenvolvimento do mercado para recuperar perdas ou ampliar lucros em seus segmentos, pois se valeram de diferentes interpretações para justificar o veio oscilante que a brusca redução de qualidade flagra, criando uma nova economia de reciclagem do lixo cultural.

Vamos em busca de outro diapasão, pensar coletivo, não podemos ficar nesse horrível vazio que a ambição ofereceu à cultura brasileira.

As correspondências que devem chegar à mesa do Ministro da Cultura do Brasil têm que ter a personalidade e a integridade de nossa produção artística e não o aleijado sistema de lançamentos apenas inaugurais, como foi comum nestes últimos dezoito anos de Lei Rouanet.

Captação não é um oficio, é um oportunismo entalhado dentro das relações de poder. Se numa ou noutra operação de “mecenato” circula o sangue de um produtor sério e comprometido com a cultura brasileira, na gama inteira que opera essa teia, esse verniz é apenas um ponto isolado, um perfeito prato-de-frios que a indústria de projetos nos deu, sem azeite, sal ou vinagre.

Tem que ter fim as tensões e angústias que a arte sofreu nestes anos, sem uma sólida incorporação na vida cultural brasileira, sem a fraternal natureza de nossas manifestações de extrema identificação com o povo brasileiro.

As contradições criadas pelo mercado em episódios ligados a grandes grupos econômicos devem ser freadas e substituídas pelos pensamentos e colocações políticas ideológicas para o desenvolvimento de uma concreta e forte política pública do Estado brasileiro para a cultura.


Bandolinista, compositor e pesquisador.

10Comentários

  • gil lopes, 14 de fevereiro de 2010 @ 22:12 Reply

    olha o Carlão aí minha gente! E sonhando com o velho Politburo, pretendendo um Estado entre nós que nós não queremos, e que de resto já mais ninguém quer a não ser ele próprio e suas lembranças…não compreende o tal mercado e separa tudo e todos, as iniciativas ainda são estanques e contraditórias no seu modelo. Olha o Carlão aí minha gente! VaMOS AOS FATOS, em pleno Carnaval ai está, o Governo percebendo a força da manifestação popular, construiu o Sambódromo. E o samba continua sambando…cada macaco no seu galho, ninguém pensou em estatizar as escolas de samba…já pensou? E o Carnaval é uma usina de negócios e faturamentos, e cada vez mais forte. Quando será que vamos aprender com o carnaval?
    Na outra ponta as temporadas líricas nos Teatros Municipais, os feudos ultra elitistas a serviço da reprodução cultural do exterior…quanto gastamos para manter isso? Onde estão nossas óperas? Nossos Balés? Depois de tantos dinheiros onde estão nossos musicais? Ao contrário do que se passou no Carnaval que veio de baixo pra cima, aqui construímos de cima pra baixo, e onde estão os conteúdos? Onde estão as políticas para fomentar esses conteúdos?
    A arte e Cultura da nossa civilização não foi criada aqui somos um país novo, estamos engatinhando na experiência democrática, temos muito ainda pra dar ao mundo. Calma Carlão, nem tanto nem tão pouco, a virtude no caso está rigorosamente no meio. Estado e mercado, público e privado, misturados.

  • gil lopes, 14 de fevereiro de 2010 @ 22:25 Reply

    Marília Pera hoje se manifestou e disse que prefere ler textos a entender as leis. Um dos maiores males da política de incentivo via leis de isenção tem sido a substituição do empreendedor pelo próprio artista. O resultado é um cenariozinho, um luzinha, uma falta de rigor que tem as consequências na platéia, cada vez menor. Tudo vira ação entre amigos. Capta-se, distribui-se e pouco importa a bilheteria, o negócio, o mercado. Uma arte sem tônus, esse é o resultado.
    A participação direta do Estado por outro lado, entorpeceu por exemplo a melhor música barsileira que já produzimos. Passou a ser subsidiada pelos governos, dada de graça ao povo, em doses constantes. Resultado? À venda, ninguém compra Bossa Nova no Brasil. Nossa melhor música popular foi intoxicada pelo Estado, não foi estimulada, incentivada, promovida. Foi dada grátis. E continua. A Universidade Tom Jobim, o Prêmio Vinicius, o Torneio na Batida da Bossa, ainda estão enterrados…por exemplo. E o que se fez com a proposta de Chico e Edu para um balé nacional dançado com música popular? E Maria Maria?…nada. E com o que Vinicius e Tom nos deram com o musical Orfeu? O que é o nosso clássico?
    A produção cultural dos nossos tempos faz parte da Nova Cultura e portanto tem uma vertente interncional…temos que entender isso, e avançar.

  • gil lopes, 15 de fevereiro de 2010 @ 0:33 Reply

    Quando a gente chega no metro americano e vê os anúncios em espanhol e fica sabendo que ali vivem muitos indivíduos que se comunicam naquela língua, a gente pensa na Língua.
    Quando a gente vai ao cinema na Espanha ver um filme americano de sucesso, ou qualquer outro a gente toma um susto. Todos são dublados em espanhol, sem legendas, assim como quando vamos ao cinema em qualquer grande país poderoso do mundo, os filmes são na língua deles. A gente pensa na Língua…mas quando a gente aqui vê um filme dublado na TV a gente muda o canal, a gente não suporta filme dublado, coisa para as crianças…
    a gente não pensa na Língua, a gente diz que existem duas línguas: o português e o brasileiro. A gente não pensa no que é e no que pode ser a Língua, a gente não entende a Língua, a gente fala e pronto.
    A gente somos inútil?

  • gil lopes, 15 de fevereiro de 2010 @ 2:49 Reply

    e mais, eu é que não vou lembrar do Toninho Malvadeza, que Deus o tenha, por conta do suporte que deu a Cultura baiana. Sempre tive dificuldade em entender como é que ilustres baianos se referiam com cerimônia e respeito pelo ACM mesmo depois de sua atuação na vida política nacional…no entanto, ao observar a força do axé e da música baiana, o desenvolvimento e explosão do carnaval baiano, depois de observar tudo que se refere culturalmente com a Bahia, e comparar tudo isso antes com tudo isso depois de ACM, será que ele de fato teve alguma coisa a ver com isso com os patrocínios e apoios que deu ao longo de sua longa gestão? Será que há ali algum modelo de coronelismo positivo se é que isso é possível? Teve um general que foi governador do Paraná que fez pela Fundação Teatro Guaíra, que nem existe mais, o que ninguém fez no Brasil. O Balé Guaíra quase chegou a ser referência lá fora, porque aqui foi imbatível…e hoje já não é mais nada….cadê aquele general? Será que ninguém viu aquilo ou ninguém quer copiar o modelo?
    O Carnaval da Bahia passa na TV patrocinado pelo governo da Bahia, quem ensinou esse caminho? Pode a Cultura redimir um político canalha?

  • Leonardo Brant, 15 de fevereiro de 2010 @ 10:21 Reply

    Bravo Carlos Henrique. Você tem toda razão. Mercado jamais substituirá o Estado. O erro disso tudo é o Estado querer se locupletar do mercado. O que se tornou o MinC senão uma grande corporação, que pratica os mesmos comportamentos de marketing cultural das empresas? O Estado brasileiro está perdido. Ele tenta concorrer com o mercado, quando deveria estar acima dele, deveria regulá-lo, incentivá-lo e torná-lo alternativa viável para artistas. O mercado, por outro lado, não quer ser Estado, como vc muito bem explica. Então fica uma arena esquizofrênica. Os gladiadores corajosos e imponentes vibrando para torcida e enfrentando os leões, que poderiam engoli-los vivos, mas estão interessados em outra coisa. Eles só querem o lucro. E isso é legítimo dentro do capitalismo. Ou estamos em outro sistema e não me avisaram? Abs, LB

  • gil lopes, 15 de fevereiro de 2010 @ 13:43 Reply

    O mercado não substituiu o Estado em nenhum lugar do mundo, portanto…não há razão nisso. Desenvolver comportamentos civilizatórios que promovam novos procedimentos face a Nova Cultura deve ser atribuição do Estado. Conscientizar a sociedade e tomar medidas que possibilitem nosso crescimento cultural e econômico.
    Quem está perdidinha é a sociedade brasileira diante da sua nova oportunidade de virar sujeito no mundo. Precisa ser educada para isso, precisa ser melhor informada. Avançamos muito e sob a democracia ninguém segura…mas o caminho é longo. Mas nada de Politburos que isso é o atraso.

  • Daniela Blanco, 15 de fevereiro de 2010 @ 15:38 Reply

    O meio termo com certeza seria o caminho para o desenvolvimento de uma cultura nacional preocupada com a identidade do brasileiro e de seus artistas. Entenda-se meio termo como a união entre Estado e Mercado. Torna-se inviável idealizar qualquer incentivo, regulamentação, etc, sem inserir estes dentro da realidade do capitalismo em que vivemos.

    Sua proposta, neste contexto, mostra-se um tanto quanto utópica, já que a premissa para que ela realmente mostre a que veio seria uma sociedade e um Estado enraizados pelo ideal democrático. Estamos ainda caminhando nesta direção… e muito longe de alcançar o ideal.

    O Brasil é um país novo, assim o é também seu Estado e sua democracia.

    Uso aqui as palavras de ZANDER NAVARRO para a Folha, que esclarecem maravilhosamente o ponto em que nos encontramos no que diz respeito a democracia:

    “A democratização brasileira, especialmente nas duas últimas décadas, observou a aceleração do plebeísmo, mas em claro detrimento do pluralismo e, especialmente, da qualidade democrática expressa no civismo. Nessa equação desequilibrada, todos perdem, pois as chances de produção da “boa sociedade” se esvaem nessa incerta trajetória na qual prevalece, sobretudo, o peso de quem grita mais – nunca a racionalidade argumentativa.”

    “Direitos humanos não se transformam em práticas sociais em função de planos e leis. Somente são concretizados se a densidade democrática se enraizar em sua plenitude, em todos os poros da sociedade… O ideal democrático, quando existente, é que cria direitos, e não o inverso. Não perceber tal fato apenas ilumina intenções subterrâneas ou algum viés autoritário daqueles que desejam mudanças sem o crivo livre dos cidadãos.”

    sss://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/fz3101201008.htm

    Sem delongar-me muito mais… O dia em que pudermos com toda a certeza e com todas as letras dizer que a sociedade brasileira é realmente uma democracia, aí então, sua proposta poderia se encaixar. Pois estaríamos então diante de um Estado, antes de tudo, transparente.

    Repetindo a frase de Zander Navarro:

    “O ideal democrático, quando existente, é que cria direitos, e não o inverso.”

    Abs, Daniela

  • gil lopes, 16 de fevereiro de 2010 @ 12:51 Reply

    O Brasil é um país novo…mas tem os países velhos e as experiências pelo mundo afora. Achar utopia democrática em política cultural que prescinde do mercado é inédito. As experiências comprovam o contrário, é rua sem saída…ou Chaves talvez. Não iremos por aí, não mesmo. Nosso enfrentamento é outro e nosso desafio é ar musculatura ao mercado para suportar a competição…entre as nações. Nosso sonho é de um Brasil grande e poderoso, com um papel novo a desempenhar no mundo, a gente se acha…nossa expressão é deslumbrante, se eu te contar o que sentia ontem na avenida durante o desfile das escolas de samba…que gente, que alegria, um esculacho! um escândalo!…eu via os olhinhos dos turistas e num segundo pensava na raça humana. A gente foi capaz de criar a alegria…o que é a alegria, a energia da alegria…pois ali vc poderia distinguir seus elementos e experimentá-la…um escândalo.
    Pois bem, fizemos isso, agora? Vamos pra cima.

  • gil lopes, 16 de fevereiro de 2010 @ 13:37 Reply

    e mais, vale a pena ler o artigo do Navarro que a Daniela aqui em cima referiu. Quanto aos tais procedimentos civilizatórios praticados pelo governo e muito interessante observar o que se passa no Rio de Janeiro durante esse Carnaval. Com o regresso do Carnaval de Rua no Rio de Janeiro a cidade foi confrontada com uma nova realidade, como tornar a festa civilizada e não mais um ato anti urbano ( como por exemplo aconteceu com a festa de São João que acabou sendo banida, porque incendeia demais, e ao pé da letra. Balões e fogueira na cidade não são mais viáveis). Pois bem, desfilar cantando e dançando, durante o auge do verão carioca 40 graus, requer ingestão de líquidos e como não somos camelos, o líquido vira mijo na esquina seguinte. Ou seja, o Carnaval de Rua perigava transformar o ambiente numa latrina mal cheirosa. O que se fez? Uma campanha contra os mijões acompanhada de locais específicos para as necessidades fisiológicas ao longo da parada. Se não acabou definitivamente com a prática inadequada, criou um ambiente insatisfatório para quem insiste em praticá-la. Numa dos blocos, um mijão ao ser identificado em plena caracterização foi constrangido pelo coro: mijão, mijão, mijão. Ao que se seguiu do terrível: é pequeno! é pequeno! é pequeno!
    Acabar ou restringir práticas bárbaras e investir em procedimentos civilizatórios que nos conduzam a avanços em qualquer área é uma tarefa a ser mais implementada. O Carnaval de Rua voltou, e voltou com tudo no Rio de Janeiro.

  • gil lopes, 16 de fevereiro de 2010 @ 13:44 Reply

    e se fez mais…reprimiu-se a prática. Quem for pego vai preso. Vai passar o dissabor de ter que ir para a delegacia, sujar as mãos. Repressão, educação e comunicação social…é um exemplo. Precisamos adotar a Nova Cultura, a produção de riquezas no ambiente virtual exige novos comportamentos e procedimentos a serem incentivados, a cidadania é uma conquista social.

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