As dificuldades de inserção de filmes brasileiros no mercado foram discutidas na sede da Agência Nacional do Cinema. Participantes valorizaram a importância do foro de discussãoPor Sílvio Crespo
A Ancine (Agência Nacional de Cinema) reuniu, no último dia 22 de outubro, produtores, distribuidores e exibidores cinematográficos para discutir questões de mercado, como os pontos de conflito entre estes setores e as necessidades dos produtores nacionais. A reunião contou com cinco representantes de cada um dos setores (produção, exibição e distribuição) e teve a participação de toda a diretoria da Ancine.
Monopólio estrangeiro
Os produtores de cinema levantaram, como um dos principais problemas do setor, a dificuldade de conseguir circuito para estrear filmes brasileiros, devido à ocupação quase total das salas pelo cinema americano. Em janeiro deste ano, três filmes norte-americanos ocuparam cerca de 80% das salas de cinema do país, segundo produtores presentes na reunião.
Para Assunção Hernandes, presidente do Congresso Brasileiro de Cinema, ?o número indiscriminado de títulos americanos que entram (por volta de 200 por ano), com a existência de apenas 1.600 salas, também contribui para a exclusão dos filmes brasileiros das salas de cinema?.
Dificuldades de estréia
Mesmo quando os filmes nacionais entram em cartaz, as datas de estréia muitas vezes não são as melhores. Segundo Hernandes, a exibição costuma ocorrer nas datas ?descartadas? pelo cinema estrangeiro.
Uma reivindicação dos produtores foi a criação de mecanismos para garantir que os exibidores cumpram o ?acordo de dobra?. O acordo determina que um filme nacional pode continuar em cartaz sempre que tiver uma média de público igual ou superior à média da sala em que é exibido. Os produtores queriam uma forma de controlar os exibidores e penaliza-los, caso não cumpram o acordo.
Cota de tela
A próxima reunião está marcada para o próximo dia 30 de outubro, na Ancine, onde será discutida a ?cota de tela? para o ano que vem. Cota de tela é a determinação de um número mínimo de filmes nacionais que devem ser exibidos anualmente em cada sala de cinema. As reuniões organizadas pela Ancine têm caráter apenas consultivo e informativo, e os participantes não deliberam sobre os temas tratados. Cabe à Agência as decisões finais.
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