O rapper paulistano Emicida está com sua participação no festival norte-americano Coachella ameaçada devido a problemas para a obtenção do visto para entrar nos Estados Unidos. Segundo o produtor do artista, Evandro Fióti, o consulado exigiu uma petição que garantisse que o rapper está viajando a trabalho ao país. Após uma entrevista na última quinta-feira (31/3), no consulado em São Paulo, o visto para Emicida e sua equipe está em aberto, à espera da documentação.

O fato gerou polêmica nas redes sociais e há quem defenda que o Ministério da Cultura deveria intervir no caso, já que Emicida é o Brasil no festival, um dos maiores do mundo.

“O problema é que o consulado achou que o cachê que o Coachella vai pagar iria para a gente, quando na verdade ele vai custear as despesas com passagem e estadia”, disse o produtor. Fióti conta que o consulado solicitou a petição na metade de março. O produtor então entrou em contato com a organização do festival, que disse nunca ter tido este tipo de problema e não poder arcar com as despesas do documento.

A petição demora entre três a quatro meses para ser expedida, segundo Fióti. Como o festival acontece entre os dias 15 e 17 de abril, o produtor conseguiu encontrar um advogado em Los Angeles que faz o processo em regime de emergência ao custo de US$ 11,5 mil. Mesmo assim, o prazo para a expedição do documento é de até 15 dias úteis.

Fióti, junto com a equipe do Creators Project, parceira da turnê de Emicida pelos Estados Unidos, conseguiu uma parte da verba para que o advogado desse entrada nos papéis nesta terça (5/4). Agora o escritório do projeto em Nova York busca novos patrocinadores para bancar o restante dos honorários.

O produtor ressalta que todas as providências foram tomadas e que agora é preciso esperar o andamento do processo. “Ainda há esperança. O cônsul entendeu que estamos indo a trabalho, mas a petição é necessária devido às leis dos Estados Unidos. Por isso ele deixou o pedido em aberto.”

O Coachella enviou uma carta dizendo que o rapper vai se apresentar no festival e ressaltando a importância de sua participação. Fióti também possui uma carta da Nike, outra parceira da turnê, garantindo que a viagem é a trabalho. Para conseguir a entrevista com o cônsul em regime de urgência, a equipe de Emicida ainda contou com a ajuda do senador Eduardo Suplicy.

O rapper paulistano falou à reportagem do site IG, lamentnado o imprevisto e falando sobre o alto custo do processo. “Fomos avisados em cima da hora de que precisava um novo documento para emitirem o visto, uma petição que, para as sete pessoas da equipe, ia custar uns US$ 11.500. Mano, não vou tirar isso do meu bolso só para massagear meu ego e ir para Coachella.”

Emicida afirmou que não houve discriminação, nem nenhuma conduta incorreta por parte do consulado. “Estão querendo puxar para esse lado de racismo, mas não tem nada a ver. Até foram sangue bom de deixar em aberto. Disseram que se a gente levar os documentos eles resolvem na hora. Foi entrave burocrático mesmo.”

Devido aos problemas, Emicida teve que cancelar um show que faria no último sábado (2/4). A estreia em solo americano aconteceria no Trinity International Hip-Hop Festival, em Hartford, Connecticut. “Pensei que estava indo só dar uma força, mas depois vi que estava escrito ‘Emicida’ grande no convite do Trinity.” Durante a viagem, o rapper também gravaria um EP em parceria com os produtores K-Salaam & BeatNick.

O produtor Evandro Fióti revela que, se a temporada nos EUA não acontecer, a produção terá um prejuízo de cerca de US$ 10 mil. “Sorte é que não tínhamos comprado as passagens ainda, se não o valor seria maior.”

Apesar de toda a confusão, Emicida não se arrepende de ter feito os procedimentos corretos para a viagem. “Se tivesse omitido a carta do festival, a gente talvez tivesse passado tranquilamente. Declaramos tudo que íamos fazer, tentamos ser corretos, e deu nisso. Mas é da hora trampar direito”, concluiu.

*Com informações do Último Segundo/IG


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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