O proprietário do imóvel onde funciona o Cine Belas Artes, Flávio Maluf, não aceitou a proposta de aluguel do diretor do cinema André Sturm, oferecida como última tentativa de negociação nesta semana. Assim, o Belas Artes vai mesmo ser fechado até o fim do mês.

Maluf havia pedido R$ 150 mil por mês de aluguel do prédio, localizado na Rua da Consolação, Centro de São Paulo. Até dezembro, os sócios pagavam R$ 63 mil. Pela nova proposta apresentada, o valor mensal pago pelos sócios ficaria em R$ 85 mil.

Apesar do fim da negociação, ainda corre no Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental (Conpresp) o processo de tombamento do Belas Artes. Caso ocorra, as restrições impostas ao imóvel podem limitar o uso e a negociação do prédio. Os conselheiros aguardam um parecer do Departamento de Patrimônio Histórico (DPH) da Prefeitura.

Segundo o arquiteto José Eduardo Lefèvre, presidente do Conpresp, existe uma dificuldade porque o caso do Belas Artes não pode se enquadrar “nem como tombamento material, nem como imaterial”. O primeiro está voltado a preservar aspectos físicos e arquitetônicos de um prédio. Projetado nos anos 1940 pelo arquiteto italiano Giarcarlo Palanti, o imóvel sofreu várias reformas internas e na fachada nas décadas seguintes, diminuindo sua relevância arquitetônica.

No caso do tombamento imaterial, a decisão ocorre para que sejam determinados parâmetros de movimentos culturais relevantes, como é o caso do frevo, em Recife. “O que seria tombado no Belas Artes? A lei não permite definir um tipo de uso para o imóvel, por exemplo. Também é inviável tombar a programação. Mas, ao mesmo tempo, é inegável o valor do cinema para a cidade. Ele foi abraçado pela coletividade. Essas questões serão estudadas pelo DPH e deliberaremos a respeito”, disse Lefèvre.

Para marcar o encerramento da programação do Belas Artes – previsto para o dia 24 de fevereiro – a Pandora e a O2 Filmes preparam um evento especial. “Não vou simplesmente apagar as luzes e encerrar as atividades. Vou fazer uma festa para marcar São Paulo”, disse Sturm.

*Com informações da Folha.com, Estadao.com, Último Segundo e G1.


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

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