O mapeamento sobre o investimento social privado (ISP) de seus associados, realizado pelo GIFE e Itaú Cultural, com parceira técnica do IBOPE Inteligência/ Instituto Paulo Montenegro, revela que foram investidos cerca de R$ 2 bilhões, em 2010, beneficiando aproximadamente 24 milhões de brasileiros. As áreas de Educação (82%), Juventude (60%) e Cultura (60%) seguem concentrando o maior número de investidores (estes dados não são por valor investido, mas por investidor).
O Censo GIFE traz em sua quinta edição um dossiê especial sobre Cultura, lançado no último dia 24 de novembro, em São Paulo. Nele, é possível notar que, apesar de ser a segunda principal área de atuação, apenas 4 associados (de um total de 102 pesquisados), se dedicam prioritariamente à Cultura.
Entre as organizações respondentes, 36 delas afirmaram que Cultura é apenas um de seus focos de atuação, enquanto 35 disseram que possuem ações esporádicas ou circunstanciais. Se o Censo apresenta reflexos na maneira pela qual os investimentos são realizados, os dados mostram que a área ainda é, para a maioria, um meio e não um fim.
Pelo Censo, há um número significativo de fundações e associações (27) que investem em atividades de arte-educação, o que se mostra consistente com o percentual de investidores que trabalham com educação. “Parte desses associados trabalham a dimensão da cultura e arte como parte do investimento mais amplo em educação”, analisa o gerente de Conhecimento do GIFE, Andre Degenszajn.
Mais da metade dos associados que investem em cultura (24) trabalham com a democratização do acesso a manifestações artísticas ou culturais, entendida aqui como o investimento voltado a facilitar e promover o acesso de indivíduos às produções culturais. Número ainda pequeno, na opinião de Saron.
Questionadas sobre o uso de incentivos fiscais – e descontadas as organizações que atuam em cultura de forma esporádica – 66% delas afirmam usá-los, sendo que o principal mecanismo utilizado é a Lei Rouanet (52%). Esta, no entanto, não é a via prioritária nem condicionante de investimento na área, revelando que o ISP não depende inteiramente de incentivos fiscais para acontecer.
Segundo o Censo, caso os incentivos fiscais fossem revogados, apenas 5% responderam que deixariam de investir na área; 32% afirmaram que o volume de investimentos permaneceria inalterado e 41% disseram que o volume diminuiria.
O levantamento também mostra que a Rede GIFE beneficiou em 2010 cerca de 24 milhões de brasileiros. As áreas de Educação (82%), Juventude (60%) e Cultura (60%) seguem concentrando o maior número de investidores (estes dados não são por valor investido, mas por investidor ou beneficiados).
O GIFE obteve a adesão de 83% das organizações associadas ao Grupo, na época da consulta, o que faz desse Censo o mais abrangente até hoje. O levantamento mostra que cerca de 20% dos recursos investidos pelos associados GIFE são destinados a doações e 60% dos recursos são aplicados em projetos próprios – o restante alocado em custos administrativos e outras despesas. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as empresas brasileiras investem anualmente no Brasil, aproximadamente, R$ 6 bilhões em ações sociais.
Apesar de representar apenas uma parcela do investimento social brasileiro, a Rede GIFE é considerada referência nacional na realização planejada de investimentos no campo social e seu desenvolvimento é indicativo das tendências do setor.
Mantendo a tendência apresentada nas edições anteriores, a quinta edição do Censo aponta que a maior parte dos investidores sociais privados tem origem corporativa – fundações e associações empresariais (62%) e empresas (24%). Sobre este ponto, o documento diagnostica que as estratégias de ação tendem a concentrar-se mais em projetos próprios que em financiamento de projetos de terceiros; apresentar predominância temática em certas áreas de atuação (educação, juventude, cultura) em detrimento de outras; ter o foco temático e indicadores econômicos e sociais como preponderantes na definição de estratégias e considerar um horizonte mais curto para o desenvolvimento de projetos.
O Censo GIFE 2009-2010 pode ser acessado na íntegra pelo site da instituição www.gife.org.br.