A Cidade da Música, no Rio de Janeiro, vai se chamar Cidade das Artes e terá um soft opening – período de testes para artistas – a partir de setembro, informa o jornal O Globo nesta sexta-feira (8/4). Segundo a RioUrbe, responsável pela obra que já consumiu R$ 473 milhões, 500 operários trabalham todos os dias nos canteiros da Barra da Tijuca para entregá-la em julho. A inauguração definitiva acontecerá até fevereiro de 2012, exatamente uma década depois do início da polêmica construção.

“Desde o começo, o projeto do (arquiteto francês Christian) Portzamparc previa um espaço não só para música. Lá, foram construídos dois teatros, um com 1.780 lugares e outro com 450, umas dez salas de ensaio, três cinemas, um restaurante e um espaço para exposições. O nome vai ser Cidade das Artes. Já combinei com o prefeito. Quero transformar aquilo no nosso mini-Lincoln Center”, explicou o secretário municipal de Cultura, Emilio Kalil.

Situado no Upper West Side de Manhattan, coração artístico de Nova York, o Lincoln Certer for the Performing Arts é um complexo de edifícios que abriga 12 companhias de arte e que recebe 4,7 milhões de pessoas por ano. Para Kalil, o fato de a futura Cidade das Artes estar na Barra da Tijuca não diminui as chances de ela ser uma versão enxuta do centro novaiorquino. “Tudo vai depender da programação. Se tiver um show do Caetano Veloso, a casa lota. Aposto”, defende.

Kalil cita ainda outros exemplos de cidades que cresceram na direção de complexos culturais. “O Parc La Villette, no 19 arrondissement de Paris, era um antigo abatedouro e foi reurbanizado. Hoje pulsa em função de suas exposições.”

Kalil nega que a futura Cidade das Artes lhe cause dores de cabeça. Parece animado com a possibilidade de dar vida ao local. Para a programação do soft opening, que ainda está em aberto, prevê uma “ação entre amigos”. “Penso em chamar a Orquestra do Teatro Municipal, a Osesp (Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo) , a Filarmônica de Minas Gerais, a Lia Rodrigues Companhia de Dança e o Grupo Corpo, onde trabalhei”, adianta. O local será ainda a sede da Orquestra Sinfônica Brasileira (OSB), que enfrenta uma crise de repercussão internacional que opôs maestro e músicos.

Para gerir a rebatizada Cidade das Artes, será criada até o fim do mês uma Organização Social (OS) – instituição sem fins lucrativos que será contratada pelo Estado. A ideia é repetir no futuro complexo cultural o modelo da Osesp e da Pinacoteca de São Paulo, administrados por organizações sociais que dispõem de recursos públicos e privados e que prestam contas à Secretaria estadual de Cultura de São Paulo de tempos em tempos.

“Com uma OS na Cidade das Artes, a prefeitura ficará responsável apenas pela manutenção estrutural, técnica e administrativa do local. Um conselho com cerca de 20 pessoas que serão escolhidas até o fim de maio terá a responsabilidade de buscar recursos e cuidar da curadoria. Sempre, é claro, com a aprovação final da secretaria”, diz Kalil.

O aporte que a secretaria precisará fazer para manter a futura Cidade das Artes ainda não foi definido. Mas, segundo Kalil, ronda R$ 30 milhões por ano.

A outra novidade do secretário é a criação de três novos fundos de apoio à cultura. Seguindo os moldes do Fate, que atende ao teatro desde 2003, a secretaria lança, na segunda-feira, o FAM, para a música, o Fada, para a dança e o Propac, para o patrimônio cultural. Os editais ainda estão em fase de revisão, mas, juntos, movimentarão cerca de R$ 18,5 milhões. Hoje, a secretaria decidirá quanto cada um vai receber, mas Kalil não quis antecipar os dados.

A boa fase da Secretaria Municipal de Cultura tem a ver com o orçamento da casa, que dobrou em um ano. Em 2010, era de R$ 53 milhões e, agora, é de R$ 106 milhões graças a um “crédito suplementar” de R$ 47 milhões aprovado pelo prefeito Eduardo Paes. Além disso, Kalil conseguiu autorização do município para negociar por fora, “caso a caso”, os orçamentos das reformas que pretende executar. “A obra do Museu da Cidade, orçada em R$ 2,5 milhões, por exemplo, já foi aprovada fora desse orçamento e começará em breve”, avisa ele, sem precisar a data.

Também estão mantidos os projetos de reforma do Arquivo Geral, do Centro Cultural José Bonifácio e do Castelinho.

Kalil foge de números. Diz que eles conferem às novidades uma precisão que não condiz com a velocidade do serviço público brasileiro. Mesmo assim, confirma para agosto a inauguração da Lona Jovelina Pérola Negra, na Pavuna. “Nossa ideia é nivelar por cima a oferta musical de lá. Podemos levar parte de uma orquestra. Ela não precisa tocar Mahler. Pode tocar Pixinguinha. Mas é bom que vá. Quem sabe não fazemos “Pedro e o Lobo” (história infantil musicada do compositor russo Serguei Prokofiev)?

A reabertura do cinema Imperator, no Meier, também já tem data: 20 de janeiro. Será parte das comemorações do dia de São Sebastião, o padroeiro do Rio, em 2012. Planejado pelo arquiteto Washington Fajardo, subsecretário de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, o Imperator será um espaço multiuso. Terá sala de shows, de exposição e cinema. Qualquer semelhança com a futura Cidade das Artes não é coincidência. Nada na cabeça de Kalil é coincidência. “O Rio está a caminho de fazer 450 anos. Vai sediar uma Copa do Mundo e uma Olimpíada. Precisa estar tinindo”, afirma.

*Com informações do jornal O Globo


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1Comentário

  • roberto, 1 de maio de 2011 @ 18:07 Reply

    Mania de mudar nome de coisas, de ruas, de avenidas, de praças e etc.
    Nome Cidade da Música já foi assimilado pela população.
    É um “marco” da Cidade do Rio de Janeiro, tão importante como o Camelódromo, o Calabouço e o Canal do Mangue, entre outras
    maravilhas dessa cidade.

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