Foto: Mondmann
O segmento cultural, igualmente afetado pela atual crise mundial como inúmeros outros setores, não teve até agora medidas governamentais a ele voltadas que minimizassem seus drásticos efeitos. Preocupados com a situação dos trabalhadores do setor, achamos fundamental que medidas efetivas sejam tomadas, já que os resultados tendem a ser benéficos a toda a sociedade, e não somente ao segmento. 

Temos de cobrar medidas urgentes do Governo Federal, dos Estados e dos Municípios, responsáveis igualmente por fomentar o desenvolvimento de nossa sociedade.

O Instituto Pensarte, apoiado por inúmeras outras entidades e pessoas que atuam na Cultura, lançou no final de fevereiro o manifesto denominado Menos impostos para a cultura, mais desenvolvimento para o Brasil, em forma de petição online, manifesto esse que já tem grande adesão em todo o país. Temos consciência de que apenas colher as assinaturas não é suficiente, portanto, inicia-se agora a segunda etapa desse movimento, que é articular mais intensamente, a partir de uma agenda propositiva, a imediata obtenção de um pacote direcionado ao setor cultural e que deve ser exigido pela sociedade em todas as instâncias de poder.

Realizaremos ato nacional no próximo dia 27 de março, respaldados pelo apoio já recebido a partir do manifesto supra citado, com a finalidade de reivindicar às esferas governamentais as medidas necessárias para o enfrentamento da crise no setor  Cultural.

Como foco do ato teremos a mobilização em torno da redução da carga tributária para o segmento cultural e contra o contingenciamento da verba do Ministério da Cultura, propostas presentes no manifesto e que já contam com ampla adesão. Considerando outras medidas que ajudem a reduzir a crise no setor, o Instituto Pensarte propõe o debate de propostas que visem a:

– investimento em infra-estrutura;

– crédito subsidiado e facilitado; e

– fundo autônomo para as artes, integralmente gerido pela sociedade, com orçamento pelo menos igual à renúncia fiscal.

Diante das evidências e movidos pela certeza da unidade de forças, vimos a público convidar a todos para participar de um movimento nacional articulado, suprapartidário, que conta com artistas, produtores, gestores públicos e privados, técnicos, organizações culturais e empresários em torno de medidas que valorizem o setor cultural, reconhecendo a posição estratégica que deveria ter  na sociedade brasileira.

Este movimento foi iniciado por um grupo de entidades culturais e busca adesão em todas as instâncias, públicas e privadas. Não é de oposição. Busca o reconhecimento de esforços, parceria e diálogo com os poderes públicos nas esferas municipais, estaduais, federal em torno de uma agenda política concreta e positiva para a cultura.

Será a oportunidade de entregarmos o manifesto pela redução de impostos, que precisa de mais assinaturas para legitimar e reforçar o movimento, que atinge todas as esferas da sociedade. Além do manifesto já mencionado, Menos impostos para a cultura, mais desenvolvimento para o Brasil, temos outros dois que circulam pela rede, Pela revisão da Lei Complementar 128/08 e Produtoras de cinema não se beneficiam mais do Simples. Chegou a hora de juntarmos esforços e, unidos, a partir da Cultura, lutarmos em prol do Brasil.


author

Presidente do Instituto Pensarte, professor, advogado formado pela USP, mestre em filosofia do direito e do Estado, autor e ex-editor jurídico da Editora Saraiva.

9Comentários

  • Leonardo Brant, 13 de março de 2009 @ 20:55 Reply

    Temos uma boa notícia, publicada pelo blog Babel, da Ana Paula Sousa. O governo resolveu voltar atrás em relação à LC 128.
    sss://anapaulasousa.blog.terra.com.br/2009/03/13/governo-volta-atras-e-muda-o-imposto-da-cultura/

    Mas a luta apenas começou. Ainda temos uma batalha no Congresso. E um pacote pró-cultura para aprovar. Abs, LB

  • :: CULTURA E MERCADO :: Rede de Políticas Culturais » Blog Archive » A crise não é econômica, é ética. E cultural, 13 de março de 2009 @ 21:10 Reply

    […] isso, a importância da proposta de articulação nacional iniciada pelo Instituto Pensarte. Precisamos deixar as diferenças de lado e criar um laço de […]

  • salvou minha vida, 16 de março de 2009 @ 10:32 Reply

    otimo artigo
    literalmente salvou minha vida sou um artista e apoio esta causa

  • Artividade Projetos Culturais, 17 de março de 2009 @ 9:42 Reply

    Apoio a iniciativa. Temos que nos unir. Parabéns ao Instituto Pensarte, Leonardoe Fabio meu abraço. Vilma Fernandes

  • Carlos Henrique Machado Freitas, 17 de março de 2009 @ 13:39 Reply

    Fabio
    Temos oportunidade de discutir os rumos das políticas culturais, neste momento, de uma das mais profundas crises da histíria.
    Analistas, tanto no Brasil quanto no exterior, têm reiterado que o Brasil tem todas as chances de ser menos afetado e, ainda sair da crise fortalecido diante do mundo.

    Não precisamos ser ufanistas nem patrioteiros para acreditarmos nisso, mas pela nossa economia que tem um bom lastro de manobra e mantém fundamentos bem equilibrados e, por isso, aguenta bem o tranco, mas acredito no Brasil, sobretudo pelas suas naturais potencialidades.

    Terra, energia, água, reservas florestais, além de uma capacidade enorme no campo da tecnologia que vem tendo avanços significativos, ou seja, a potencialidade do homem brasileiro. E é também uma bela oportunidade para encerrarmos de vez com a tentativa de dizer que o governo Lula é a continuação de FHC.

    E é na cultura, no conceito, na maneira de enxergar o país, o povo, que temos uma visão decisiva que faz do governo Lula o melhor da história e, de FHC, o pior da nossa hostória republicana.

    Dia desses, vi no Blog de Gerald Thomas, o homem que descobriu o Nietzche brasileiro, o seguinte comentário do nosso ilustre dramaturgo:
    “Meu jogo se dá em nível mundial. Em toda e qualquer grande cagada que aconteça no mundo procuro identificar onde está o brasileiro que a causou”.

    Não estou preocupado com a frase cretina de Thomas, ele trabalha com a trinca, Veja, PSDB e ele próprio, dentro do universo da sua vaidade e auto-julgamento de rei da cocada preta. Nosso bufão shakspeariano, ultradireitista sempre se valeu de bundalelês, portanto, não vale uma análise mais extensa, fica no bundão mesmo.

    O que digo é que essa afinidade da frase dele coincide com a frase, também cretina, de FHC sobre duas questões que ele dizia ser um marco de modernismo na globalização. As privatizações, quando feitas por ele, torrando todo o patrimônio público e a compra indiscriminada de tecnologia ao invés de investir em nosso parque industrial e científico. FHC então, com sua célebre frase, naquele momento em que entregava o país no pior da especulação internacional, daqueles grupos barra pesada do lobbie, ele assim, como quem displiscentemente chuta uma latinha, disse: “o povo brasileiro não aceita a globalização porque é caipira”.

    Essa afinidade de FHC com uma pessoa que vive no universo cultural, no caso, Thomas, mostra que esse tipo de afinidade no campo central da economia nacional, a cultura tem papel estratégico sob o ponto de vista filosófico. E é nesse campo de ação que sempre bato.

    Observe uma coisa: quando Fernando Henrique disse textualmente que a privatização da CSN representava o fim do trabalhismo da era Vargas, ele não só destruiu um pastrimônio humano de 60 anos de know how da tecnologia de aço, mas também rasgou todo um processo de estudo científico sobre a cultura viciada, não exatamente na era Vargas, mas naquele período, entr 1922 até, praticamente, os anos 60, onde tivemos invasão de formas e formas na cultura brasileira. Isso foi tão sério, Fabio, que imdiatamente após a privatização e o surgimento da Fundação CSN, toda a base da nossa história liga da ao esporte e a arte, sobretudo a música, foi destruida. Simplesmente, cada um daqueles pontos que ligavam a história da cidade de Volta Redonda e, consequentemente, com o início da história industrial do Brasil, foram destruidos. Então, a CSN pega a banda de música que nasceu junto com a cidade e tocava um repertório de compositores brasileiros, destrói e passa a viver somente de Lei Rouanet, com uma orquestra normalmente feita por um catado, com uma orientação cultural completamente alheia ao país.

    Como já disse aqui mesmo, essa orientação rodou o Brasil todo, várias foram as matrizes brasileiras destruidas para dar lugar a esse tipo de prática. Muitas cidades abandonaram as suas histórias para mergulhar em um universo artístico que nada tem a ver com as suas memórias afetivas.

    Voltando à comparação de Lula com FHC, quero lher que, Lula, ao contrário de Fernando Henrique, quando resolveu, através dos estaleiros brasileiros, fazer aqui mesmo as novas plataformas da Petrobrás e quando recuperou o estaleiro de Angra dos Reis, ele conseguiu recuperar bastante da nossa cultura, absorveu bastante daquela mão-de-obra, jogada no lixo por FHC, com essas novas frentes de trabalho. Lógico que, privatizada a CSN, o fomento à pesquisa aqui foi anulado.

    É evidente que estamos, nós aqui de froa, produtores, artistas e etc. perdidos, da mesma maneira em que está o Ministério da Cultura. Estamos tentando encontrar o fio dessa meada, ou os vários fios de um país que foi picotado, não perdendo a sua identidade, mas perdendo a sua unidade. E o que assistimos são várias manifestações isoladas que não se estendem sequer em pensamento, um país que, pela alma, pela sua cultura, pela sua maneira de ser, é naturalmente interligados. O que precisamos agora é estabelecer práticas que nos devolvam essa unidade. Não há nada de resquício de xenofobia, nem um traço sequer do que acontece hoje na Europa que não quer mais estrangeiros lá. Nós continuamos com o nosso espírito tupi/guarani, somado às nossas matrizes raciais com negros e portugueses, absorvendo conhecimento com tantos imigrantes que se tornaram brasileiros e fizeram do Brasil essa aquarela racial e que, sem dúvida, é o nosso grande potencial neste quesito, cultura. No entanto, está mais do que na hora de pararmos de comprar fórmulas alheias à nossa realidade em todos os campos da atividade cultural, na forma e no conteúdo, na promoção e execução, mas, sobretudo buscando independência. E é neste momento da busca por independência, que voltaremos a rediscutir o país, o homem brasileiro e, consequentemente, teremos de volta o status de representantes de uma sociedade.

    Isso q ue estamos assistindo, mai parece uma guerra de condomínios brigando com a prefeitura em frente ao prédio, por uma reforma.

    Apaludo as suas sugestões e observações, porém, devemos ter uma atitude à altura do resultado que queremos ter.

    Um grande abraço e parabéns por levantar essa questão.

  • Ricardo Barradas avaliadordearte, 17 de março de 2009 @ 22:07 Reply

    Apoio a iniciativa. Temos que nos unir,sim como já disseram acima,mas ainda precisamos objetivar políticas institucionais,bem simples mas urgentes,eminentes,como em uma imagem adicionada,dar créditos ao fotógrafo,ao editor,e o autor da obra.E politicamente incorreto,ilustrar um artigo como este,com uma imagem que tem propriedade,e negligenciar este fato.O povo brasileiro,deve mudar o pensamento colonialista quanto ao público,tem que deixar de achar que o bem por ser público,não tem dono,afinal tem dono sim,sempre,mesmo quando estiver no periodo de domínio público,passa a ter vários donos,todo o povo brasileiro.

    A imagem acima é uma edição da obra “Candangos”,do Escultor brasileiro BRUNO GIORGI,(1905, Mococa, SP – 1993, Rio de Janeiro, RJ),que se encontra em Brasília,e por tanto deve ser celebrada e nomeada,afinal não existe,nosso direito,quando não respeitamos o direito alheio.

    Ricardo Barradas
    avaliadordearte
    Rio de Janeiro – Brasil.

  • Bernardo Bravo, 19 de março de 2009 @ 12:12 Reply

    Prezados, essa questão é de suma importância para o desenvolvimento do nosso setor e do pensamento crítico da nossa nação. Como leitor assíduo da discussão de vocês (sou compositor e graduando em direito, e pesquiso como TCC a política cultural brasileira), gostaria de trazer para dicussão a matéria que acabei de ler no site http://www.terra.com.br que fala sobre uma maior presença governamental na Lei Rouanet ( a matéria fala sobre mudanças nas porcentagens da empresa privada e do governo). A matéria está neste link sss://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3643391-EI6581,00-Nova+Lei+Rouanet+tera+maior+presenca+do+governo.html

    (não sei se será possivel acessá-lo daqui, mas em todo caso está na página principal do site). A matéria também fala que a partir das 14hs a terra magazine mostrará o que ficará definido (“Às 14 horas de hoje Terra Magazine mostra aos internautas o que já está pronto e decidido na nova lei.”).

    Ressalto que a opinião e o debate aqui fomentado é muito importante pra quem quer repensar a política cultural brasileira. Vários artigos e opiniões esclarecem e dissecam as vicissitudes desse setor. Gostaria de saber a opinião de vocês no que diz respeito a essas modificações (se elas atendem ou não às necessidades levantadas no artigo).

    Grato a todos.

  • daniel costadessouza, 25 de março de 2009 @ 12:16 Reply

    excelente proposta! apóio! mas senti falta de uma orientação mais clara sobre o que eu poderia fazer pra ajudar. existe um manifesto online? posso assinar? se tiver essa informação eu falo sobre o assunto no meu blog. acho importante orientar quem lê e se empolga com a ideia.

  • Eliana C. Teixeira de Freitas, 31 de março de 2009 @ 1:43 Reply

    Gostaria de ressaltar aqui, a importância deste segmento social,
    A CULTURA ,um campo livre, que assim deve permanecer, políticamente apartidário,para que se possa dialogar,com as autoridades que governam o paíz,de forma totalmente democrática,pois trata-se na Cultura de toda “Produção Humana”,então desta forma,respeitada e valorizada em todas as suas formas de expressão,isto é,na literatura,música,artes plásticas,cênicas,música,cinema,e tantas outras ,que caracterizam a criação cultural dos brasileiros.Assim portanto,reivindicar o “Direito à Democracia” Cultural,em suas necessidades,é um “Dever” de Todos.Uma Democracia,no sentido literal do termo, Cultural,Econômica,Social,Educacional e Política.
    Obrigada pela oportunidade
    Eliana C. Teixeira de Freitas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *