Matéria publicada hoje no Estado de São Paulo, assinada por Jotabê Medeiros, afirma que “fonte graduada do Ministério da Cultura confirmou ontem que o ministro da Cultura, Gilberto Gil, deve pedir demissão do cargo até o final desta semana. Gil terá audiência com o presidente Lula somente para tratar de sua saída”, como já anunciou ontem Cultura e Mercado. Confira a matéria na íntegra:

“Tem base na realidade”, afirmou a fonte. “Mas pode perfeitamente ocorrer o que aconteceu da última vez”, acrescentou. O que aconteceu da última vez foi que o presidente Lula conseguiu fazer Gil mudar de idéia e permanecer no cargo. O ministro interino, Juca Ferreira, chega hoje da Bolívia, após encontro com ministros da Cultura do Mercosul. O interino em exercício é Alfredo Manevy.

O ministro Gilberto Gil também acaba de chegar de sua turnê pela Europa e retoma as atividades artísticas no dia 2, quando fará show em Itaipava (RJ). No dia 8, vai a Curitiba (PR), e no dia seguinte toca em Florianópolis (SC).

Segundo o diário de turnê de Gil, feito pela sua assessora, Gilda Mattoso, é possível notar que – mesmo licenciado -, Gil exerceu funções diplomáticas e desfrutou do seu status ministerial durante a turnê. No dia 25, após show em Polignano al Mare (490 quilômetros de Roma, na Puglia, ao sul de Bari), Gil rumou para Roma, onde foi recebido pela secretária de Cultura de Roma, Cecília D”Elia, entre outras autoridades.

“O propósito era agradecer a Gil pois o governo da região se inspirou no projeto Pontos de Cultura e criou um projeto semelhante nas periferias das grandes cidades italianas. Eles conversaram sobre inclusão digital e fizemos uma visita aos subterrâneos do Palazzo, onde recentemente descobriram ruínas de casas romanas de até 2 mil anos atrás”, escreveu Gilda.

Na França, no dia 12, Gil recebeu em seu camarim Alain Le Vern, presidente da região da Alta Normandia, e Alain Rousset, presidente da Associação das Regiões Francesas, e também Laurent Fabius (ex-primeiro-ministro da França no governo Mitterrand). “Foi aquela troca de amabilidades. Eles deram a Gil duas garrafas de Armagnac, um livro sobre a Normandia e Fabius elogiou muito a nossa economia (ele foi ministro ou secretário de economia em algum momento, eu acho)”, relatou Gilda Mattoso.


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1Comentário

  • Carlos Henrique Machado, 30 de julho de 2008 @ 15:19 Reply

    Há uma coisa que sempre me incomodou em Gil, principamente depois da renovação de sua gestão. Sem perceber, Gil se referenciou excessivamente, pois vira e meche ele cita a tropicália como movimento de mudança de rumos. O que há de errado nisso? Como músico, nada, principalmente se estiver buscando se enquadrar numa faixa de mercado, mas trazer essa lógica para dentro do MinC, caimos no perigoso risco da cultura referenciada e, por essa lógica, no caso da música, Gil deixa muito a desejar. E, se o narciso acha mesmo feio tudo o que não é espelho, a contaminação do trauma coletivo vivido pelo músico Gil, chegou ao Ministério. Observar a cultura por ciclos em função das necessidades da sociedade é bem mais produtivo do que imaginarmos que os ícones, eleitos por vários fatores avessos à realidade, produzem heróis. A cultura brasilera, nos dias de hoje, precisa de tudo, menos de heróis. Essa idéia de grupo A e grupo B terem mudado o sentido das coisas, é exatamente a idéia da cultura doutrinária, partidarizada. Enquanto mantivermos esse discurso de cima para baixo, de uma sociedade que precisa o tempo todo ser civilizada e recivilizada, vamos continuar, nas questões fundamentais, patinando. As políticas de cultura no Brasil têm que ter a coragem de ler o pensamento do povo brasileiro, sem restrições, sem medos. Entregar ao povo de fato os rumos que ele quer tomar, alforria urgente e irrestrita para a cultura brasleira.

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