Em entrevista ao Cultura e Mercado, Lorena Coelho, gerente de patrocínio da Petrobras, destaca investimentos de longo prazo e diz que compromisso social faz parte da missão das estataisEntrevista a Sílvio Crespo

A Petrobras e a BR Distribuidora fazem um trabalho conjunto em patrocínios culturais ou são completamente separados?
São trabalhos separados, mas há uma parceria. O programa Petrobras Cinema, por exemplo, complementa a ação de patrocínio da BR Distribuidora. A BR tem um foco em festivais de cinema de longa metragem, novas produções de longas, restauração de longas etc. E nós, da Petrobrás, também incentivamos a cinematografia nacional, mas com foco em curta-metragem. O programa tem cinco ações: a que tem a seleção pública é a produção de novos curtas-metragens. Nesse momento estão sendo analisados mais de 600 roteiros. Há também o apoio aos dois maiores festivais de curtas-metragens, no Rio e em São Paulo, o Porta Curta Petrobrás, o primeiro site da Intenet que passa curtas metragens brasileiros, além dos projetos Curta Petrobrás às 6 e Curta Petrobrás no Cinema.

Os programas da Petrobras costumam ser investimentos de longo prazo, com continuidade. Isso quer dizer que a empresa vê a cultura como um processo, e não como uma série de eventos?
Com certeza. Todo investimento da Petrobras é de longo prazo e visa, de fato, desenvolver o país. Tanto com o business dela, quanto nessa ação de patrocínio. A continuidade, para nós, é muito importante. Nós somos a única empresa do mundo que tem um patrocínio a uma orquestra há 15 anos. É um trabalho de formação de platéia, de novos regentes, de novos instrumentistas, por meio de concursos… O programa Petrobrás Música está na primeira edição, mas a idéia é de continuarmos com ele, até porque a demanda dos projetos é de extrema qualidade, com nível técnico de primeira linha.

A Petrobras começou a trabalhar com a cultura brasileira antes de existirem as leis de incentivo…
Bem antes. A Petrobras patrocina uma orquestra há 15 anos. Mas desde o ano de 2000 nós temos investido mais na área cultural com a criação de alguns programas, de artes cênicas, artes visuais e cinema.

Quando a Petrobrás começou a patrocinar essa área, ainda não estava tão presente no mercado o hábito empresarial de incentivar a cultura. Desde aquela época a Petrobrás já pensava no investimento cultural como uma estratégia de marketing?
Primeiro, isso reflete uma missão da empresa de responsabilidade social em todas as áreas da companhia – segurança, meio ambiente… Na área de comunicação empresarial, como temos um país com uma diversidade cultural tão grande, podemos também estimular isso. Que faz parte do pensamento empresarial da Petrobrás.

Entre as empresas que mais que mais investem em cultura, a maior parte é de estatais – a Petrobrás, o Banco do Brasil e outras. A que você atribui este fato?
Faz parte da missão das estatais investir no Brasil com um compromisso social, no sentido amplo. Investir em cultura é um compromisso social. Mas há empresas privadas que fazem trabalhos belíssimos, como a Brasil Telecom, a Telefônica e outras. Enfim, hoje em dia não é um privilégio da estatal fazer o patrocínio cultural. Existe um leque maior que está aumentando. Acredito que teremos outras linhas de política cultural além das leis de incentivo. Acho importante que comecem a mobilizar as empresas de médio porte para que se dediquem a esse incentivo. E é bom que o façam, pelo Brasil e pela imagem delas.

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