Em 2012, o canal Sony passará a exibir toda a programação dublada, num processo que vem acontecendo gradativamente. Um dos principais motivos é o aumento considerável do número de usuários da TV por assinatura — que pulou de quatro para quase 12 milhões em cinco anos — e a consequente mudança de perfil deste grupo.
Hoje, a TV paga está cheia de grades com 100% de suas atrações exibidas na língua portuguesa: alguns exemplos são TNT, TCM, Space e grande parte dos canais infantis e juvenis. Pioneira na dublagem (desde 2007 exibe séries e filmes neste formato), a Fox hoje também oferece a opção de som original com legendas. Em entrevista ao jornal O Globo, em agosto, o diretor de marketing da Fox Channels do Brasil, Marcello Braga, afirmou que a maioria das pessoas gosta de receber o conteúdo em português porque muitos dos novos usuários se habituaram à dublagem na TV aberta.
Mas em pesquisa realizada no site da Revista da TV, 80% dos leitores disseram preferir assistir a programas com som original e legendas, enquanto 8,24% se mostraram adeptos da tecla SAP (som original, sem legendas) e outros 8,24% afirmaram gostar da dublagem. Para 3,53%, tanto faz.
O fato é que já podem ser vistas alterações no mercado. Sócio da Drei Marc, Marcelo Carvalho conta que a empresa de legendagem começou, em 2009, a investir também no segmento de dublagem. “Nós nos estruturamos para atender a esta demanda que só vem crescendo. Os motivos são evidentes: o bom momento que vive a TV paga, aliado a maior penetração fora das classes A e B. Um estudo da ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) divulgado este ano concluiu que 76% da classe C prefere assistir à programação dublada”, afirma.
Já quem faz apenas legendas tem visto seu volume de trabalho diminuir. Moacyr Lopes, sócio da Gemini Media, afirma que a tendência é ter todas as opções à disposição do assinante, mas acha que os canais estão demorando a oferecer essa abrangência. Responsável pelo português falado em “The listener”, na Fox, a empresa também partiu para a dublagem e aposta num terceiro caminho para o impasse. “Nossa proposta é diminuir a rejeição das classes A e B fazendo uma dublagem diferente daquele estilo ‘Sessão da tarde’, pasteurizado e afetado, com mais cuidado na tradução, sendo fiel ao original. O mercado pede isso”, diz Moacyr.
Dono dos estúdios de dublagem Wan Macher, responsável pela versão dublada de séries como “Two and a half men”, “The mentalist”, “Vampire diaries” e “Fringe”, exibidas aqui pela Warner, Leonardo José compartilha da mesma opinião. No ramo há mais de 30 anos, ele afirma que a rejeição ao produto em português vem, muitas vezes, da qualidade do serviço. “Entre os telespectadores, temos crianças que não sabem ler; adolescentes que ficam no computador e ouvem o som da TV; o sujeito que, depois do trabalho, quer jantar vendo um filme; e idosos, que não enxergam as letrinhas pequenas. Eles querem filmes dublados. Alguns diletantes acham que isso modifica a história, mexe na arte, o que é bobagem, porque a legenda é mais concisa.”
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*Com informações de O Globo Online