Edward Jay Epstein, autor do livro “O Grande Filme”, sobre as relações de poder em Hollywood, começa sua palestra. O jornalista e escritor norte-americano acredita que teremos mais acesso à diversidade, com produções mais baratas, consolidando o multiprotagonismo e a autorrepresentação.
Epstein participou agora pela manhã da Jornada Ctrl-V :: VideoControl, que marca o lançamento de um webdocumentário com o mesmo nome e comemora a abertura da RAIA – Red Audiovisual Iberoamericana. O evento vai até amanhã e discutirá aspectos de regulação e funcionamento do mercado audiovisual.
Ele falou da relação entre Hollywood e a nova (r)evolução digital e o uso do material audiovisual multiplataforma, que já é uma realidade e incomoda o sistema pré-concebido de controle e concentração de poder nas mãos de 6 conglomerados de mídia que monopolizam o mercado de imagens no mundo.
O jornalista aponta os planos da indústria de colocar ciberlockers para dificultar o acesso a conteúdos protegidos por propriedade intelectual e diz que Hollywood vem diminuindo sensivelmente a produção de filmes baseados em licenciamentos de super-heróis, por exemplo. “Há um crash na cadeia formada por videogames, brinquedos, merchandising, TV fechada e aberta, HomeVideo e salas de cinema”, diz o especialista.
“Hollywood produz cada vez menos nessa lógica e a produção deve cair ainda mais, com orçamentos menores”, enfatiza Epstein. “Não estou falando de futuro. Estou falando de um fenômeno que já está acontecendo hoje.”
Segundo Epstein, Hollywood não desaparecerá mas terá de ceder espaço a um novo mercado, pois não é possível se apropriar da enorme e diversa produção. “De 300 filmes por ano realizados nesse modelo, acredito que chegará em pouco tempo a 50 filmes por ano.”
Com intensa participação do público, que compareceu em grande número ao Arts Santa Mònica, situado nas Ramblas, um dos pontos mais visitados da Barcelona, Epstein foi questionado sobre o futuro do star-system. “Hollywood não precisa do star-system como existe hoje deve desaparecer”, segundo o autor.
“Você conhece RedBox (caixa vermelha)? A nova invenção da indústria é um serviço de aluguel de filmes por U$ 1”. Segundo Epstein é um sucesso de público e mostra a capacidade de gerar novas possibilidade de monetização dos conteúdos e a capacidade de adaptação de Hollywood às mais diversas situações de mercado.
O surgimento da TV, do VideoCassete e mais recentemente, da Internet, são desafios sempre superados por Hollywood, mas que exigem uma rápida adaptação do modelo de negócios e esses grandes conglomerados têm demonstrado uma capacidade enorme de adaptação.
Perguntado por Roberta Milward, diretora de produções do Ctrl-V, sobre a regulação da Internet, Espstein lembra a todos que a Internet se consolidou a partir de uma estratégia de segurança dos Estados Unidos e isso fez com que fosse desde o princípio, controlado e regulado pelo Estado. Mas diz que a situação fica mais complexa quando analisada fora dos EUA.
O cineasta boliviano Humberto Mancilla, um dos fundadores da RAIA, pergunta quanto tempo mais suportaremos Hollywood e sua predominância sobre o nosso imaginário? Para Epstein “Hollywood é um projeto de indústria e também um projeto de Estado. Enquanto houver domínio político norte-americano haverá Hollywood.”
O resumo das falas estará disponível, em breve, no site ctrl-v.net, onde a primeira parte do webdoc Ctrl-V::VideoControl já pode ser visto.