A Lei Rouanet precisa ser melhorada. A opinião é do próprio ministro da Cultura, Gilberto Gil, que diz estar “considerando”, desde que assumiu o ministério, a necessidade de reformular a lei que permite a isenção fiscal a partir da destinação de recursos para a produção artística (Lei 8.313, de 1991).A Lei Rouanet precisa ser melhorada. A opinião é do próprio ministro da Cultura, Gilberto Gil, que diz estar “considerando”, desde que assumiu o ministério, a necessidade de reformular a lei que permite a isenção fiscal a partir da destinação de recursos para a produção artística (Lei 8.313, de 1991).

De acordo com o ministro, a legislação tem permitido, entre outras coisas, que as empresas invistam apenas em espetáculos e ações de grande visibilidade, em sua maioria, na Região Sudeste e ao longo do litoral.

“É necessário corrigir mecanismos na lei que permitam o cumprimento da exigência de regionalização, do compromisso com a produção artística local”, disse Gil à Agência Brasil enquanto retornava de sua viagem de dois dias ao Amazonas.

Gil promete levar o assunto ao Congresso Nacional ainda este ano e garante que reivindicações da classe artística, como a possibilidade de o Estado promover investimentos diretos, com orçamento próprio, serão levados em consideração.

“Isso tem de estar casado com a capacidade orçamentária do ministério. Para você transformar aportes que estão vindo de renúncia fiscal em aportes que venham diretamente do orçamento, através de uma lei de fomento à produção artística, é preciso uma melhoria do nosso orçamento. Com o atual, não podemos fazer isso.”

Em linhas gerais, setores da classe artística defendem que o próprio ministério poderia administrar a aplicação dos recursos obtidos com a lei, tirando dos departamentos de marketing das empresas o poder de escolher onde investir.

Gil visitou o Amazonas acompanhando a comitiva liderada pelo ministro extraordinário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger. Até a chegada de Gil, na tarde da última quinta-feira (17), o grupo já havia visitado Belém e Santarém, no Pará. A viagem serviu para que autoridades federais e o grupo que assessora Mangabeira Unger discutissem com governadores, secretários estaduais, prefeitos, empresários, acadêmicos e representantes da sociedade civil, um projeto de desenvolvimento econômico sustentável para a região.

Gil classificou a viagem como “surpreendente”. “Mais que estimular [a reflexão] sobre o fortalecimento dos programas ministeriais existentes e a criação de novas ações para a região, a viagem nos estimula a propor uma atuação mais articulada com essa perspectiva de que todas as ações devem contribuir para a construção de um programa como o proposto pelo professor Mangabeira”, disse, em alusão ao documento de dez páginas escrito pelo ministro de Assuntos Estratégicos e apresentado como “uma provocação ao debate”, e não como uma sugestão de programa ou proposta oficial.

Ao visitar ontem a Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, próxima a Tefé (AM), o ministro chegou a propor a criação de pontos de cultura no local.

“Isso pode ser feito diretamente pelo ministério, mas o ideal é que já venha de um convênio de compartilhamento de recursos com o governo estadual. Poderíamos fazer uns cinco ou seis pontos de cultura nas reservas ecológicas Mamirauá e Amanã”, disse Gil, sugerindo que, para aproveitar o sistema hidroviário, os equipamentos funcionassem em barcos, principal meio de transporte local.

Fonte: Agência Brasil


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3Comentários

  • Carlos Henrique Machado, 22 de janeiro de 2008 @ 9:45 Reply

    Região sudeste?
    O correto é, grandes centros, “capitais da região sudeste”. Mesmo na região sudeste, no interior, a grande maioria de artistas não tem a menor idéia do que seja lei Rouanet!! O MNIC precisa ser um órgão mais leve, ágil e, sobretudo, menos burocrático. Está faltando sensibilidade humana. Cultura é, antes de tudo, uma manifestação de caráter eminentemente humano.

  • Rodrigo Gerstner, 22 de janeiro de 2008 @ 11:26 Reply

    O leitor Carlos Henrique Machado está certíssimo: o governo distorce a Região Sudeste. Aqui mesmo no estado do Rio, em Campos, um dos municípios mais ricos do país, só houve até agora uma única ação cultural patrocinada com a Lei Rouanet.

  • Sergio Willians, 22 de janeiro de 2008 @ 18:10 Reply

    A lei Rouanet é uma coisa maravilhosa para a produção artística nacional. Porém, ficar nas mãos dos diretores de marketing das empresas é uma situação desesperadora. É um desgaste enorme tentar convencer cada um deles a investir no seu projeto. E, por melhor que ele seja, o valor destinado muitas vezes é irrisório. Contudo, deixar nas mãos do MinC a verba total é um risco enorme. Um prato cheio para desvios e corporativismos.

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