O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) lançará, em agosto, um indicador que medirá os dados sobre o desenvolvimento da cultura no país. O Indicador de Desenvolvimento Cultural (Idecult, nome provisório), já está pronto, faltando apenas alguns debates para sua divulgação.
“O Idecult dará uma noção maior de quais são as áreas mais carentes de fomento e fruição cultural e poderá resultar na formatação de políticas públicas para essas regiões”, disse o pesquisador do Ipea Frederico Barbosa, criador do Idecult.
Para aferir os dados, o Idecult usa cinco índices: o número de domicílios consumidores de cultura; o gasto privado com cultura; o número de domicílios ocupados em funções estritamente culturais, medidos pelo Código Brasileiro de Ocupações – CBO, o que mede as atividades econômicas culturais (por meio do Cadastro Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e o que mede o número de equipamentos culturais dos municípios.
A medição do CBO é sobre os profissionais que produzem cultura, e inclui arquitetos, publicitários e artesãos. Já a do CNAE leva em consideração as empresas ligadas ao setor cultural, como, por exemplo, as livrarias e vídeo locadoras. Quanto ao consumo cultural, mensura dados sobre o número de vezes que a família foi ao cinema ou o número de livros que comprou em um ano, por exemplo.
Dividido pelas 137 mesorregiões do Brasil (regiões com geografia, sociedade e economia similares), o Idecult mostra que 10% das riquezas geradas pela cultura do país ficam concentradas nas regiões metropolitanas brasileiras.
O indicador leva em conta cinco índices diferentes, que medem tanto a produção e o fomento culturais nos municípios quanto o consumo cultural da população.
Além do dado sobre a concentração nas regiões próximas às capitais, apenas 19 mesorregiões superaram o índice de 0,47 – assim como o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), o Idecult é medido de 0 a 1 – o que significa que, na grande maioria dos municípios, a oferta e o consumo cultural são muito baixos.
Entre as mesorregiões mais desenvolvidas culturalmente – e aí estão incluídas as regiões metropolitanas –, 13% ficaram com o indicador entre 0,47 e 0,87. Entretanto, nos pequenos municípios, com menos de 10 mil habitantes, pelo menos 54% dos domicílios realizam pelo menos um gasto com cultura por ano – o que significa comprar um livro ou ir ao cinema.
Este número é mais de 20% maior nos 13 municípios brasileiros com mais de 1 milhão de habitantes: chega aos 77%.
Entre as regiões do país, a que tem o maior percentual de domicílios que realizam este gasto é a Sul: 84,5%.
Outro dado relevante do Idecult: apenas 4% dos municípios são responsáveis por 74% do consumo cultural do país.
O indicador também mede a situação de trabalho no setor cultural. De acordo com os dados apresentados por Barbosa, aferidos pelo Cadastro Nacional de Atividades Econômicas (Cnae), um dos índices do Idecult que mede a participação das empresas culturais, os empregados na área são 4% do total brasileiro.
Nas maiores cidades do país, o número é quase o dobro: 7,7%. Do total destes empregos, 41% são informais – número muito maior nos municípios com menos de 10 mil habitantes, que é de 70%.
Já os dados do Código Brasileiro de Ocupações (CBO), também levados em conta para a medição do Idecult e que avaliam o número de profissionais culturais – entre eles, arquitetos, publicitários e artesãos – mostram que 1,148 milhão de pessoas no país trabalham no setor cultural. Elas representam 1,7% das ocupações nacionais.
O índice aponta, ainda, que 62,9% dos profissionais culturais estão na informalidade. No teatro, o número é ainda maior: 80%. Mostra ainda que essas profissões remuneram, em média, 53% a mais que as outras ocupações – no Distrito Federal, a remuneração média é de R$ 1,49 mil, enquanto no Maranhão, a média é de R$ 306.
1Comentário