Com sua licença, venho postar um texto de Pedro Dória, na página online do Estado de S. Paulo que vale a pena: o Link. Uma boa reflexão sobre os tempos de internet, compartilhamento, tendências, privacidade, consumo e cultura… VALE!

Mark Zuckerberg quer dominar a internet. Seu plano tem método e se ancora na identidade de cada um. Há quase meio bilhão de pessoas que usam o Facebook com frequência. Estão entre os usuários mais ativos da internet. O Facebook sabe quem são os amigos destas pessoas, conhece seus hábitos de consumo e suas preferências culturais. Conforme mais e mais sites de serviço se aliam ao Facebook, mais o Facebook saberá sobre nossas vidas. E esta informação estará a venda.

O Facebook quer chegar ao ponto em que se alguém sabe quem é quem na internet, se uma única empresa sabe como vender o que para cada um de nós, será ele próprio. A identidade digital de todos nós será um perfil no Facebook.
Mark Zuckerberg não é o primeiro a querer dominar a internet. É só o último de uma história comprida que só. E o conceito de o que é “dominar a internet” tem variado um bocado.

Começou com a Guerra dos Browsers. Foram emocionantes os últimos anos da década de 90 do século passado. A web se popularizou por causa do primeiro software de navegação gráfico – o Mosaic. No topo da onda, o jovem estudante que havia escrito o programa se juntou ao fundador da Silicon Graphics e juntos eles puseram na rede o Netscape.

O raciocínio de Mark Andreessen, o programador, e Jim Clark, o executivo, era de que nossa base computacional deixaria de ser o sistema operacional do micro e pularia para a web. Um raciocínio ousado: nosso correio eletrônico, agenda, textos escritos, relatórios – tudo na web. A Microsoft, que tinha total monopólio do modelo antigo com seu Windows, entrou em pânico e partiu para a guerra aberta, total.

Embora o Explorer da Microsoft ainda esteja aí e o Firefox, baseado no Netscape, também tenha seguido uma carreira de sucesso, ambas perderam.

Assim como é irrelevante qual o sistema operacional que qualquer um use, hoje, tampouco importa qual o browser. Porque o domínio da internet passou a ser de outra ordem: quem controla o acesso a informação?

É o modelo Google que dominou os últimos dez anos. Conforme a internet cresceu, tornou-se impossível acompanhar toda informação em toda parte. E ao se transformar em site-centro de toda a internet, o Google foi além descobrindo um modelo de negócios.

Propaganda. E propaganda barata emaranhada nos resultados de busca a um custo de centavos por clique.

Logo os engenheiros perceberam que podiam ir além. Bastava oferecer serviços para donos de sites pequenos ou grandes. Caixas de busca, ferramentas de análise de tráfego, assinaturas por RSS. Tudo sempre uma boa desculpa para inserir um código do Google no site e, portanto, mais um pedaço da internet no qual o Google pode vigiar o usuário que passeia.

Há uma diferença. O Google acompanha cada página visitada, consegue encaixar a propaganda certa para o usuário de acordo com seu padrão de navegação mas, muitas vezes, não sabe de quem se trata.

Para o Facebook, não basta. E um novo conceito de o que é dominar a internet nasce. Cada usuário que navega pela rede tem nome e sobrenome. E ferramentas começam a pipocar em sites diversos – o botão de “curtir” e o login são apenas o início.

Mas o que é realmente dominar a rede? Quem controla a estrutura de endereços da internet é o Departamento de Comércio dos EUA. Praticamente todas as interconexões de servidores são feitas por roteadores de uma só empresa, a Cisco. O governo chinês filtra quase tudo que seus cidadãos veem com considerável sucesso. A internet já tem quem a controle faz tempo.


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Repórter. Escreve sobre pessoas, convergência e cultura.

2Comentários

  • Wellington R Costa, 9 de junho de 2010 @ 23:23 Reply

    Vamos a algumas considerações:
    – nem todos do Facebook tem nome e sobre nome, muitos são personas virtuais anônimas.
    – quem se interessa por privacidade pode encontrar meios de navegação anônimos significativos; meios estes que garantem relativamente uma privacidade. Há de fatos muitos artigos ensinando como navegar anonimamente sem deixar rastros…
    – Um novo programa de proteção foi criado e poderá ser de uso simples e elevara a privacidade dos que navegam, os blogueiros que usam para medir a popularidade de seus sites (fator gerador de renda) terão que achar outros métodos de monitoramento do comportamento de seus visitantes. Ou seja a tecnologia atribuída ao facebook de monitoramento esta disponível de modo gratuito a qualquer blogueiro;quem estiver lendo esta mensagem poderá estar deixando a disposição dos gerenciadores desta página informações como de onde conectamos, quanto tempo permanecemos conectados, pra que pagina seguimos depois desta, etc… e isso vale para qualquer blog… ou seja o facebook é apenas um de milhares que monitoram todos…

    Ou seja as mesmas tecnologias que nos tiram nossa privacidade podem devolve-la se assim desejarmos… Faça um teste , crie um perfil no face book ou orkut anônimo e vivencie plenamente sua privacidade. Sim a Internet tem quem tente controla-la… mas vide a blogueira que quebrou a ditadura cubana de filtragem ou as dezenas de dissidentes chineses … viva os hackers que nos devolvem nossa privacidade com os programas que criam. Quem deseja privacidade basta buscar que tem como obte-la.

    • Luana Schabib, 10 de junho de 2010 @ 17:45 Reply

      Amigo, as informações que vc passou são relevantes, mas fato é que eu fiz o teste e quebrei a privacidade de muitos usuários do facebook, vi suas fotos com cadeado, e informações fechadas, só procurando em buscadores como o google. fácil assim, ou acessando via links de outros usuários.
      as redes sociais são extremamente populares e por isso precisam ser regulamentadas, os direitos de não ter suas informações pessoais (aquelas que preenchemos ao entrar em uma rede) difundidas. há um tempo atrás, o google foi questionado pelos EUA por ter usado as informações do IP e Wireless de residências, para fazer o google street view…..

      saber para onde essas informações estão indo – se é só para um mercado que quer conhecer seu consumidor, ou se é para planejar outros tipos de ações – é importante nos dias de hj. importante é não subestimar as redes sociais. e vamo que vamo!!!
      abraço amigoo!!

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