Em entrevista exclusiva a Cultura e Mercado, a nova secretária da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura fala dos desafios do novo Ministério da Cultura, que está finalizando o processo de reestruturação para o novo mandato, em relação à cidadania, diversidade, gestão pública e o legado do programa Cultura Viva.

Ensaísta e consultora, Marta Porto se graduou em jornalismo. Já no início de sua carreira, decidiu trabalhar para tentar mudar a realidade, em vez de reportá-la; nos diversos cargos públicos, privados e em organismos internacionais que ocupou, esteve sempre à frente de projetos voltados para os campos cultural e social.

A experiência na implementação de ações continuadas, em órgãos públicos e empresas, tornou-a uma especialista em políticas culturais e de comunicação. E apontou um caminho estratégico, que hoje se confunde com o que Marta enxerga como opção viável de combate às desigualdades: ação escorada no pensamento, transformação de imaginários coletivos, formação de redes sociais.

Autora de artigos e ensaios publicados na imprensa, em coletâneas de livros e revistas especializadas, foi diretora da (X)Brasil, escritório de comunicação por causas, de onde se licencia para assumir o novo cargo no MinC.

Leonardo Brant – Como diversidade converge com cidadania?

Marta Porto – A diversidade em si não promove cidadania. Para que isso aconteça é preciso estimular um ambiente de trocas e diálogo de saberes, práticas e experiências culturais. Reconhecer as diversas tradições e expressões contemporâneas da arte e da cultura é uma condição para uma política cultural de respeito e promoção da diversidade, mas a cidadania – participativa, solidária e consciente – vem a partir das trocas, de um imaginário rico onde pessoas diferentes reconhecem e valorizam o conhecimento e a produção diversa da sua.

Cidadania se estimula com alteridade e não só com diversidade. E se consolida quando desenvolvemos esses valores e oportunidades na trajetória de vida das crianças, dos jovens e de cada indivíduo na sociedade. Por isso, tenho dito que a cidadania é um propósito, um fim, e diversidade uma matriz que ao dialogar com a ética e os valores universais da democracia, respeito ao próximo e garantia de direitos, contribui para uma sociedade de bem estar, mais humana e justa.

LB – Quais são as prioridades da Secretaria de Diversidade e Cidadania?

MP – Promover esse ambiente de trocas e intercâmbios culturais a partir de uma política de reconhecimento e fortalecimento das diversas expressões culturais brasileiras, tradicionais e contemporâneas.

Priorizar uma política de desenvolvimento cultural para as crianças e jovens, reunindo o conhecimento acumulado no país nessa área e as práticas e metodologias culturais existentes – dos mestres e artistas populares as ações educativas promovidas em espaços culturais ou escolas informais. Estamos trabalhando com a noção de trajetória, ou seja, um processo que ao longo dos anos vai criando as condições para que a experiência cultural se fortaleça na vida de nossas crianças, a partir das suas identidades, mas sempre buscando a curiosidade pelo novo, pelo diverso.

A  Ministra Ana de Hollanda me pediu que trabalhasse para fazer da política cultural um dos pilares da formação cidadã no Brasil, e vamos trabalhar com esse objetivo maior. Gerar oportunidades para que todos os brasileiros, e não só os produtores e artistas, participem da vida cultural do país.

LB – Como você encontrou o programa Cultura Viva e como pretende entregá-lo?

O programa Cultura Viva é um dos grandes legados que recebemos, ele rompeu com uma lógica de fomento no Brasil ao reconhecer a importância e a vitalidade da produção cultural existente em todos os cantos do país. Para que ele se consolide como um programa de Estado é importante determinar as condições políticas e de gestão de avanço. Nos últimos anos o programa sofreu das dores do crescimento, com a ampliação das redes de pontos de cultura e o crescimento de editais e prêmios sem ainda contar com uma estrutura sólida de recursos humanos, de gestão e acompanhamento que evitasse problemas na ponta ou junto aos órgãos de controle do Estado. E esse é um grande desafio. Estamos fazendo encontros com as instituições que avaliaram o programa nos últimos anos, como o IPEA, o Instituto Paulo Freire, a Uerj, a Fundação Casa de Rui Barbosa para entender como podemos promover esse avanço com base na própria escuta feita nos Pontos e Pontões de Cultura e nas recomendações sugeridas nas pesquisas. Nem todos os problemas são do marco legal, como muitos vem atribuindo, pois apesar de não ser o adequado, vários programas do Governo Federal nos últimos anos encontraram boas soluções para trabalhar em conjunto com a sociedade.

É necessário também pensar na renovação dos projetos contemplados pelo Programa, garantindo que seus princípios se consolidem ao abrir perspectivas para outras iniciativas e não só a manutenção das já existentes.

Em especial, quando se inicia o processo de implantação das Praças do Pac, esse princípio de identificar em cada localidade iniciativas e projetos culturais que possam se articular com as Prefeituras na dinamização desses espaços, ganha uma força extraordinária. Atender a ideia original de renovação, considerando que o Estado não pode e não deve, consolidar uma espécie de rede de privilegiados culturais, é fundamental para democratizar o acesso aos meios que dispomos.

Não cabe a mim sugerir como o programa será “entregue”ao final dessa gestão, pois o Cultura Viva se alimenta da dinâmica cultural própria da sociedade, mas o que posso me comprometer em nome da equipe do Ministério da Cultura, é trabalhar para consolidá-lo como programa ao trabalhar a sua relação com outros programas e políticas de governo, como os de promoção da igualdade racial, de gênero, de atenção aos direitos humanos e a infância e juventude, dentre outros. E, claro entregá-lo em boas condições de gestão e transparência de resultados.

LB – Como você enxerga a relação entre o Cultura Viva e a cultura digital?

MP – É uma relação natural e importante. Na verdade, a cultura digital faz parte da noção maior do Cultura Viva, pois as produções estéticas contemporâneas cada vez mais convergem para o universo das tecnologias digitais. Tenho desenvolvido esse tema em meus últimos artigos e ensaios, levantando o tema da cultura digital como intrínseco as políticas culturais de hoje. Não é uma mudança simples, que diz respeito apenas ao uso das ferramentas tecnológicas e todas as oportunidades que elas geram, mas uma mudança de subjetividade estética e comportamental identificada nas gerações que nasceram a partir dos anos 90. A experiência cultural, ou seja a maneira como vivenciamos a criação, a fruição e a distribuição das expressões culturais, mudou e se quisermos promover políticas culturais que dialoguem com os jovens de hoje e de amanhã, é preciso atualizar a nossa forma de pensar e fazer política, em especial no campo das culturas.

Concretamente, sobre o Cultura Viva, além de ser uma oportunidade para a circulação de repertórios e conteúdos produzidos pelas iniciativas apoiadas pelo projeto, pode apontar para novas formas de produção que devem ser contempladas por seu valor cultural em si, e não apenas pelo uso da ferramenta de mídia.

LB – Acompanho o seu trabalho fora do MinC há muito tempo. Percebo um compromisso muito forte com aquilo que chamamos “gestão cultural”. Como você compreende a gestão cultural e como pretende colocar esse compromisso à serviço do #NovoMinC?

MP – Meu compromisso sempre foi com a política, na formulação e na praxis, mais do que com a gestão, mas considero que boas políticas se fazem com uma boa gestão e por isso me cerco de um time de pessoas que busca garantir a excelência necessária, em especial quando trabalhamos com recursos públicos.

No meu entendimento a gestão cultural para avançar tem ela mesma que se culturalizar. Não é possível assistirmos sem críticas uma onda de formações nesse campo voltadas apenas a administração, captação e controle de projetos, sem a necessária imersão em conteúdos que podem formar culturalmente, como história da arte, cultura brasileira, ética e memória política. Para dar respostas consistentes diante dos grandes desafios culturais que o mundo nos coloca hoje, desenhar programas, propor ações, cooperar nacional e internacionalmente, antes de tudo, nosso gestor tem que  se aprofundar nos conteúdos culturais, ser sensível a diversidade cultural. Se confunde muitas vezes gestão com administração, ambas são necessárias e complementares, mas distintas. Essa formação complementar e mais densa que se exige, por exemplo, para implantarmos nos próximos anos as diretrizes do Plano Nacional de Cultura, as postas pelas Conferências Nacionais de Cultura e pelos Planos Setoriais. Isso irá exigir de nós um empenho para adensar os cursos e escolas técnicas no campo cultural, o que pode abrir uma perspectiva excelente de trabalho para muitos jovens brasileiros.

O compromisso de imprimir excelência na gestão de nossos programas e ações, com monitoramento das iniciativas e transparência dos resultados, tem sido colocado pela Ministra Ana de Hollanda desde o primeiro momento e cabe a nós cumpri-lo.


Pesquisador cultural e empreendedor criativo. Criador do Cultura e Mercado e fundador do Cemec, é presidente do Instituto Pensarte. Autor dos livros O Poder da Cultura (Peirópolis, 2009) e Mercado Cultural (Escrituras, 2001), entre outros: www.brant.com.br

14Comentários

  • André Vilaron, 1 de maio de 2011 @ 9:11 Reply

    Gosto da ideia que o MinC está trabalhando de dar oportunidades para que, mesmo aqueles que não demandam por Cultura, possam ter acesso à vida cultural do país. São aqueles para os quais as atividades culturais não fazem parte do dia-adia, pois não tem acesso a literatura, teatro, cinema, exposições etc. Aproxima a Cultura e a Educação e envolve mudança de hábitos e o que a Marta chama de “trajetória”, ou seja, um processo que ao longo do tempo possibilite criar as condições para que a experiência cultural se fortaleça, com atenção àqueles que estão formando seus hábitos, crianças, jovens.

  • Astrid Fonseca, 1 de maio de 2011 @ 13:52 Reply

    O que eu li é verdade? Não acredito!!! A Marta Porto disse mesmo que manter os atuais Pontos de Cultura representa manter uma “rede de privilegiados culturais”? O que é isso? Tá pior que eu imaginava. Pior que as declarações e atitudes desastrosas de sua chefe, a Ana de Hollanda. E essas Praças do PAC? puros elefantes brancos que vão custar mais de R$ 2 milhões cada e não há um unico centavo previsto apra a ocupação e manutenção destes espaços. Enquanto isso os Pontos de Cultura, que recebem (sempre com atraso)R$ 60 mil por ano ou R$ 5 mil por mês com os mais elevados resultados, são taxados de “rede de privilegiados culturais”!!!! Estou indgninada! ainda mais vindo de uma pessoa que ocupa um cargo que deveria defender os Pontos de Cultura. Eu até havia decidido não asisnar o manifesto Mobilizacultura para dar um tempo de confiança à ministra (mesmo com sua gestão mediocre e desastrosa), mas lendo esta entrevista vou assinar agora mesmo e acrescentar: FORA MARTA PORTO!!!! Aja dissimulação!O movimento dos Pontos de Cultura leu essa entrevista? Não vai fazer nada enquanto a arrogancia e a demagogia desmontam anos de trabalho?

    Astrid

  • Robson, 1 de maio de 2011 @ 22:55 Reply

    Ola Astrid eu não entendi da mesma forma que vc coloca sobre esta entrevista, mesmo que possa aparece ambíguo ela sinaliza que o Programa tem que avança e não criar vícios, ela não falou que somos priveligiados mais se nao ampliar com mais politicas e mais acesso podemos vira priveligiado tudo que lutamos contrar as politicas anteriores do Governo Lula. Mas

    Abs

    Robson B Sampaio
    Tuxaua e Ponteiro.

  • Orlando Pazzinato, 2 de maio de 2011 @ 9:19 Reply

    Até que enfim uma visão empresarial no ministério da cultura! Não conhecia essa Marta Porto, mas ela está corretíssima, não dá para os Pontos de Cultura continuarem mamando nas tetas do governo. É preciso renovar e dar cultura de qualidade para quem precisa e não ficar mantendo um grupo de privilegiados culturais como são os Pontos de Cultura. Três anos já é bastante tempo, agora cabe a eles ir rodar a bolsinha no mercado como todo mundo faz. Quem aproveitou os tempos das vacas gordas do governo Lula e se qualificou, ótimo, vai vender a sua mercadoria pelo preço da Bruna Surfistinha quando estava no auge, quem ficou só na conversa fiada de autonomia, protagonismo e empoderamento do Célio Turino que vá fazer chupetinha a vinte real.
    Mesmo não tendo votado na Dilma estou gostando desta equipe do novo MINC, deixo aqui todo meu apoio à Ana de Hollanda que com sua coragem está demonstrando que a cultura pode voltar a ser um bom negócio!

    Orlando Pazzinato

  • rafhael santos, 2 de maio de 2011 @ 12:44 Reply

    A política cultural do PT se revela plenamente no governo Dilma. No governo Lula, com o Gilberto Gil, era outra coisa, tinha pluralidade, inclusive com gente boa do PT, além de muito talento e idealismo como o que viamos no Orlando Sena e no Célio Turino. Mas agora é só a turma do PT, com sua arrogância, sede de poder e vazio teórico. Essa Marta Porto é puro engodo, assim como o Grassi e a Morgana, dois mediocres da turma da “boquinha” (como bem disse o Garotinho referindo-se ao PT do Rio de Janeiro), se eles ficarem mais uns meses no governo vão destruir todo o legado cultural do governo Lula.
    É isso aí, eu e milhares de pessoas sentimo-nos traídos com essa reviravolta para o atraso na polítca cultural do MINC.

  • gil lopes, 2 de maio de 2011 @ 15:46 Reply

    A Cultura do governo Lula foi contra Dilma na eleição, votou Marina, esverdeou ou votou Serra. A Cultura do governo Lula foi moeda para aliança com nanicos, deu no que deu, uma derrota escandalosa: perdemos na música, na literatura, no cinema, nas artes cênicas, não temos orquestras nem bailados, e nos novos meios impera a pirataria. O ministério JucaGil fracassou, agora com Dilma mudou, vamos aguardar, vamos dar crédito para a mudança, não havia outro caminho senão mudar. Quem está no poder é o PT e o PMDB, quem comanda é Dilma e a Ministra da Cultura é Ana Buarque de Holanda, a ministra sangue bom. Vamos a isso.

  • marcos pardim, 2 de maio de 2011 @ 18:38 Reply

    Gil, de onde vc tirou essa sua insistente tese de que a “cultura do governo Lula foi contra Dilma”? Só para ilustrar: sou do interior de São Paulo, um rincão serrista até não poder mais… Vc não imagina, meu velho, o perrengue que foi, entre nós, Pontos de Cultura paulistas, apoiar a Dilma durante as eleições… Disse isso, textualmente, para a ministra Ana de Hollanda, por ocasião de nosso encontro em Brasília, dia 22 de fevereiro, quando ela recebeu o Movimento dos POntos de Cultura de São Paulo. Acho legítima a sua defesa da ministra, mas baseada em fatos e não em ilações ou achometros (como esse teu, o de que trabalhamos pela Marina ou pelo Serra). A cada vez que leio isso, um esgar de sorriso insiste em meu rosto e fico pensando: mas que diabo, de onde esse Gil Lopes tirou essa sua infundada tese? O Cultura Viva, creia meu caro, não só defendeu a candidatura da Dilma como trabalhou arduamente pela vitória dela. Pense bem antes de voltar a defender essa sua tese, ou então prove-a com indicadores e dados.

  • Liana Sptefuel, 2 de maio de 2011 @ 19:14 Reply

    Concordo totalmente com o Robson Sampaio, é preciso dar um voto de confiança à Marta Porto, ela é uma mulher preparada, fala vários idiomas, viveu nos estados unidos, europa, já trabalhou como consultora para diversas empresas e fundações privadas, até na unesco. Ela sabe a cultura que deve ser levada para o povo, não esses bate-lata da vida e hip hop chinfrim, mas cultura de qualidade oferecida para quem não tem cultura, isso é democratizar a cultura. As Praças do PAC vão servir para isso e não para manter privilegiados culturais como ela bem disse na entrevista. O Robson está corretíssimo, para avançar tem que renovar e os Pontos de Cultura já foram tratados a pão de ló por vários anos, agora que deem lugar a outros e se virem quando o convenio deles acabar. È assim que todos nós fazemos.

    Liana
    Consultora Cultural

  • Fernando Caseiro, 2 de maio de 2011 @ 21:08 Reply

    Cada dia que passa me convenço ainda mais que a politica cultural brasileira só irá mudar quando a sociedade discutir os rumos da cultura no Brasil, como discutimos o futuro do Corinthias e do Flamengo no boteco da esquina, onde se derruba governos e se criam novas utopias. Enquanto isso ainda veremos a cultura sendo decidida em gabinetes como acontece a décadas.
    Concordo que a Marta é uma profissional bem preparada, mas, quem ou quantos irão se contrapor a ela ou as suas decisões que provalvelmente afetarão a todos nós que vivemos dentro do setor cultural. Estamos vivendo em um caminho, as vezes sem saida e sem volta por causa de decisões estafurdias de governantes que não tem orientação da população e fazem o que acham melhor, segundo suas convicções pessoais, sem nenhum critério claro. Assim, só resta torcer para que a Marta e a Ministra acertem no alvo nessa obscura politica cultural aí imposta.

    Fernando Caseiro
    Produtor Cultural

  • Carlos Henrique Machado, 2 de maio de 2011 @ 21:11 Reply

    Trocando em miúdos, Marta Porto quis dizer: “Sei o que não sei”.

    Gil, essa geografia política e cultural que você traça é alguma coisa.

    Abração.

  • gil lopes, 2 de maio de 2011 @ 23:19 Reply

    O problema é que a concentração de votos no Rio, SP capital, Bh, Brasília e POA é responsável por quantos votos? A midia repercurte de onde mesmo? O problema é exatamente esse, com a política foquista JucaGil tratou-se de abandonar o centro e o resultado foi esse, na Cultura o Brasil foi Marina. Dois ex ministros verdes deu nisso, ficou verde. Até que Chico Buarque de Holanda e Niemeyer apareceram no Rio de Janeiro e veio uma lufada favorável. As escolas, nossos pontos de cultura, ou os pontos de cultura nossas escolas? Seriam nossas escolas pontos de cultura? Ou serão nossos pontos de cultura, escolas? Enfim, todo mundo quer mais educação e cultura obviamente, mas de onde vem a direção? A emanação sai de onde? Do centro ou da periferia ( no melhor sentido).
    O que vemos? A emanação está entregue, é importada. Olha, a política da cultura verde fez muito mal, mas muito mal mesmo, é preciso mudá-la e a presidente Dilma fez muito bem. É preciso repensar e abandonar a anti política cultural, a que privilegia o conteúdo estrangeiro, e construir a política cultural que nos interessa, a que privilegia o conteúdo nacional.
    Na eleição o ex ministro Gil saiu em tour mundial e o ex ministro Juca levou Dilma à Bienal. O ambiente era verdinho, e isso explica muito o sucesso dos milionários votos de Marina nas grandes capitais. A cultura quis Marina ou Serra na eleição…perderam. Mudou, muito melhor.

  • Lenon Rodrigues, 4 de maio de 2011 @ 15:42 Reply

    Ela pode ser preparada por outras coisas, não pelo fato de ter morado na Europa e EUA e saber falar várias idiomas. Deixemos o deslumbramento de lado. Os vendedores de souvenir para turistas na torre eiffel falam até uns 7 idiomas, mas, respeitando a dignidade, a capacidade e a inteligência destas pessoas, eles talvez não estão preparados para certos cargos políticos, talvez sim, mas não por falarem 7 línguas. E FHC, que fala várias linguas, morou e estudou na Europa, seu governo foi um desastre para este país. Enquanto Lula, sem nunca ter morado na Europa, só falando português, revolucionou as políticas públicas deste país. Enfim, isso é o de menos na discussão, desculpem, mas é só uma observação pra não passar em branco.

    Na verdade quero me centrar mais meus comentários na questão dos pontos de cultura.

    “É preciso renovar e dar cultura de qualidade para quem precisa e não ficar mantendo um grupo de privilegiados culturais como são os Pontos de Cultura. Três anos já é bastante tempo, agora cabe a eles ir rodar a bolsinha no mercado como todo mundo faz.” Orlando Pazzinato.

    A cultura dos pontos de cultura não é de qualidade? Por que? Rodar a bolsa no mercado como todo mundo faz? O objetivo da existência dos Pontos de Cultura é justamente NÃO ser cultura de mercado, até porque o mercado é que exclui a cultura produzida pelos pontos de cultura. Eles já existiam independente de mercado e governo. O que o programa Pontos de Cultura fez foi integrar essas ações já existentes em um projeto de desenvolvimento cidadão e humano para o país, labelizando e integrando esses pontos. Os pontos não precisam “receber cultura de qualidade”, pois são justamente feitos por atores sociais que produzem a cultura espontânea também de qualidade longe da promiscuidade de grande parte da indústria cultural. Os pontos de cultura são estratégicos como política pública cidadã. O resultado não pretende ser financeiro, lucrativo, e sim ser a formação cidadã do povo brasileiro, a preservação e o mantimento da diversidade cultural do país, pois o mercado não está preocupado com isso. A França tem sua Maison de Jeunesse et de la Culture, Maison pour Tous, que se enquadra nos moldes dos pontos de cultura (com suas deivdas diferenças culturais)desde de 1948 espalhadas por todo o país e totalmente financiadas pelo DINHEIRO PÚBLICO e absolutamente NINGUÉM reclama, pois vê o resultado na formação dos jovens e adolescentes que não estão nas ruas roubando, matando, fumando crack etc etc… Os franceses aceitam isso como investimento social, coisa que o brasileiro, infelizmente, que só consegue enxergar o próprio umbigo, ainda não aceita. O conceito de democratização da cultura, usado muito pelas elites e pela industria cultural, já foi contestado há tempos, a emergência de um novo conceito de democracia cultural é muito mais completo. E aí é que entra os pontos de cultura. Investimento social não é privilégio.

  • Bruno Resende Ramos, 5 de maio de 2011 @ 22:24 Reply

    Respeito as opiniões dos diversos, mas atenho-me tão somente a oferecer espaço de difusão das ideias dessa secretaria junto aos associados da Nova Coletânea. Chega como esperança de maior inclusão cultural, descentralização dos recursos culturais e de aumento da abrangência das ações de seus planos.
    Os Pontos de Cultura, sei, são importantes, bem como todas as manifestações de apoio à cultura.

  • Ricardo Barradas, 5 de maio de 2011 @ 22:46 Reply

    Fico muito feliz com muitos dos pensamentos e visões da Sra. Marta Porto que assume a nova secretaria da Cidadania e Diversidade Cultural do Ministério da Cultura,do atual governo.Afinal este ano a LIGA DA DEFESA NACIONAL faz 95 anos, e não existe possibilidade alguma em contar a verdadeira história da cidadania brasileira sem referenciar se com uma das mais antigas e tradicionais associações cívico-culturais que até hoje exerce e fomenta o antigo patriotismo bem antes de se tornar patriotismo cultural e exercício de cidadania perante a globalização.
    Outro ponto relevante é quanto a atenção dada hoje essencialmente para a Diversidade Cultural, as fontes populares.Bem antes de se pensar em identidade nacional pela cultura, já existiam várias movimentos e obras de arte tipicamente brasileiras, principalmente nas plataformas tradicioanais da escultura e da pintura,que se encontram hoje na sua grande maioria amontoadas nos cantos ocultos das escolas de arte e de vários museus nas pricipais cidades, com muito menor foco, atenção e quando tem minguadas verbas para se manterem.Sendo assim vem se conservando este patrimônio brasileiro perante o tempo devastador a própria sorte.Mas acredito que as novas secretarias já esbocem mudanças radicais e acertos na nova politica cultural para as Artes Plásticas e Visuais no Brasil nesta nova gestão da secretaria do MinC, afinal não se pode ir muito a frente de verdade em Cultura em qualquer lugar do mundo se não se respeita,celebra e conserva se as antigas associações civis e o patrimônio artístico e cultural das Belas Artes.

    Ricardo Barradas
    Diretor Cultural da LIGA DA DEFESA NACIONAL do RJ.
    Diretor Cultural da Associação Fluminense de Belas Artes.

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