Com a restrição ao crédito, mercado editorial também sente os efeitos da crise.
“A restrição de crédito tem realmente causado impacto nos negócios. Observamos nosso custo financeiro subir na casa de 20% além de verificarmos o enxugamento das linhas de crédito. Se até recentemente tínhamos livre trânsito no mercado bancário, com opção de escolher a instituição financeira, hoje já sentimos a falta de crédito”, afirmou Márcia Cristina Bastos Garcia, gerente financeira da Editora Vozes, em matéria publicada pela Agência Brasil Que Lê.
Na mesma matéria, a editora declarou ainda que, já foi informada por dois dos maiores bancos do país que não estão liberando crédito e não possuem linha para oferecer, evitando negociar taxa de juros, além de não se comprometem em concessões de crédito por prazo superior a seis meses. “Em julho, negociamos a importação de um equipamento de R$2,5 milhões, que está previsto para embarcar em dezembro para o Brasil. Certamente a crise também impactará nesta operação, seja pela elevação do euro, seja pela elevação da Libor – London Interbank Offered Rate – (taxa de juros da Europa), seja pela redução do prazo de financiamento”, completou a gerente.
Já Alexandre Martins Fontes, diretor executivo da editora WMF Martins Fontes, declarou que, acompanha com apreensão a atual crise financeira mundial. “Ainda não é possível fazer uma leitura precisa de suas conseqüências para o ramo editorial. Para a Martins Fontes, a restrição ao crédito afeta o trabalho de exportação, que já tem tido dificuldade na aprovação na linha de crédito para essa modalidade. “Infelizmente, o mercado dos livros no Brasil ainda é muito pequeno e atinge essencialmente uma classe sócio-econômica restrita. Os poucos que compram livros no Brasil continuam comprando mesmo em momentos de crise. Estamos torcendo para que o impacto seja o menor possível para autores, editores e livreiros”, opinou.
O economista Reinaldo Cafeo, membro do Conselho Regional de Economia, analisou: “No setor específico do livro, dado o hábito dos brasileiros de não incorporarem a leitura como rotina, o indicativo é que esse segmento poderá encolher. Como o valor médio do livro não se assemelha a de um eletroeletrônico, por exemplo, o setor será menos afetado pelo crédito, mas mais afetado pela cautela do consumidor”.
O economista prevê que 2009 será um ano de desaceleração, que atingirá todos os setores, inclusive o mercado editorial. “Mas avalio que será desaceleração e não recessão (crescimento negativo do PIB). Portanto, será o momento das promoções, da criatividade, das parcerias entre empresários e funcionários e, fundamentalmente, de estratégias para operar em nível de atividade menor, mas sem perder o horizonte de que mais cedo ou mais tarde a crise passará e quem fez a lição de casa nesse momento, estará mais fortalecido”.
Posição divergente tem o professor doutor em Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, UFRJ, Fábio Sá Earp. Ele não acredita que a crise mundial afete o mercado editorial no Brasil no que se refere ao crédito. “Pelo lado do crédito não irá afetar, pois não existe e nem existirá falta de crédito no Brasil. As editoras praticamente não utilizam crédito em função da alta taxa de juros”. Para ele, poderá ocorrer uma queda nas exportações devido à recessão internacional, com isso diminuindo a renda da população e com isso a compra de livros.
* Com informações da Agência Brasil Que Lê
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