Matéria publicada no jornal Folha de S. Paulo desta quarta-feira, doa 26 de agosto, informa que manifestação antiaborto, que será realizada neste domingo em Brasília, foi financiada com dinheiro público. A 3ª Marcha Nacional da Cidadania Pela Vida recebeu R$ 143 mil do Fundo Nacional da Cultura, um fundo público do Ministério da Cultura para financiar projetos e ações culturais.
A reportagem assinada por Larissa Guimarães relata ainda que a liberação de recursos do fundo cultural para o evento provocou reação em diversos segmentos. “Utilizar verba pública em evento que tem fins religiosos não faz sentido, sendo o Brasil um país laico”, criticou Beatriz Galli, assessora de direitos humanos do Ipas, ONG que defende os direitos reprodutivos da mulher.

A mesma matéria aponta que o projeto Cultura, Cidadania e Vida, que garantiu os recursos para a marcha, foi apresentado no ano passado pela ONG Estação da Luz, do Ceará, e teve recursos garantidos por uma emenda parlamentar do deputado Luiz Bassuma (PT-BA), que preside a Frente Parlamentar em Defesa da Vida e Contra o Aborto.

O presidente da Estação da Luz, Sidney Girão, disse que a ONG procurou o deputado Bassuma para pedir apoio ao evento, que, até agora, custou cerca de R$ 180 mil, segundo ele. A expectativa é que de 50 mil a 80 mil pessoas compareçam, disse. [A marcha] é mais uma sensibilização. Não queremos dogmatizar ninguém.

Questionado pela Folha de S. Paulo, Girão afirmou que a entidade não é ligada a nenhuma religião específica, embora o site da ONG informe que sua missão é difundir a cultura da paz, da vida e da espiritualidade. Entre os projetos da Estação da Luz estão a Semana Chico Xavier e a realização do filme Bezerra de Menezes – O Diário de um Espírito.

Em Brasília, um dos articuladores do evento é o Movimento Nacional da Cidadania Pela Vida – Brasil sem Aborto. O movimento é da sociedade e parte do princípio que a vida humana tem início na fecundação, disse Jaime Ferreira, um dos organizadores.

O site do movimento traz a mensagem: A vida depende do seu voto; escolha candidatos que são contra o aborto.

O deputado Miguel Martine (PHS-MG), que também faz parte da Frente Parlamentar em Defesa da Vida, defendeu o uso de dinheiro público no evento. “O SUS gasta dinheiro até para fazer cirurgias de mudança de sexo. Se a lei permite, por que não usar dinheiro público em defesa da vida?”, declarou Miguel na mesma matéria

A CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) é uma das entidades que divulga a marcha do próximo domingo. Para o padre Luiz Antônio Bento, o evento irá focar na beleza da vida e não só na questão do aborto.

Um dos enfoques será o julgamento do Supremo Tribunal Federal sobre a possibilidade de mães de fetos anencéfalos terem a permissão para fazer aborto. Hoje, a lei só permite suspensão da gestação em caso de estupro ou risco para mãe.

Procurado pela Folha de S. Paulo, o Ministério da Cultura disse que o projeto que garantiu recursos para a 3ª Marcha Nacional da Cidadania Pela Vida não mencionava o termo aborto. O projeto previsto na emenda parlamentar tem o nome de Cultura, Cidadania e Vida. A palavra aborto não aparece, afirmou o ministério.

Após o evento, a ONG Estação da Luz, responsável pelo projeto, terá de fazer uma prestação de contas em que o ministério avaliará se o objeto proposto foi realizado. Pelo projeto, foram liberados R$ 143 mil para oficinas, palestras e um show.

Segundo a pasta, foi feita uma análise de custos – do projeto inicial, foram cortados R$ 56,8 mil – e também uma análise da entidade.

O deputado Luiz Bassuma (PT-BA) defendeu o evento por se tratar de uma causa pública. Ele é o autor da emenda que deu dinheiro para a marcha antiaborto. “É importante conscientizar os brasileiros sobre os riscos do aborto. A marcha é apenas uma etapa do projeto”, disse Bassuma.

* Com informações do jornal Folha de S. Paulo – Larissa Guimarães


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Jornalista e sócia da empresa CT Comunicações.

4Comentários

  • Paula, 27 de agosto de 2009 @ 9:01 Reply

    Eu acho lamentável ver que o dinheiro público está sendo aplicado em ações deste tipo. Eu sou totalmente a favor da liberdade do aborto e fico decepcionada em ver meu dinheiro (pois sim, indiretamente é o dinheiro do consumidor) apoiando ações contra isso. Na verdade, penso que não poderiam haver projetos nem a favor nem contra aborto sendo financiados com verba pública! Projetos financiados por esta verba devem ser idôneos, imparciais…

  • Maria Costa, 30 de agosto de 2009 @ 10:54 Reply

    Eu fico feliz por ver que neste país ainda há pessoas sérias, verdadeiramente comprometidas com a vida e que lutam, contra tudo e contra todos, para esclarecer a verdade sobre estes temas que chamam “polêmicos”. Pra mim, não há polêmica. Há a verdade que é encoberta por interesses obscuros. Que se façam marchas, e outras ações; que se grite em praça pública e para isso, se utilizem todos os meios ao alcance, mesmo que doa naqueles que não querem ouvir.

  • Leonardo Brant, 1 de setembro de 2009 @ 1:09 Reply

    Recebi a seguinte notícia do MinC hoje:

    MinC anula convênio do projeto Cultura, Cidadania e Vida
    Ministério da Cultura –

    O ministro da Cultura, Juca Ferreira, determinou o bloqueio da conta corrente e a devolução dos recursos do proponente ao tomar conhecimento dos propósitos do projeto Cultura, Cidadania e Vida.

    O material de divulgação do evento caracteriza claramente que houve omissão de informação na apresentação do projeto, caracterizando uma burla. O Ministério da Cultura não autorizou, em nenhum momento, a associação de sua marca ao chamado, publicado em cartazes de divulgação: “Venha participar e manifestar a sua posição contra as tentativas de legalizar o aborto no Congresso Nacional e no Supremo Tribunal Federal”.

    Nem mesmo foi solicitado apoio do Ministério em relação ao assunto, que está em discussão no país, com muitas posições na sociedade – inclusive a do Ministério da Saúde, que caracteriza o tema como uma questão de saúde pública.

    Por questão de coerência, o Ministério da Cultura tomou, já a partir de hoje, todas as ações necessárias para reparar o erro a que foi induzido por omissão proposital de informação.

  • TRIO AQUARELA, 11 de janeiro de 2010 @ 9:28 Reply

    O mais lamentável de toda essa situaçao é que prestamos serviço a essa instituiçao com os trios eétricos que foram usados e nunca recebemos…
    Somos uma empresa que aluga trio elétrico, temos despesas com funcioários, impostos, etc… e deslocamos nossos veículos para esse evento e nunca recebemos…
    Já nos cansamos de cobrar e nada…

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