Durante o debate “Música clássica no Brasil hoje”, promovido pela Folha de S. Paulo na última semana, especialistas apontaram a Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (Osesp) como exemplo de padrão internacional. “A Osesp fez de São Paulo um modelo do que pode ser música clássica bem-sucedida no Brasil. Mas o investimento público continua sendo obrigatório”, disse o diretor artístico da Orquestra, Arthur Nestrovski.
O encontro também contou com a presença de Nelson Kunze, editor da revista “Concerto”, Cacá Machado, ex-diretor do Centro de Música da Funarte, e Sidney Molina, crítico de música clássica da Folha. Todos concordam que sem incentivo público, não há excelência musical no Brasil.
“Música clássica e ópera não vingam no mercado. As orquestras dependem de vontade política. Nos anos 1980, houve uma ótima orquestra na Paraíba, que existiu porque o governador gostava”, disse Nelson Kunze.
Ele defendeu que as orquestras precisam fincar bases para se defender das trocas de governo: “Se a orquestra se capilariza na sociedade, ela ganha força. É o caso da Osesp, a única manifestação cultural no Brasil que conseguimos medir com régua internacional”.
Além da Osesp, os debatedores elogiaram os exemplos da Orquestra Filarmônica de Minas Gerais, regida por Fábio Mechetti, e da Orquestra Sinfônica Brasileira, do Rio de Janeiro, regida por Roberto Minczuk.
Nestrovski apontou que o Brasil tem, hoje, de acordo com o guia “Viva Música”, 58 orquestras. “Mas não existe uma liga de orquestras para coordená-las”, completou.
Cacá Machado disse que grande parte dos programas públicos é assistencialista. “Um editalizinho aqui para os compositores não vai resolver situação nenhuma.”
*Com informações da Folha de S. Paulo