“Filme Brasileiro dá muito trabalho”, diz Jean Thomas, da  Imovision. “A distribuição me enlouquece”, diz Sara Silveira, produtora paulista. O sábado foi de debates acalorados no 1º Brasil CineMundi, Encontro Internacional da Coprodução.

A mesa “Distribuição Internacional de Filmes”, da qual participaram o diretor da Imovision, Jean Thomas, e Sandro Fiorin, da Figa Films abriu a ´caixa preta´da etapa da distribuição de cinema dentro e fora do país. Segundo Jean Thomas, no ano passado, sua empresa distribuiu 25 filmes, sendo 20 internacionais. O motivo? Filme brasileiro dá muito trabalho e 90% do que chega é recusado, segundo ele. Thomas acredita que o filme independente precisa convencer o mercado de que vai funcionar. “Tem sido difícil trabalhar o filme brasileiro fora, porque ele não tem dado resposta, mas ela ainda virá”, disse.

Presente no debate, a produtora Sara Silveira, da Dezenove Filmes, queixou-se do espaço para os filmes médios brasileiros – filmes autorais, que não são super produção e que tem um espaço limitado nas salas de cinema. “A distribuição me enlouquece”, disse Silveira.

“O produtor acha que o distribuidor é FDP, distribuidor acha que produtor é safado e isso não é bom. Tem que haver parceria”, chegou a dizer o francês radicado no Brasil há mais de 20 anos.

Jean Thomas acha que o mercado se desenvolveu, mas houve uma entressafra de 15/17 anos quando não se distribuiu nenhum filme nacional. Os incentivos governamentais para a distribuição/exibição do filme brasileiro são questionados, mas segundo Jean Thomas a Ancine e toda a regulação dessa área é bastante nova. “O modelo francês fracassou não sei por quantos anos até conseguir o que existe hoje”, disse.

A mesa anterior, “Fundos de Investimentos, Mecanismos e Incentivos à Produção, Exibição e Difusão do Audiovisual Brasileiro”, teve como convidados Emerson Alves, presidente do Festival de Cinema de Paulínia, Marcelo Goldenstein, gerente do Departamento de Economia da Cultura do BNDES e Mário Diamante, diretor da Ancine e foi mediada pelo crítico Pedro Butcher.

Butcher abriu o debate dizendo que o cinema brasileiro vive hoje uma situação excepcional com a ocupação de 50% das salas por apenas dois filmes, o que reproduz o modelo norte-americano de exibição. O diretor da Ancine disse que o plano do governo brasileiro é criar 600 novas salas em quatro anos, com foco na nova classe média emergente e descentralizando o parque exibidor.


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Jornalista e colaborador de Cultura e Mercado.

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