O presidente da organização não governamental Laboratório Brasileiro de Cultura Digital, Cláudio Prado, afirmou há pouco, em audiência na Câmara, que é preciso parar de pensar as lan houses como antros de perdição. Segundo ele, é preocupante a concepção de um dos projetos em tramitação no Congresso, que tratam de novas formas de lazer provenientes de novas tecnologias.“Isso é uma herança histórica [esse tipo de concepção]. Antes eram os fliperamas, e hoje são as lan houses, que abrigam os jogos digitais e que, segundo esse ponto de vista retrógrado, seriam prejudiciais”, disse Prado durante audiência pública da comissão especial que analisa as propostas (PL 4361/04 e apensados). Quando uma proposta apresentada é semelhante a outra que já está tramitando, a Mesa da Câmara determina que a mais recente seja apensada à mais antiga.

Se um dos projetos já tiver sido aprovado pelo Senado, este encabeça a lista, tendo prioridade. O relator dá um parecer único, mas precisa se pronunciar sobre todos. Quando aprova mais de um projeto apensado, o relator faz um texto substitutivo ao projeto original. O relator pode também recomendar a aprovação de um projeto apensado e a rejeição dos demais.) de regulamentação das lan houses. Ele argumenta que os jogos são extremamente pedagógicos e que situações inadequadas podem acontecer em qualquer lugar. “As lan houses não podem ser criminalizadas.”

Para ele, as novas tecnologias em geral costumam ser tratadas dessa forma. Ele lembrou de um projeto do senador Eduardo Azeredo, que segue essa linha de criminalizar as novas tecnologias. Ele defende que as lan houses são um espaço interessante para a alfabetização digital.

Oficinas de multimídia
“Pode ser um local onde a pessoa aprende a usar a tecnologia pela primeira vez. As lan houses podem oferecer oficinas, inclusive de multimída, estimulando a produção de conteúdos digitais. Nesses espaços podem haver troca de conteúdos nos moldes dos antigos cineclubes, com a exibição de filmes pela internet”, argumenta Cláudio Prado.

O presidente da ONG deu como exemplo o site YouTube, que, segundo ele, em apenas cinco anos, tem levado as pessoas a produzir conteúdos específicos para ele e que conta com cerca de um bilhão de acessos por dia. Ele disse que há muitos municípios sem cinema que poderiam utilizar as lan houses nos moldes dos antigos cineclubes. “As lan houses não são um antro de perdição, mas um antro de esperança. São os campinhos de várzea da cultura digital.”

Fonte: Agência da Câmara.


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Repórter. Escreve sobre pessoas, convergência e cultura.

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