Em meio a questionamentos sobre as políticas para o setor museológico do Estado, o governo da Bahia deve criar ainda neste semestre o Instituto Baiano de Museus (Ibam), uma das principais promessas do governador Jaques Wagner para o setor museal. As discussões internas da Diretoria de Museus (Dimus) para a criação da autarquia estão na reta final, segundo informa o jornal A Tarde em reportagem publicada nesta quinta-feira (3/2).
O Ibam deve absorver a gestão e o planejamento desses equipamentos, atualmente subordinados ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural (Ipac), que “tem um perfil muito mais voltado à preservação”, de acordo com o diretor da Diretoria de Museus (Dimus), Daniel Rangel.
Segundo ele, a criação de um instituto específico para a gestão dos museus vai poder conciliar os dois aspectos norteadores da atividade: a preservação de obras e a dinamização cultural. Rangel afirmou também que o princípio norteador da nova política do setor é o foco no público que frequenta os museus e não nos artistas ou museólogos. “Não vamos tirar o olhar do fomento à produção, mas sempre pensando em quem vai usufruir dessa produção”, disse ao jornal.
Na semana passada um grupo de museólogos encaminhou uma carta aberta ao secretário da Cultura Albino Rubim, questionando a falta de diálogo para a definição das políticas para o setor e solicitando mudanças na gestão museal do Estado. O documento é assinado por 28 profissionais ligados à área e afirma que a gestão da Dimus “enfraqueceu os museus a partir da desarticulação das equipes técnicas”.
Outra queixa do grupo é que “os museus baianos deixaram de ser território de experimentações para atender a interesses individualistas, sobretudo através das megalomaníacas curadorias que privilegiaram exposições temporárias de alto custo, em detrimento à salvaguarda dos nossos acervos”. A carta afirma também que “os museus não conseguem atuar com eficácia no que se propõem, enquanto espaços catalisadores da cidadania e da identidade cultural”.
Como resposta, Secult informa que a frequência de visitantes aumentou 243% nos últimos anos, passando de 123 mil em 2007 para 421 mil em 2010 e que nesse período foram promovidas 146 exposições nos cerca de 200 museus que estão sob sua administração em todo o Estado.
Carlos Alberto Costa, do Conselho Federal de Museologia, que também subscreve a carta, disse que não se está questionando a importância de se promover exposições, mas sim a centralização das decisões na Dimus, em contrapartida à política anterior, que deixava a cargo da direção de cada museu a gestão individual das unidades. “Como uma equipe só pode dar conta das particularidades de cada museu?”, questiona Costa.
A Secult defende que o diálogo se daria por meio de ações como cursos de capacitação, visitas técnicas e do Encontro Baiano de Museus. Afirma ainda que a posição apresentada na carta não representa a opinião geral da categoria e apresenta outras manifestações de apoio à atual política, em especial vindas de museus e outros espaços culturais do interior.
O secretário Albino Rubim afirmou que vai considerar o posicionamento apresentado na carta e conversar com os representantes que assinaram o documento. Disse ainda que pretende manter o atual foco de atuação no setor. “É fundamental que os museus promovam tanto a arte baiana quanto o acesso da população ao que vem sendo feito no Brasil e no mundo, de modo a promoverem a diversidade”.
*Com informações do jornal A Tarde