Audiência pública debateu projeto de lei que limita venda de meia-entrada a 30% dos ingressos para eventos culturais e esportivos
Os participantes da audiência pública promovida pela Comissão de Educação e Cultura para discutir o projeto de lei 5205/05, do deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), concordaram com a necessidade de uma regulamentação nacional para o benefício da meia-entrada para estudantes.
O projeto, sob relatoria do deputado Rogério Teófilo (PPS-AL), transforma a União Nacional dos Estudantes (UNE) e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) nas únicas instituições autorizadas a emitir as identidades estudantis.
A deputada Neyde Aparecida (PT-GO), presidente da comissão, ressaltou que existe um consenso entre os participantes da audiência sobre a necessidade de uma lei nacional para regulamentar a matéria.
O relator informou que os representantes de diversos segmentos ligados à área cultural e estudantil formarão uma comissão para auxiliar na elaboração de um relatório “verdadeiramente democrático” sobre a matéria.
Durante a audiência, foi exibido um vídeo com depoimento de artistas sobre a regulamentação da emissão das carteiras estudantis. O cantor e compositor Roberto Frejat e as atrizes Zezé Polessa e Natália Thimberg leram um manifesto do setor artístico a favor do benefício.
Apesar de reconhecerem a meia-entrada como um importante mecanismo de acesso à cultura para estudantes e idosos, os artistas ressaltaram que as fraudes e a falta de uma legislação nacional prejudicam o setor de entretenimento e cultura.
O documento também foi assinado por representantes das entidades estudantis, que pediram urgência para a votação do PL 5205/05 ou a edição de uma medida provisória para regulamentar o tema.
Os artistas e os produtores culturais solicitaram ainda que haja uma contrapartida do governo para os produtores – isenção de impostos é uma das opções – por conta da redução de pagamento da entrada, principal fonte de renda nos espetáculos.
O PL 5205/05 determina que a obrigatoriedade da venda de meia-entrada ficará limitada a 30% dos ingressos para eventos culturais e esportivos. Além disso, estabelece que os proprietários, locatários e arrendatários dos locais dos eventos, assim como os promotores, organizadores e produtores, poderão deduzir do pagamento de quaisquer impostos e contribuições arrecadados pela Receita Federal os valores que resultarem da concessão desse tipo de desconto nas entradas.
Diretor da Funarte questiona unificação da meia-entrada – O diretor do Centro de Programas Integrados da Fundação Nacional de Arte (Funarte), Vitor Ortiz, destacou ser necessário levar em consideração o papel da área cultural na geração de emprego, renda e desenvolvimento. Na opinião dele, “é difícil criar uma política unificada de meia-entrada para setores tão diferentes”. Ortiz lembrou que o teatro, por exemplo, precisa de uma abordagem específica, pois não é um setor industrializado como o cinema ou a música.
Para ele, “a meia-entrada, por si só, não garante a ampliação do acesso à produção cultural para populações que estão, há muito tempo, sem esse acesso”. Por esse motivo, ele acredita serem necessárias políticas de formação de público e de circulação eficaz dos espetáculos.
Já o presidente da Agência Nacional de Cinema (Ancine), Gustavo Dahl, lembrou que, até a década de 80, “a sala de cinema era um equipamento social, um local de convívio para as populações das periferias das pequenas, médias e grandes cidades”. Em sua opinião, esse papel social precisa ser uma preocupação do governo.
O presidente da Ancine e os representantes dos produtores argumentaram que a meia-entrada indiscriminada duplica o preço dos espetáculos. Em alguns horários e em determinados espetáculos, segundo eles, 85% das cadeiras ocupadas são beneficiadas com o preço reduzido. “Estamos lutando para a criação da meia-entrada, que hoje não existe”, reclamou o secretário-executivo da Associação Brasileira dos Empresários Artísticos, Ricardo Chantilly.
Opinião semelhante defendeu o presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Gustavo Lemos Petta. Para ele, atualmente, o direito à meia-entrada para os estudantes está ameaçado, porque, com as fraudes e a desregulamentação, os produtores acabam dobrando os preços dos ingressos e oferecendo o direito à meia-entrada para todos.
Além da urgência na votação do projeto pedida ao presidente Aldo Rebelo, a UNE e a União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes) pediram a padronização dos documentos, para evitar fraudes.
O presidente da UNE declarou que a entidade não defende a exclusividade na emissão das carteiras, mas sim que somente as entidades reconhecidamente estudantis possam fazê-lo.
Fonte: Agência Câmara
1Comentário