Coreógrafa, Diretora, Representante do Fórum de Dança do Distrito Federal e da Câmara Setorial de Dança (DF) e Diretora do Fórum Nacional de Dança: este é o perfil de Rosa Coimbra, que fala nesta edição de seu trabalho sobre Políticas Culturais para Dança, com ênfase na articulação do setor num “corpo-a-corpo” com o Ministério da Cultura, na luta pelos direitos da Dança como atividade específica. Em entrevista a Cultura e Mercado, as conquistas desta articulação e seus novos projetos.

Formada em Dança Moderna e Contemporânea pela Universidade Federal do Pará, onde fez parte do grupo coreográfico universitário, estudou ainda com Eni Correia. Iniciou sua atuação na capital federal, Brasília, há 28 anos, com o grupo Stillo. Mais tarde se envolveu com Políticas Culturais ao ser convidada para contemplar o cargo de 1ª Conselheira da Dança no Distrito Federal. Neste tempo já desenvolvia projetos independentes para outras Companhias amadoras e profissionais, entre eles a Cia de Balé Clássico Grupo Arte Maior e para o Acaya Dança, “um projeto intitulado ‘Senhora de Nazaré’, de dança contemporânea, baseado na festa ‘Filho de Nazaré’ de Belém do Pará”.

Dessa atuação como Conselheira, surgiu a idéia do Fórum de Dança do Distrito Federal. “Eu precisava escutar a classe que eu representava”, diz Rosa, que conseguiu articular um movimento fisicamente próximo do Ministério da Cultura e que, ainda hoje, discute todos os temas relacionados com Dança e que luta por seus direitos. “Fazemos esta articulação corpo-a-corpo com o governo. Vamos todos juntos reivindicar, até mesmo na Câmara dos Deputados”. Esta proximidade mostra resultados importantes para o FDDF, como a recente vitória judicial diante da fiscalização arbitrária do CREF-7 (veja em notícias); o arquivamento do projeto 29.39, do deputado Pedro Pedrossian, “que pretendia incluir a Dança no Conselho de educação Física, ação que o Fórum conseguiu impedir provocando uma audiência pública muito favorável, em 2000, na qual, o próprio autor do projeto, reconhecendo o seu equívoco, solicitou sua retirada”;  e  a atual tramitação do PL7370/02, do deputado Luiz Antônio Fleury, que esclarece definitivamente que não estão sujeitos a fiscalizações dos Conselhos de Educação Física os profissionais da dança, yoga, artes, marciais, capoeira e pilates, seus instrutores, professores e academias.

Já foram realizadas audiências públicas a fim de esclarecer definitivamente as distinções das áreas envolvidas. “Em todas essas oportunidades foram reconhecidas essas distinções, tanto que foi aprovado por unanimidade na Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados, na Comissão de Turismo e Desporto por treze votos a dois e, agora está na Comissão do Trabalho, de Administração e Serviço Público e tudo indica que venceremos mais esta etapa”, diz inspirando-se nas conquistas anteriores do Fórum, e no poder da articulação do movimento que idealizou e ajudou a construir. “Ainda temos muito chão pela frente, pois após aprovarmos o projeto nesta Comissão, o PL deve ir para a Comissão de Constituição e Justiça e continuar com a tramitação normal”, diz Rosa, que concilia as lutas dos Fóruns com outros projetos, como a realização de um trabalho próprio: ‘Eu ainda quero falar’, espetáculo que estreou em junho deste ano. Desenvolvido em parceria com Susi Martinelli e outros três profissionais de Brasília, foi “inspirado em uma pesquisa corporal envolvendo a criatividade no movimento, com foco na comunicação”.

Rosa acredita que o setor vai avançar, em termos de Política Cultural, quando seus profissionais “entenderem que a Dança não pode ficar só no fazer artístico e na pesquisa acadêmica. Temos que entrar nos ministérios e buscar interação nas políticas. É uma questão de coletividade”. Um exemplo desta dinâmica bem sucedida encontra-se no âmbito das leis de fomento e incentivo específicas para a Dança, outro ideal da classe que Rosa ajudou a concretizar junto ao Fórum. “Existia uma Política Cultural muito precária, onde as dotações orçamentárias eram generalizadas em artes cênicas. Conseguimos uma rubrica específica para a Dança através do diálogo com o MinC”, lembra, definindo que o caminho para avançar é “mudar o pensamento da sociedade sobre o que é Dança”.

Maira Botelho


editor

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