Os indígenas dos povos Pano, situados no estado do Acre, reivindicaram, na ultima sexta-feira (27 de agosto), durante audiência com o secretário executivo do Ministério da Cultura, Alfredo Manevy, a participação no processo de tombamento da Ayahuasca como bem imaterial. O projeto está em análise no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan/MinC).

“Vamos reconhecer o uso religioso da Ayahuasca, mas relacionado com a sua dimensão cultural. E a participação das lideranças indígenas nesta discussão é fundamental, tendo em vista que eles são os protagonistas de sua utilização, e foram eles que permitiram a difusão do seu uso para fins religiosos”, justificou Manevy. O secretário executivo determinou que as Secretarias da Identidade e da Diversidade Cultural (SID) e de Políticas Culturais (SPC) acompanhem o andamento do processo de tombamento no Iphan/MinC.

Durante o encontro, no qual estiveram presentes os secretários da SID, Américo Córdula, e do Audiovisual, Newton Cannito, além do chefe de gabinete da SPC, Fábio Kobol, Haru Xinâ Kuntanawa, presidente do Instituto Guardiões da Floresta, apresentou um filme-relatório do 1º Festival Cultural Corredor Pano, realizado na aldeia Kuntananã, próximo ao município de Marechal Taumaturgo, de 26 a 31 de julho de 2010.

O evento, apoiado pela SID/MinC, contou com a participação de cerca de 300 pessoas – entre índios e não índios – e reuniu integrantes das 12 aldeias da etnia Pano existentes no Brasil. No encontro, que teve como objetivo a integração e o resgate das tradições culturais dos povos Pano, também estiveram presentes lideranças do povo Ashaninka (Acre), além de lideranças ancestrais da etnia Esquimós da Groelândia.

Shaneihu Yawanawa, outra liderança dos povos Pano, e pertencente a etnia Yawanawa, pediu apoio do MinC para a realização do IX Festival Yawa – Pano. A nona edição do evento, que acontecerá de 25 a 30 de outubro, na aldeia Nova Esperança, localizada nas proximidades do município de Tarauacá, no Acre, pretende dar continuidade ao processo de fortalecimento da cultura tradicional indígena dos povos Pano. O festival vem sendo realizado desde 2002, com atividades culturais durante o dia e cerimônias religiosas no período noturno.

“Aproveitamos esses encontros para reafirmar nossa cultura e os costumes tradicionais do nosso povo”, lembrou Haru. Ele acredita que a integração dos povos Pano, por meio dos festivais e das atividades culturais, facilitará a aproximação com os povos de outras nações (etnias). “Queremos criar um processo de paz com outros povos, e, ao mesmo tempo, expandir nossos conhecimentos que não pertence apenas aos indígenas, mas faz parte da história cultural do Brasil”, argumentou.

*Com informações da assessoria de imprensa do Ministério da Cultura.


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Atriz, pós-graduada em gestão da cultura.

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