O Conpresp (Conselho de Preservação do Patrimônio de São Paulo) discute em reunião na próxima terça-feira (10/5) o tombamento do edifício que foi sede do Belas Artes desde 1967 – sob o nome, à época, de Trianon. A informação é do jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (6/5).
Na ocasião, um estudo técnico sobre o prédio, desenvolvido pelo DPH (Departamento de Patrimônio Histórico), será apresentado e discutido pelos conselheiros.
Embora o imóvel não tenha especial valor arquitetônico, o tombamento tem sido visto como uma forma de garantir a memória afetiva do cinema de rua. “Sou favorável à manutenção do cinema, mas não acho que o tombamento seja o instrumento adequado. O tombamento do prédio não garante a vida do Belas Artes”, afirma Nádia Somekh, que integra o conselho do Conpresp como representante do IAB (Instituto de Arquitetos do Brasil).
O proprietário do Belas Artes, André Sturm, entretanto, torce para que o episódio sirva de marco na história dos tombamentos da cidade. “O Iphan tombou o acarajé. A prefeitura do Rio tombou o restaurante Antiquarius pela “excelência na gastronomia” e não pelo valor arquitetônico da casa.”
Sturm acredita que, caso o tombamento seja aprovado, o proprietário terá muitas limitações em relação ao imóvel. “E eu digo que sim, a gente tem interesse em voltar”, completa.
Desde o fechamento do cinema, no dia 18 de março, o estado do local é desolador. A fachada está pichada e com a pintura descascada. As paredes de vidro estão cobertas por velhos panos. Lá dentro, o pouco que se vê são cabos de vassoura, pedaços de ferro, arame e madeira. A velha cadeira do bilheteiro ficou abandonada, com o couro gasto.
Nos degraus que levavam ao hall de entrada, funcionários da vizinha Casas Pernambucanas se sentam para fumar.
Enquanto o Conpresp não manifestar sua decisão, o proprietário do imóvel, Flávio Maluf, não pode decidir o que será feito do local e a que limitações tem de obedecer.
Apesar de existirem alguns mecanismos compensatórios, como isenção de IPTU, não é raro que edifícios tombados fiquem sem uso. Construído entre 1907 e 1911 e tombado em 1984, o “castelinho” da Brigadeiro Luis Antônio ostenta há anos a faixa de “aluga-se”.
São Paulo tem, na região central, sete cinemas tombados: Cine Art Palácio, Cine Dom José, Ipiranga, Marabá, Marrocos, Metrópolis e Paissandu. O único que voltou a funcionar foi o Marabá.
*Com informações da Folha de S. Paulo