Site europeu faz especial sobre políticas culturais na América Latina e publica artigo sobre o Brasil. Leia a tradução do texto, que destaca Gilberto Gil e cita a privatização da cultura
O site The Power of Culture (www.powerofculture.nl/uk/index.html), é focado em cultura e desenvolvimento e surgiu de uma iniciativa do Ministério das Relações Exteriores da Holanda. Recentemente, eles publicaram um especial sobre politicas culturais nos países latino-americanos, asiáticos e africanos. Leia a tradução do texto em português:
Uma política de desenvolvimento baseada na estimulação do pensamento criativo e nas redes culturais é a chave para o sucesso na era atual da globalização. Esta filosofia política, como exemplificada pelo Ministro da Cultura brasileiro, Gilberto Gil, determina a aproximação nacional e internacional da cultura no seu país. É por isso que o Brasil tem liderado as parcerias de desenvolvimento com outros países latino-americanos. Nacionalmente, a ênfase está nos projetos culturais locais, assim como prevenir a exclusão da população mais pobre.
A arte pode servir como força mobilizadora para mudar a sociedade, de acordo com Gilberto Gil. Para o Ministro, que ganhou fama internacional como músico e líder do movimento da Tropicália, cada favela deveria ter seu próprio estúdio musical, o hip hop é uma forma importante de expressão para a juventude e as rádios comunitárias são necessárias nas áreas rurais. Os cerca de quinhentos projetos locais que o Ministério apóia através da da instituição governamental Funarte (Fundação Nacional de Arte) são considerados “pontes de cultura”. Juntos, eles formam uma rede que é engrenada para potencializar e distribuir a variada cultura brasileira.
As comunidades desfrutam de um nível considerável de autonomia para elaborar e conduzir projetos: o objetivo da política cultural é se adaptar às especificidades artísticas, ao invés do oposto. O processo político também é caracterizado pelo envolvimento, razão pela qual o Ministério da Cultura organizou a primeira conferência nacional sobre políticas culturais em dezembro de 2005.
Mas apesar dos objetivos elevados, os recursos financeiros de que o governo brasileiro dispõe para o desenvolvimento cultural são limitados. Por isso, em 1995 o Brasil criou uma lei que concede grandes descontos em impostos para empresas que invistam em produções culturais. Isso é inédito na América Latina, porém controverso. Os que criticam falam em privatização da cultura: a maior parte das empresas aptas a utilizar os incentivos fiscais estão localizadas na rica região sudeste do Brasil somente apóiam projetos artísticos nessa área.
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Inge Ruigrok