Após a cerimônia de reabertura da Biblioteca Mário de Andrade, na última terça-feira (25/1), em São Paulo, a ministra da Cultura Ana de Hollanda afirmou ser “totalmente a favor da cultura digital”. Sobre a retirada do selo Creative Commons do site do MinC, ela explicou que achou inadequado utilizar e que “não havia nenhum contrato que autorizasse”.

“Essa é uma das formas que se pode usar, mas há outras”, lembrou. Ela garantiu que quem utilizava conteúdo ligado ao Ministério por meio do Creative Commons poderá continuar utilizando. “A Constituição e a legislação brasileira já permitem, essa autorização pode ser por escrito, pode ser feita diretamente. O dono da obra, o autor, escolhe qual a forma para ceder ou não sua obra. Pode liberar sem custos, permitir para um uso específico. Isso depende do autor e ninguém vai ser impedido de usar. Quem usava vai continuar usando, sem problema nenhum.”

Perguntada sobre as afirmações de que ela representa interesses do Ecad (Escritório Central de Arrecadação de Direitos), a ministra negou. “Eu não represento interesses do Ecad. O Ecad existe, existe uma representação nele que passa pelo Gilberto Gil, por mim, Caetano, Chico, Pixinguinha, Cartola. Todo mundo tem que entrar em alguma associação para poder receber, e essas associações juntas formam o escritório central. Pessoalmente eu sou uma cantora e compositora e obrigatoriamente tenho que estar em alguma associação.”

*Com informações do Terra


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

2Comentários

  • Carlos Henrique Machado, 28 de janeiro de 2011 @ 22:22 Reply

    Coitado do Mario de Andrade.Não merecia esta traição.

    “Eu não represento interesses do Ecad”(Ana de Holanda)
    Logico que não.O ECAD,é que representa os interesses de Ana de Holanda.

    Gostaria assim só por curiosidade, saber o que o nosso triunfalista da cultura privatizada João Sayad acha desta questão.

  • Calvino, 30 de janeiro de 2011 @ 20:54 Reply

    Nossa ministra se contradiz no momento de usar o nosso ordenamente jurídico como base para suas posições frente ao CC e ao ECAD. Num momento é favorável à Constituição, noutro esquece que a mesma existe. Quanto ao CC comuns, a posição é perfeita, pois realmente nossa legislação é clara quando diz que cabe ao autor o direito exclusivo de fazer uso de sua obra da forma como bem entender. Mas quando diz que obrigatoriamente tem que se associar, joga nossa Constituição e o Direito Privado no lixo. A nossa Constituição é clara “ninguém é obrigado a se associar”. No mesmo sentido a nossa Lei de Direitos Autorais deixa claro que “a defesa dos direitos autorais independe de registro”. Lembro que o Direito Autoral é personalíssimo e privado e não um direito público, onde a única forma de recebê-lo é através de um escritório privado (ECAD). O autor pode a qualquer momento, independente de existência do ECAD, cobrar direitos autorais pela utilização de sua música. Se é trabalhoso ou não, isto é outra história, que em momento algum passa o monopólio para um escritório privado, obrigando o autor a associar se quizer receber aquilo que lhe é de direito.

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