A prefeitura de São Paulo anunciou na última terça-feira (28/1) o acordo que irá revitalizar o Cine Belas Artes, que passa a se chamar Cine Caixa Belas Artes. O novo nome é fruto da parceria da prefeitura com a Caixa, que patrocinará com cerca de R$ 2 milhões, nos próximos cinco anos, a reabertura e a manutenção do espaço.

O cinema estava fechado desde 2011, quando o contrato de renovação da parceria com o HSBC não obteve sucesso. Desde então, uma mobilização da sociedade civil esimulou setores públicos e privados à reabertura do local, solicitando o compromisso de políticos, intelectuais e pessoas públicas para um esforço coletivo de renovação do espaço.

Beto Gonçalves, coordenador do movimento Cine Belas Artes, garantiu que mais do que a reabertura do cinema, a conquista serve para mostrar que é necessário um maior envolvimento da sociedade civil com a cidade. “A volta do Belas Artes é um grande sinal para a cidade. A gente tem que se apropriar do espaço público. A gente tem que ir para as ruas, isso traz segurança para as pessoas, isso traz uma convivência entre a diversidade, que é uma grande marca de São Paulo”, defendeu.

Criação de público – Com a parceria público-privada, as partes envolvidas na negociação garantiram contrapartidas para a exploração da exibição cinematográfica no local. Entre elas estão: a garantia de um valor de ingresso 20% menor aos preços dos cinemas da Av. Paulista; a abertura de uma das salas para curadoria da SP Cine e exibição de conteúdo exclusivamente nacional; e trabalhadores terão também acesso a meia-entrada às segundas-feiras (confira abaixo a lista completa).

Outra ação com o objetivo de criar maior demanda de público para o espaço será a instauração de sessões mensais de cinema para alunos e professores de escolas públicas e privadas da cidade. “Estamos desenvolvendo o projeto ‘A escola vai ao cinema’ e vamos disponibilizar o Belas Artes para que os alunos possam desde cedo ter acesso à sétima arte, se habituar com essa atividade”, garantiu o secretário municipal de cultura Juca Ferreira.

Durante seu discurso, Ferreira respondeu a uma pergunta feita a ele antes da cerimônia: “E a periferia?”. O secretário garantiu que a reinauguração do espaço na área central da cidade não exclui o esforço da prefeitura nas regiões periféricas, e que o espaço estará aberto aos moradores de todos os lados da cidade. “Não é uma coisa ou outra. Estamos trabalhando com a ideia de que toda a população tem direito à cultura”, argumentou.

Fernando Haddad fez coro às palavras do secretário e anunciou medidas que já estão em andamento nesse sentido. “Nós estamos entregando este ano três teatros que vão ter sua reforma concluída em 2014: Paulo Eiró, Arthur de Azevedo e Flávio Império”, disse o prefeito.

CEUs – Ainda durante o evento, Haddad antecipou a volta da gestão tripartite para os CEUs de São Paulo, que passam a ser geridos de forma compartilhada. “No dia 4 de fevereiro eu assino, simbolicamente, o resgate da gestão compartilhada dos CEUs. Os 45 CEUs da cidade de São Paulo, mais os que nós construiremos este ano, voltarão a ser geridos de forma tripartite: Cultura, Esporte e Educação elaborando a programação conjunta em diálogo com as comunidades”, garantiu Haddad.

Abaixo, as principais contrapartidas de cada entidade envolvida na negociação para a reabertura do Cine Caixa Belas Artes:

Contrapartidas para o público geral
– Preço do ingresso cerca de 20% menor ao valor praticado na avenida Paulista;
– Preço de itens selecionados da bomboniére (pipoca e refrigerante) cerca de 10% menor ao valor praticado na Paulista;
– Meia-entrada para todos os trabalhadores às segundas-feiras;
– Garantia de diversidade cultural na programação, com exibição de filmes produzidos em diferentes países;
– Espaço com condições de acessibilidade para pessoas com deficiência física.

Contrapartidas Prefeitura de São Paulo/Secretaria Municipal de Cultura
– Sala com programação indicada pela SPCine (nova Empresa de Cinema e Audiovisual de São Paulo), voltada à exibição de filmes brasileiros (compartilhada com a CAIXA);
– Trailers de filmes indicados pela SP Cine em todas as sessões do cinema;
– Programa educativo com mínimo de 10 sessões mensais para professores e alunos da rede educacional, com monitoria e especial atenção à rede municipal e escolas de periferia. Os custos de deslocamento e alimentação serão garantidos pelo programador;
– Mecanismos de participação da sociedade e personalidades culturais para acompanhar e apoiar o fortalecimento do Cine Belas Artes.

Contrapartidas da CAIXA e clientes
– Naming Rights – cinema passa a se chamar “Cine CAIXA Belas Artes” e terá divulgação da marca CAIXA em espaços internos e em todas as sessões;
– Meia entrada para todos os clientes CAIXA que pagarem com cartão de débito (1 ingresso por cliente/sessão);
– 10% de desconto em itens selecionados da bomboniére (pipoca e refrigerante) para clientes CAIXA que pagarem com cartão de débito (válido para uma compra por cliente/sessão);
– Sala voltada à exibição de mostras promovidas pela CAIXA Cultural (compartilhada com a SPCine).

*Foto: Divulgação


contributor

Repórter do Cultura e Mercado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *