Reportagem do jornal O Estado de S. Paulo informa que foi protocolado no início da noite desta terça-feira (15/2), na Câmara dos Deputados, projeto de lei que permite a divulgação da imagem e informações biográficas de pessoas de notoriedade pública. Originalmente de autoria do então deputado Antonio Palocci (hoje ministro da Casa Civil), que obteve parecer favorável do relator José Eduardo Martins Cardozo (hoje ministro da Justiça), o projeto agora passa ter como autora a deputada Manuela D’Ávila (PC do B-RS).

Engavetado no final de janeiro, após três anos tramitando no Congresso Nacional, o projeto foi reapresentado pela deputada sem alteração no texto. Agora deve passar pelas Comissões de Educação e Cultura e de Constituição e Justiça da Câmara.

Existem muitos casos em que famílias e artistas ganham na Justiça o direito de impedir a publicação de livros de terceiros que abordem suas vidas, como foi o caso do livro “Roberto Carlos em Detalhes”, de Paulo César Araújo. Autores como Ruy Castro e Fernando Morais também já sofreram com isso. Segundo Manuela, da forma como vigora atualmente, o dispositivo ameaça a liberdade de expressão em outros níveis, como em um caderno especial de jornal ou em verbetes da Wikipedia com informações biográficas.

Para Palocci, a grande preocupação era ver histórias fundamentais para a sociedade se perderem. “Penso que é fundamental para a sociedade conhecer sua história. As biografias de pessoas de interesse público têm um papel muito importante nesse sentido. Afinal, a soma de cada uma das histórias dessas personagens, inclusive com suas diferentes e quase sempre visões conflitantes de mundo e dos fatos em si narrados, é que escreve a história de um povo e de uma nação”, afirmou.

Relator do projeto antigo, José Eduardo Cardozo defendeu que a modificação na lei se justificava para “melhor ponderar situações de conflito que ocorrem cotidianamente entre o direito à imagem e à privacidade de um lado e o direito à liberdade de informação e ao acesso à cultura”. Seu parecer diz ainda que “o interesse na realização da biografia de uma pessoa determinada não surge por acaso. Existe porque essa pessoa adquiriu certa notoriedade, porque suas atitudes durante a vida foram capazes de influenciar um grande número de indivíduos ou até mesmo modificar a política, a economia ou os costumes de uma época”.

*Com informações do Estadão.com


Jornalista, foi diretora de conteúdo e editora do Cultura e Mercado de 2011 a 2016.

2Comentários

  • IDA VICENZIA DIAS DE SOUZA, 20 de fevereiro de 2011 @ 12:39 Reply

    Prezados,

    estou tão esperançosa com a liberação da censura para biógrafos que tenho até medo de ser feliz.
    Talvez vocês já conheçam a minha história. Minha tese de doutorado sobre Cecília Meireles, premiada na Casa de Rui Barbosa e com auxílio/ editoração da FAPERJ foi proibida pelos herdeiros da mesma. Depois de sofrer muito, eis que voltam as esperanças de publicação da biografia de Cecília (autorizada por ela através de entrevistas e cartas que deixou). Eu andava tão desanimada que já não tinha estímulo para terminar a segunda que estou fazendo.
    O meu processo com os herdeiros foi surreal, como o foi o do jornalista Leite Junior com a viúva de Raul Seixas. Eles me trataram amigavelmente, deram entrevistas, passaram material, mas quando estava na reta de chegada proibiram. Não entendi nada.
    Estou torcendo que tudo dê certo, que a lei passe e que todos possamos ser felizes. Vocês devem saber que o ato de escrever sobre uma pessoa é um ato de amor.
    Abraços esperançosos,
    Ida Vicenzia

  • IDA VICENZIA DIAS DE SOUZA, 20 de fevereiro de 2011 @ 12:46 Reply

    Prezados amigos,

    o que é isso, moderação? escrevi muito, foi? É a emoção.

    Faço votos que tudo dê certo e que a lei liberando a censura que apavora os biógrafos (censura, vejam só!)passe no Congresso. Minha biografia sobre Cecília Meireles está ameaçada de processo. Vocês sabem, escrever sobre um artista é um ato de amor. Ando deprimida.

    Grande abraço!
    Ida Vicenzia

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