Nos Estados Unidos, fãs de bandas famosas gravam shows ao vivo, montam CDs inéditos e vendem no mercado ilegal de músicas. São os chamados bootlegsPor Sílvio Crespo
09/01/2003
Um novo de tipo de violação de direitos autorais está começando a se tornar popular nos Estados Unidos: os bootlegs, gravações não-autorizadas de shows ao vivo. Diferente da pirataria tradicional, em que álbuns oficialmente gravados são trocados ilegalmente, os bootlegs são gravações inéditas feitas por fãs, e que nunca foram lançadas pelas gravadoras.
Tráfico de músicas
A forma de troca dessas gravações ilegais também difere do comércio de CDs piratas e do compartilhamento que até agora vem sendo feito por sites como o Morpheus e Kazaa. Os bootlegs podem sim ser encontrados em lojas nos Estados Unidos, segundo notícia publicada no jornal The New York Times, por 20 ou 30 dólares. Mas a forma mais disseminada de troca se dá online, por meio de sites feito por fãs de uma banda (ou por alguém que esteja interessado nesse promissor mercado ilegal) ou ainda por e-mail.
O jornal The New York Times cita o caso de um ?traficante? de bootlegs que montou uma mala direta com 1,7 mil e-mails de fãs dos Rolling Stones. E outro que grava cerca de 90 discos por dia para vender.
Desafio para as gravadoras
Se já estava difícil para as gravadoras e os governos combaterem a pirataria comum de CDs, os bootlegs trazem um novo desafio: como impedir que cidadãos livres, em países que respeitam o direito à privacidade, troquem músicas por e-mail? Por outro lado, a prática de bootlegs pode não afetar muito a indústria fonográfica, pois, como se tratam de CDs inéditos, não fazem concorrência aos originais lançados pelas gravadoras.
Sem problema
O presidente da Associação da Indústria Fonográfica da América, Cary Sherman, parece não estar muito preocupado com esse novo tipo de prática. “O problema da pirataria [comum] é obviamente bem maior, tanto no mundo físico quanto no virtual, porque mais pessoas estão pirateando e trocando os discos oficiais, que são mais vendidos que os bootlegs“, explica Sherman ao The New Tork Times.
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