O Itaú Cultural, através do Painel de Dados do Observatório Itaú Cultural, divulgou dados de emprego e desemprego do 4º trimestre de 2020, em comparação a 2019, os quais indicam que a economia criativa perdeu 458 mil postos de trabalho no último trimestre de 2020 frente ao mesmo período do ano anterior, devido aos impactos da pandemia da Covid-19.
Postos para trabalhadores especializados na área da cultura, entre atividades artesanais, artes cênicas e visuais, cinema, música, fotografia, rádio e tv e museus e patrimônio sofreram o maior impacto, com queda de 18%. A perda na indústria criativa como um todo só não foi maior porque a área de Tecnologia da Informação aumentou em 24% os postos de trabalho para profissionais do setor.
De outubro a dezembro de 2019, havia 7.137.912 indivíduos trabalhando no segmento. Nos mesmos três últimos meses do ano seguinte, o número havia caído para 6.679.994, uma retração de 6,4%.
Essa perda só não foi maior porque no último trimestre de 2020 houve um aumento próximo a 115 mil trabalhadores em Tecnologia da Informação, um crescimento de 24% em relação a igual período do ano anterior. Isso se explica devido às restrições de circulação trazidas pela pandemia, que aumentaram a demanda e deram relevância aos serviços e plataformas online adotados por segmentos diversos da população.
A definição de trabalhador criativo, que norteia o levantamento do Observatório Itaú Cultural, se baseia no modelo de intensidade criativa de Hasan Bakhshi, Alan Freeman e Peter Higgs, calcado em cinco conceitos. Tem esse perfil aquele que atende a pelos menos quatro desses critérios: capacidade de resolver problemas ou atingir objetivos de maneira inovadora, com o emprego claro e frequente da criatividade; a sua tarefa não tem como ser realizada por máquinas; não repete nem uniformiza uma função, de modo a que o impacto no processo produtivo seja diferente a cada vez que atua, a depender do contexto da tarefa e das capacidades cognitivas por ela acionadas. Os outros dois conceitos são: a contribuição criativa desse trabalhador à cadeia de valor, atuando em qualquer setor que traz inovação e/ou criações, e a interpretação, não mera transformação do trabalho.
Com teatros, cinemas, museus, centros culturais e outros equipamentos operando em ritmo mais lento, os postos de trabalho na área da cultura (atividades artesanais, artes cênicas e artes visuais, cinema, música, fotografia, rádio e TV e museus e patrimônio) foram os mais afetados pela retração, com recuo de 18% no período analisado. No quarto trimestre de 2019 havia 773.962 postos de trabalho para profissionais de cultura no país. No final do quarto trimestre de 2020, o número havia baixado para 634.297.
Dos trabalhadores criativos especializados ligados à cultura, a queda maior foi nas ocupações de cinema, música, fotografia, rádio e TV, onde houve uma perda de mais de 95 mil postos de trabalho entre o final de 2019 e o final de 2020, representando uma taxa de queda de 30%.
A retração também foi acentuada no caso de trabalhadores de apoio à indústria criativa, caso, por exemplo, de um contador que presta serviços para empresas e pessoas físicas na área. A queda de postos, neste estrato, foi de quase 15%. No quarto trimestre de 2019 havia 2.540.624 trabalhadores atuando neste campo. No final de 2020, restaram 2.164.134.
O impacto foi mais acentuado nas ocupações relacionadas ao cinema, música, fotografia e tv, publicidade e design, totalizando uma queda de 33%, 23% e 20%, respectivamente, em números absolutos, publicidade foi a categoria a apresentar a maior queda, com menos cerca de 145 mil postos de trabalho no período.
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