Terminou neste domingo (8/4) o festival de música Lollapalooza. O evento, importado dos Estados Unidos, reuniu cerca de 140 mil pessoas durante os dois dias de festa.
Com ingressos a R$300 para cada dia (inteira, sem a taxa de conveniência) e um dos dias com bilhetes esgotados, o festival veio para consolidar uma constatação que já havia sido feita pelos produtores de show do país: o mercado de apresentações musicais no Brasil é muito rentável. De acordo com o jornal O Globo desta segunda-feira (9/4), os shows – nacionais e internacionais – geraram R$ 57 milhões em direitos autorais para compositores em 2011.
Segundo o Escritório Central de Arrecadação e Distribuição (Ecad), órgão responsável pelo recolhimento e pagamento de direitos musicais no Brasil, houve um aumento de 36,4% nesse tipo de arrecadação, em comparação com 2010. “Desde 2009, mais shows têm vindo ao Brasil. É uma soma de moeda forte e crise global que permite essa situação” afirmou Mario Sérgio Campos, gerente executivo de distribuição do Ecad.
Contabilizando todos os segmentos em que o escritório atua, como TVs, rádios e internet, o Ecad distribuiu R$ 411,8 milhões a 92.650 compositores em 2011. No caso dos shows, o órgão aponta a realização de grandes concertos como os de Paul McCartney, U2, Eric Clapton, Justin Bieber, Amy Winehouse, Pearl Jam, Britney Spears e do festival Rock in Rio como fator preponderante para justificar o crescimento.
A boa arrecadação de 2011 deve refletir na distribuição deste ano. O Ecad fecha os balanços e faz os pagamentos referentes a shows a cada três meses, o que significa que os direitos autorais referentes às apresentações do fim do ano passado só chegaram aos titulares neste ano.
Preço – Em outra matéria, o jornal O Globo enfatiza que o Rio de Janeiro tem os ingressos mais caros do mundo. A reportagem comparou os preços das apresentações do cantor Bob Dylan e das bandas Roxxette e Duran Duran na cidade com outros estados e países.
O resultado indicou que os cariocas são os que vão pagar mais caro para assistir a um show da turnê de Dylan, comparando as 26 apresentações que o cantor deve fazer pelo mundo. O valor da entrada inteira mais barata oferecida pelo Citibank Hall é de R$ 500. O preço, no entanto, é mais do que o dobro do que é cobrado dos fãs de Dylan em Brasília (R$ 240) e quase três vezes mais do que se paga em São Paulo (R$ 150).
Para ver o Roxxette no Rio, o público tem que desembolsar, pelo menos, R$ 150. No Credicard Hall de São Paulo, 48 horas antes, o ingresso sai por R$ 70, e, em Buenos Aires, em 24 de abril, R$ 62.
Especialistas ouvidos pelo Globo concluem que é assim que respinga na cultura os títulos que o Rio ostenta hoje em dia: o de ser a segunda cidade mais cara das Américas (segundo a consultoria britânica ECA International) e a 12ª do mundo (de acordo com pesquisa feita pela consultoria Mercer). É o preço de ser o coração artístico e cultural de um país em expansão.
“O Brasil é hoje um dos maiores mercados consumidores de shows no mundo” diz Pedro Seiler, um dos fundadores do sistema de crowdfundig Queremos. “Quando o empresário ou o agente de um músico internacional vê a oportunidade de fazer um show por aqui, aumenta na hora o valor dos cachês”, afirma.
Leonardo Ganem, diretor-geral da Geo Eventos, empresa responsável pela primeira edição do festival Lollapalooza no Brasil, chama a atenção para um segundo motivo. Segundo ele, a disputa acirrada entre as produtoras brasileiras para ver quem trará o artista, acaba elevando o preço final da contratação. “Com práticas menos canibais entre os produtores brasileiros, os cachês internacionais seriam menores, e as entradas, também”, afirmou.
O ingresso do próprio festival Lollapalooza, que reuniu 50 bandas em São Paulo no fim de semana, custou na edição chilena – que aconteceu no início deste mês com 62 bandas – o equivalente a R$ 170.
Ainda de acordo com o jornal, um dos maiores motivos para o alto preço dos ingressos em solo carioca é a meia-entrada. Garantido por lei para estudantes e idosos, o benefício chega a representar 90% das principais bilheterias da cidade.
Para ler a reportagem completa sobre o preço dos ingressos no Rio, clique aqui. A matéria sobre o uso da meia-entrada está disponível aqui.
*Com informações do jornal O Globo